Sou o cara pra você | Jaywon

04

Jay

Andar de carro com Heeseung é a pior experiência. Como uma criança, não fica parado um segundo, me fazendo suspirar várias vezes. Sabendo que ele vai beber até demais, aceitei dar carona.
Chegamos no portão e já dá para ver o aglomerado. Me separo de Hee e entro na frente, enquanto ele fala com algum conhecido.
Pego um copo e vou apenas andando e olhando em volta, quando esbarro em alguém.

— Merda! - exclama e depois percebe que estou o encarando. — Desculpa!
— Anda estressado, Hoon? - ele está limpando a blusa.
— Com você, sempre.
— Calma cara, curte a festa. - dou dois tapinhas em seu braço.

Sorrio e vejo Jake vindo salvar o namoradinho. Poderiam ganhar o prêmio de melhor casal. Viro mais um pouco de bebida e me sento na poltrona. Foram espalhadas algumas pelo campus.
A visão de uma festa universitária não é uma das melhores. Pessoas dançando, se beijando e fedendo a álcool. Uma menina, que suspeito ser do meu curso, senta ao meu lado e começa a falar. Não estou entendendo nada, então levanto quando ela ameaça segurar o meu braço. Odeio bêbados sem noção.
Vou até os aperitivos e sinto um empurrão. Estou prestes a perguntar se todos perderam a capacidade de ficar em pé, quando vejo um rosto familiar.

— Meu Deus, desculpa!
— Xadrezinho, você veio. - ele me olha com o rosto vermelho. - Não é melhor parar?
— Nada, esse é o terceiro copo. Ficou bonito, hein.
— Sempre estou! E você está mais atraente do que o normal. - recebo uma piscada e a retribuo.

Estou colocando o copo na mesa, quando me assusto com Jungwon segurando meu pulso e me carregando no meio da multidão até o corredor que está menos movimentado. Ainda estou confuso, mas me perco quando ele umedece os lábios com a língua. Com o olhar fixo no meu, se aproxima fazendo com que eu sinta seu perfume.

— Acho que você é fraco para bebida. Já está ficando tonto. - ele revira os olhos.
— Sua boca faz algo além de ficar reclamando?
— Só provando para saber.

Ele rodeia meu pescoço com os braços, e me empurra até que minhas costas se apoiem na parede. Chego mais perto de seu rosto, fazendo-o sorrir. Abraço sua cintura e o beijo. Macia e pequena, sua boca é tão gostosa que poderia senti-lá por horas. Levo minha mão até sua nuca e o trago para mais perto.
Com uma pausa para respirarmos, Won inclina a cabeça, e com um impulso, passa as pernas pelo meu quadril. Pego sua perna, e sustento com as mãos.

— Vou ter que provar de novo.
— Que pena! - o seguro com mais força e procuro seus lábios novamente.

Com mais calma, posso sentir seu hidratante passando para minha boca. Sua língua encosta na minha, enquanto seus dedos deslizam pelo meu cabelo.
Aos poucos, o beijo vai acalmando e ele volta a ficar de pé. Ofegante, me afasto dando uma leve mordida em seu lábio inferior.

— Fiz mais do que reclamar? - ele ri, mostrando as covinhas.
— Tirarei minhas conclusões.

Voltamos e ele segue em outra direção, avisando que procuraria o amigo. Imagino que seja o ruivinho, então faço o mesmo, indo atrás de Heeseung. O encontro dando em cima de uma garota nova.

— Hee. - ele vira e me olha.
— Jay. Sua boca 'tá brilhando. Curtiu mesmo.
— Fica quieto. Vim avisar que cancelei o papel de motorista.
— Por que, irmão? Como eu volto?
— Se vira.

Ando até o carro e pego a chave no bolso. Paro na entrada da faculdade, e para minha sorte, Jungwon está saindo. Buzino e ele procura o som até seu olhar encontrar o meu. Está tentando enxergar quando aceno e o chamo.

— Quer uma carona?
— Aceito. - suas covinhas aparecem novamente.
— E seu amigo?
— Meio ocupado. - rimos e ele se senta no banco.

Fico esperando que ele me guie pelas ruas, mas isso não acontece. Estou apenas dirigindo em círculos, enquanto conversamos e deixamos as músicas rolarem.

— Você mora longe? - o olho confuso.
— Não. Algum interesse? - ele levanta os ombros, deixando a resposta em branco.

As aparências realmente enganam. Nunca imaginei que o Jungwon, com esse rostinho, fosse assim. Sigo no caminho para minha casa, torcendo para não encontrar ninguém.
Estaciono e saio primeiro para abrir a porta. Por precaução, olho em volta, mas não vejo nenhuma movimentação.
Deixo o sapato de lado, e indico que ele pode fazer o mesmo. Vou até a cozinha e tiro o vinho e as taças do armário.

— Uma rodada a sós? - ele finge parar para pensar.
— Por que não?

Sento no sofá, abro a garrafa, e sirvo um pouco para nós dois. Ele parece estar analisando o tamanho do cômodo.
Não sei o que fazer. Todas as vezes que trouxe alguém aqui, já passávamos pela porta direto para a cama, e a pessoa ia embora logo depois. No caso, eu mesmo que expulsava. Mas com Won, não quero agir sem que ele dê o primeiro passo.
Ligo a tv para amenizar minha tensão.

— Não sei suas intenções sentado no meu sofá. - falo e ele quase se engasga rindo. — Então vou colocar alguma coisa aqui.
— Não sabe? - coloca a taça em cima da mesa e me olha. — Logo você, com fama de pegador.
— Mal chegou e já 'tá sabendo? Que atualizado. - o encaro e ele desvia o olhar.

Ouvindo sua respiração, percebo que ele se aproximou. Posso sentir sua perna encostando na minha. Tiro o foco da televisão e o olho.
Deixo o controle de lado e seguro sua cintura. Passando a mão pelo meu braço, ele me puxa, fazendo com que meu corpo caia por cima dele.
Seus olhos estão direcionados para minha boca. Tenho consciência de onde isso vai dar.