Ruína

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Naruto ainda estava ofegante e assustado quando ouviu o barulho estrondoso vindo do lado de fora e, ao encarar Iruka pela primeira vez, viu uma expressão nele que nunca tinha visto: pavor.

— Ele está aqui... — pensou em voz alta, atraindo a atenção de seu tutor. Naruto não fazia ideia de como, mas podia sentir a presença do garoto de seus sonhos ali, podia ter certeza que era Sasuke do lado de fora, pousando naquela nave gigantesca que invadia seu quintal.

— Você precisa fugir! — Iruka foi até ele desesperado, arrancando-o da cama sem demora — Se lembra do atalho que te mostrei, não lembra? Tem que sair agora, eu vou distraí-los

— Por que? Por que tem uma nave aqui agora, quem são essas pessoas?

Naruto sabia que sonhava com o menino que era a Lua, mas não fazia a menor ideia de quem ele era, o que fazia, porque estava em seu quintal no meio de uma noite que parecia comum. Também não sabia porque Iruka parecia tão apavorado, mexendo em caixas antigas, fazendo e dizendo coisas estranhas. Quem ele distrairia? Como? Por que?

— Naruto, não temos tempo para perguntas agora — Iruka abriu a porta dos fundos e encarou seu pupilo por um último instante, com um olhar terno, como de um pai que se despede — Agora corra!

Apesar de não entender nada, Naruto obedeceu. Com olhos mareados e medo, ele começou a correr por entre o caminho escondido e escuro que saia de sua casa simples até um esconderijo abandonado a metros dali. Apesar de não entender, ele sentia. Sentia o medo, a tensão no ar; seu corpo arrepiava e era mais difícil respirar.

Enquanto corria podia ver no céu a máquina enorme que voava sobre sua casa. Parou um instante, sem pensar direito, pregando o olhar na figura misteriosa que surgia na porta daquela enorme nave. O Caçador imponente, com suas roupas escuras e o sabre iluminado brilhando em vermelho. Apenas ele.

Naruto sentiu-se consumido pelo medo, mas também pelo desejo de salvar seu melhor amigo. Mais que isso, Iruka era como um pai, alguém que o havia criado e cuidado desde sempre, ensinado tudo que ele sabia e guiado todos seus passos com fé e carinho; não podia abandoná-lo. Além disso, o que ele poderia fazer contra aquele ser assustador? Naruto preferiria morrer com ele do que ser covarde e deixá-lo para trás.

Por isso desobedeceu a ordem de Iruka e voltou. Correu com ainda mais pressa no caminho de volta, desesperado para alcançar seu mentor outra vez. Ofegante, sentia-se mais cansado a cada passo dado, como se a escuridão o consumisse mais conforme se aproximava daquele outro garoto. Não importava, sua família precisava dele.

Mas Naruto sentiu o corpo petrificar quando, já perto o suficiente para assistir a porta de casa, viu Iruka bravamente lutando contra o invasor. Com um sabre de luz. Azulado, feito os dos Jedi dos velhos tempos. Se questionou novamente o que acontecia. Iruka nunca tinha mencionado qualquer sabre daquele tipo, menos ainda que poderia lutar com um. Quem, o que ele era afinal? O que mais estava escondendo?

Naruto viu aquelas perguntas começarem a se acumular dentro de seu peito, mas não teve tempo de verbalizar nenhuma delas. Tudo que ele viu em seguida foi muito rápido. Em um único golpe forte e preciso, o sabre vermelho rasgou o peito de Iruka, fazendo-o cair no chão e sua arma rolar até perto dos pés do menino assustado que assistia tudo perto da porta.

Iruka estava morto.

Naruto não conseguia acreditar no que via, nada daquilo deveria ser real. Tentou se convencer de que era outro sonho, até ver os olhos brilhantes do algoz mirarem em sua direção, convencendo-o de que não, aquela era a realidade. Sentiu as pernas amolecerem e caiu de joelhos, alcançando com as mãos trêmulas o sabre perto dele. Com lágrimas brotando nos olhos e raiva tomando seu coração, pensou em vingança.

A Lua não era então seu complemento. Era seu oposto. Seu rival. Sua ruína. 

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