Capítulo 2

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Eu sinto a dor em todo meu corpo antes mesmo de abrir meus olhos.

É intensa e extensa, agonizante a ponto de me sentir zonza. Eu demoro a abrir meus olhos, e mesmo antes de completar essa tarefa, me perco na sensação de frio, de dor e de agonia.

A areia é macia, tem sensação boa, totalmente desfocada da situação atual. Estou de bruços, ergo o tronco lentamente, com calma, e sento finalmente. A praia é extensa e vazia, não tem nada, nada que eu consiga ver pelo menos. A escuridão é assustadora.

Demoro alguns minutos até conseguir me por de pé, e me desculpem ok?

Talvez eu esteja em choque. Eu acho que sim. Eu nem sei o que pensar, nem fazer, os pensamentos vêm aos poucos, e estou tentando me situar da melhor maneira, sem entrar em pânico total.

 Finalmente o vejo. Dante se movendo, ou melhor rastejando pela beira da praia, afim talvez de se afastar das ondas que quebram com violência. Inicio minha caminhada ao seu encontro, mas no primeiro passo, minha coordenação falha e eu vou ao chão.

Eu sabia que toda a dor não poderia ser causada só pelo incidente em si, me analisando com cuidado, percebo um corte na coxa. Não parece tão ruim, é profundo, aparentemente, mas não é extenso. Me levanto e com cuidado retomo meu caminho até Dante.

Graças a Deus. ele fala eufórico ao me ver. Sentado no chão, ainda sem se mover, ele me avalia, procurando possíveis ferimentos talvez.

Eu estou bem. vai ficar tudo bem, falo a mim mesma, ainda lerda e aturdida.

Puta merda, Mia sua perna.

Eu já dei uma olhada, não há nada com que se preocupar aqui. respondo tentando tranquilizá-lo.

— Você tá bem Dante? Sente alguma coisa? Tem algum sangramento aparente? pergunto finalmente voltando a mim, e o avaliando com calma.

— Só um pouco zonzo, não se preocupe. ele responde gemendo um pouco ao se erguer.

Tentamos manter a calma, o máximo que conseguimos, afinal não tinha muitas explicações, era uma e a gente sabia. A lancha foi para o pau, nem sinal dela até onde conseguíamos ver. Também não tínhamos muitas coisas em mãos, as roupas que usávamos não eram as melhores para a situação. Eu vestia um vestido leve, que agora estava molhado e sujo, Dante vestia shorts e uma camiseta simples, totalmente encharcado como eu.

Não havia sinal de James, nem resquícios de bagagem, talvez houvesse alguma coisa ao longo da praia, mas só saberíamos quando o sol voltasse ao céu.

Entao, ciente da situação, cansados, feridos e talvez um pouquinho ainda em choque, nos deitamos na praia mais uma vez, e apagamos. 

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