Essa era sempre a última lembrança que eu tinha, porque fomos encontrados a exatos quatro dias, essa loucura toda se passava na minha cabeça por horas, era tudo o que eu pensava, o dia todo, a todo momento. Saí do hospital há algumas horas, estava na nossa casa, mais precisamente na banheira, repassando tudo na minha cabeça, um milhão de vezes.
Como eu falei em algum momento la atrás, eu sabia que nos encontrariam, e foi isso que aconteceu. Eles iniciaram as buscas, mas eram muitas ilhas e tínhamos nos afastado um bocado da costa. James apareceu na praia no sexto dia, populares o encontraram.
Eles nos acharam após doze dias, eu desmaie, em algum momento e não lembro do resgate, aliás alguns dias são só borrões.
Ainda aqui, na banheira de casa, da nossa casa, eu olho pra Dante na porta e me recuso a acreditar na ilusão. Porque quando acordei no hospital, perguntei por ele. O silêncio daquele momento me dá arrepios até agora.
De acordo com eles, Dante morreu entre o terceiro e quarto dia, hemorragia grave. Me encontram sorrindo agarrada ao seu corpo, denutrida e desidratada
Eu pedi que parassem com a brincadeira, porque ele cuidou de mim, esse tempo todo, eu o via sorrir e conversar comigo, ele me alimentou porra.
Disseram que o trauma e toda a situação tinham me feito, ver isso, que eu provavelmente agi sozinha e me agarrei a ilusão de que ele estaria ali comigo.
E eu realmente me recuso a acreditar em tudo isso, me recusei quando reconheci, seu corpo frio. Me recuso agora, enquanto o vejo sorrir pra mim.
Eu o olho uma última vez antes de ir encontrá-lo, eu sorrio pra ele. O seu sorriso é a última coisa que vejo. Antes de afundar na banheira uma última vez.