2. O acordo

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Quando o alarme toca às seis da manhã, Arya pensa seriamente em desistir da chantagem e dormir por mais algumas horas. Não que se importe de acordar cedo, mas seus compromissos normalmente começam depois das nove. De qualquer forma, deu sua palavra de que estaria às sete horas em ponto na Steel Corner e irá manter o plano de levar os pais à loucura até receber o dinheiro para o Curso Preparatório. Trabalhar de funcionária em uma pensão na Fleam Bottom será um grande baque e vai ferir o ego de toda a família, não pode ser vencida pela preguiça. Dispensando a água quente para despertar, Arya tomou um rápido banho e saiu do banheiro penteando o cabelo com os dedos, mesmo que já estejam alcançando seus ombros e uma escova se faça necessária.

Seus cachos sempre enrolam naturalmente e está tão acostumada com o corte pixie que esquece de penteá-los de verdade, mas isso não parece tão importante para trabalhar na Fleam Bottom, as pessoas têm uma aparência bem mais desalinhada daquele lado da cidade. Tremendo de frio, ela pensa no que vestir que não seja simples demais para parecer uma pobre e nada elaborado demais para ser roubada. "Que pensamento horrível! Estou passando muito tempo com a Myrcella.", Arya se repreende e pega uma simples calça jeans e um confortável suéter cinza. É fácil ignorar as sandálias, sempre gostou de usar tênis e parece o mais adequado para um dia de trabalho. Também deixa de lado a bolsa que aquele recepcionista rude (e terrivelmente lindo) apontou e saiu do quarto sorrateiramente com uma mochila nos ombros.

- Arya? - A voz de Bran lhe diz que não foi tão silenciosa quanto pensava. - Para onde você está indo?

- Trabalhar. - Ela encara o rosto confuso do irmão. - E pode contar para o papai e mamãe.

- Onde exatamente é esse trabalho? - Bran segue Arya pelas escadas. - Pela última discussão com a mamãe, imagino que em algum lugar bem peculiar.

- Fleam Bottom.

- Desculpe, o que disse?

- Consegui um emprego em uma pensão na Fleam Bottom.

- Ok, vou trocar peculiar por insalubre. - Bran segura delicadamente a irmã pelo braço. - Arya, entendo que esteja lutando por seus objetivos, mas se colocar em perigo não é a forma correta de conseguir a poupança.

- Sabemos que a forma correta é ir para a Septum University cursar direito ou artes. - Arya revira os olhos. - Essa não sou eu, Bran.

- Não, você é a nossa lobinha. - Bran sorri gentilmente, como se fosse um dos mais velhos e não um garoto de dezesseis anos. - Só não é mais agressiva que a mordida do Rickon.

- Talvez sejamos adotados.

- Ou apenas tenham mais genes Stark do que Tully.

- É sério, Bran. - Arya é inundada pelo sentimento de inadequação que a envolve desde a infância. - Ser policial é importante para mim e vou fazer o que for preciso para conseguir o Curso Preparatório.

- Também sinto falta de Jon e tio Benjen, mas seguir os passos deles não vai trazê-los de volta.

- Não, mas me ajuda a pertencer a algo.

- Você pertence a esta família. - Bran puxa a irmã para um abraço. - Não seríamos a matilha Stark sem nossa lobinha.

- Obrigada. - Arya apoia o rosto no ombro do irmão, que a ultrapassou em altura há alguns anos. - Mas eu preciso encontrar meu próprio caminho sem depender do nosso sobrenome e com certeza sem a universidade.

- Só com a poupança, não é? - Bran bagunça os cabelos de Arya. - Gosto do seu cabelo comprido.

- Ainda não me acostumei a senti-lo no pescoço. - Arya tenta arrumar os cachos novamente. - Agora preciso ir, e não esqueça de...

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