Luna 107

570 70 25
                                    


Luna
107


Hoje acordei bem mais cedo do que o normal e com toda a ansiedade que não senti a semana inteira.

Na verdade, desde o dia em que a médica me disse que são dois bebês, eu só fiquei nervosa no dia.

Pensei um turbilhão de coisas ao mesmo tempo.

Como vou amamentar o dois?

Como vou parir os dois?

O que vou fazer se os dois chorarem ao mesmo tempo?

E se eu não der conta?

Esses foram os pensamentos que tomaram conta de mim assim que cheguei em casa, mas, consegui respirar e acalmar meus pensamentos.

Vou conseguir amamentar os dois, e fazer todo o resto.

Vai ser um desafio? Sim.
Se com um bebê não é fácil, com dois é que não é fácil mesmo.
Mas eu consigo fazer isso.

A minha realidade permite que eu tenha uma rede de apoio, posso ter uma babá ou um enfermeira em casa... Posso ter os dois, se caso eu precise.

Mas, vou fazer o que prometi aos meus pequenos, que é cuidar deles com tudo que tenho.

E falando neles, falta poucas horas pra descobrir quem é quem.
Até ontem eu tinha certeza de dois meninos, só que hoje sonhei com uma menina andando à cavalo.

Então, minha opinião mudou e agora sou time casalzinho de gêmeos.
Acho que é Maia e José Lucca.

Enfim, falta pouco para descobrir e acabar com toda essa ansiedade.
Não vejo a hora de começar a planejar o quarto dos meus gêmeos e comprar coisinhas de bebê.

— Deusa, me ajuda aqui com a camisa? Comprei essas duas e não sei com que tênis uso. — Ouvi a voz do Miguel vindo do closet e fui dar uma ajudinha à ele.

— Camisa de botão, com o tênis branco e troca a calça por favor. Veste aquela jeans clarinha que te dei. — Fui até ele e ajeitei o cabelo do mesmo, que estava bagunçado.

Ele me olhou sorrindo e me deu um selinho demorado.
Miguel segurou minha mão e me fez dar uma voltinha, que me arrancou uma risada.

— Você tá linda com essa barriguinha de gêmeos, amor. — Ele passou a mão na minha barriga. — Pensei que não poderia te ver mais gata, mas tu se superou.

— Vou ser a mamãe mais gata nas reuniões de escola. — Brinquei e ele concordou, me olhando com um sorriso de lado. — Tá me olhando assim por que?

— É que parece coisa de sonho. Você, nossa família, nossa casa... A gente começou tão incomum e olha só onde viemos parar? É foda o que a gente se permitiu viver e o que nos tornamos um para o outro. — Cada palavra dele mexeu comigo, me fazendo chorar de felicidade. — Não chora, odeio de ver chorar.

O Miguel sempre foi muito bom com as palavras, e eu sempre pensei que não seria capaz de me expressar como ele.
Mas, a gente se entende de outras formas.

Eu, que nunca gostei de toques, me acostumei a dar amor em abraços, beijando, tocando.
Descobri que essa é a minha linguagem.

— Você me falando essas coisas não tem como segurar o choro. — Me justifiquei e ele limpou meu rosto com cuidado, para não borrar minha maquiagem. — Eu te amo, José Miguel! Somos um casal perfeitamente incomum e é isso que nos faz encaixar tão bem.

Fiquei na ponta do pé, porque mesmo de salto o Miguel continua sendo bem mais alto que eu, e dei um beijo nele.

Meu homem abraçou minha cintura e me beijou na mesma intensidade, vez ou outra me apertando, mas finalizou o beijo dando uma mordida leve no meu lábio.

Incomum Onde histórias criam vida. Descubra agora