1. O plano

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"A ignorância é uma benção.", é o que Gendry ouve desde a infância, quando foi forçado a negligenciar seus estudos para trabalhar na pensão de seu tutor. Não que estudar faria realmente alguma diferença para um órfão que foi acolhido pelo dono de uma pensão falida que precisava de auxílio financeiro do governo. De qualquer forma, a escola pública não era de muito aprendizado quando passava a maior parte do tempo sem professores, livros ou energia elétrica. A única coisa que Gendry aprendeu foi como fazer uma dúzia de crianças parar de gritar com socos e isso o salvou de uma vida totalmente medíocre. Após se envolver em inúmeras brigas na escola e na pensão, o tutor de Gendry decidiu colocá-lo nas aulas de boxe comunitário, onde o seu talento foi imediatamente reconhecido.

Ele aprendeu a canalizar a raiva interna de uma vida cheia de infortúnios para o esporte e rapidamente se tornou campeão da liga juvenil, mas agora que é maior de idade precisará dedicar tempo e dinheiro se quiser ter uma carreira no boxe profissional. O problema é que seu tempo de treino é reduzido pois precisa trabalhar meio período na pensão e o dinheiro é escasso devido às dívidas que seu tutor acumula aos montes. Não há o que fazer quanto a isso, Gendry não quer que seus irmãos também abandonem os estudos, então segura as pontas até Louis e Lommy voltarem da escola, pois Mott não pode contratar funcionários e nem manter o lugar sozinho, é um péssimo administrador e passa a maior parte do tempo bebendo com seus "tios".

Neste exato momento, Gendry está sentado na recepção da Steel Corner observando Mott, Thoros e Anguy jogando baralho, com canecas de cerveja espalhadas pela mesa e Sandor praguejando de seu lugar empoleirado próximo à entrada principal. Esses velhos bêbados são sua companhia diária desde os oito anos, ganhando rugas e cabelos brancos ao longo dos anos, nenhum deles paga pelo que come ou bebe, não é de admirar que estejam à beira da falência. Gendry termina de contar o rendimento da manhã e tranca a caixa registradora, se deixar aberta Mott dará um jeito de gastar tudo em um piscar de olhos.

- Ei, Touro. - Sandor assobia da porta. - Um cara engomadinho acaba de estacionar.

- Merda. - Gendry soca o balcão. - Baelish está aqui.

- Urubu sarnento. - Mott joga as cartas na mesa. - Deixe-o entrar, Sandor.

- E quem disse que eu ia impedir? - Sandor solta uma risada abafada. - Meu salário está atrasado a meses.

- Assim como seu aluguel. - Gendry encara o homem de terno com um sorriso divertido. - Não precisa se mijar, Sandor não morde.

- O chamam de Cão, não é? - Baelish franze o rosto em uma careta. - Tobho Mott, o banco me enviou para lhe entregar esta notificação pessoalmente. - Ele põe alguns papéis na mesa, onde Mott continua sentado com uma caneca de cerveja na mão. - Uma pequena cortesia da nossa parte, imagino que não tenha recebido os outros.

- Recebi. - Mott amassa os papéis. - Estão no triturador, somos uma pousada ecológica e enviamos para a reciclagem.

- Escute, esta é sua última chance. - Baelish suspira. - Se não pagar o empréstimo virá um oficial de justiça.

- Ótimo, lhe serviremos uma cerveja. - Mott levanta e puxa Baelish pelo braço na direção da porta. - Agradecemos sua visita.

- São quatorze mil stars. - Baelish olha para Gendry por cima do ombro. - E os juros aumentam a cada dia.

- O capitalismo é uma merda. - Mott empurra o cobrador para fora da pensão e sinaliza para que Sandor barre a porta. - Tenha um bom dia!

- Estamos devendo quatorze mil stars?! - Gendry arregala os olhos em perplexidade. - Quando isso aconteceu?

- Tivemos um problema com o encanamento. - Mott tenta fugir da repreensão de Gendry. - Não se preocupe com isso.

- Não me preocupar?! - Gendry sai de trás do balcão e encara Mott furiosamente. - No nome de quem fez esse empréstimo?

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