Jay
— Aonde? - Heeseung quase berra no telefone.
— Em uma floricultura. 'Tá surdo?
— Queria estar. O que raios você 'tá fazendo aí?
— Comprando flores para seu enterro. Óbvio que é um buquê.
— Jay, você enlouqueceu.Desligo e continuo escolhendo. Se o que falam sobre mim está afetando na decisão de Jungwon, vou mostrar que não é bem assim que eu sou.
[...]
Sendo uma sexta feira movimentada, enfrento uma multidão para encontrar Heeseung no bar. O barulho está divido entre a música alta e pessoas falando. Estamos na mesa da calçada, mas ainda me incomodo com tanta gente.
Olhando para o outro lado da rua, fico surpreso ao ver Jungwon e o branco azedo juntos. Won aparenta estar falando sozinho. Nem para conversar aquele menino serve.
Está ventando um pouco, com o típico cheiro do mar. Acho que os melhores comércios ficam perto da orla.
Hee termina o segundo copo, e antes que peça o terceiro, eu impeço. Não estou afim de ficar cuidando dele bêbado. É muito vergonho por sinal.
Com a cabeça em outro lugar, volto quando Heeseung questiona sobre algo.— Não entendi o papo dela. O pai aqui gostoso desse jeito. - ele passa a mão pelo peito.
— Quem?
— Oi?
— Te perguntou.
— Corta aqui! - ele junta os indicadores enquanto eu rio.Com ele não tem outro jeito, é o famoso ditado "bater palma para maluco dançar". Se você não entrar na onda, acaba enlouquecendo com tanta informação inútil que sai da boca dele.
Uma mudança repentina na música chama minha atenção. Quando percebo a melodia de "Tempo perdido" da Legião urbana, meus dedos automaticamente entram no ritmo enquanto batem na mesa.
Cantarolando a música, levanto o olhar enquanto Heeseung cambaleia até o banheiro.
Olho para o lado e minha atenção se volta para Won novamente. Mas dessa vez o cenário mudou. Ele parece um pouco envergonhado, e Nicholas fala sem parar.
Nunca aprendi a ler lábios, porém a boca de Jungwon foi bem clara: "Agora não.", com um semblante sério e as mãos inquietas.
Quando o branco azedo o puxa pelo pulso, acabo dando um impulso na cadeira e me levantando. Eu poderia apenas ser humilhado e lembrado que tudo isso não tinha a ver comigo, mas não conseguia ficar só assistindo.
Verifico ambos os lados da rua antes de atravessar, encarando cada vez mais os toques indesejados.
Assim que me aproximo, Won se levanta, facilitando o meu trabalho.— Won!
— Jay? - ele está me olhando de forma confusa, mas não fez questão de se afastar quando o abracei.
— Ah, oi! Tudo bem? - me refiro a Nicholas enquanto coloco delicadamente minha mão na cintura de Jungwon. — Podemos conversar rapidinho?Em nenhum momento tive uma reprovação vinda dele. Parecia ter entendido minha intenção, ou apenas estava aproveitando para se livrar de toda aquela situação.
Caminhamos até a esquina, onde ele, pela primeira vez, me encarou.— O que houve?
— Nada. - Won inclina a cabeça de uma forma fofa. — Eu estava no bar em frente, e achei uma boa te salvar daquele sem noção.Ele abaixou a cabeça, e continuou olhando para o chão por algum tempo. Não conseguia entender sua expressão.
— Sei que não tinha a ver comigo... - sou interrompido ao receber um abraço.
Com a cabeça apoiada no meu ombro, e as mãos pela minha cintura, sinto como se tivesse se jogado em cima de mim. Retribuo fazendo um leve carinho no seu cabelo.
Eu achei que ia finalmente ferrar todas as minhas chances de ter algo com Won, mas me parece o contrário.
Ele se afasta depois de um tempo e esconde o rosto.— Que vergonha! - sorrio e pego em sua mão.
— Pelo quê?
— Essa cena toda. - ele funga. — E ainda ter te agarrado desse jeito. - rimos juntos e percebo o quanto o brilho de seus olhos aumentou, provavelmente por causa das lágrimas.Pisco para ele, o fazendo revirar os olhos e soltar uma risada, que por sinal, me deixa sem jeito. Sempre recorro ao lado bobão para não demonstrar que estou o admirando.
Quando me preocupo com Heeseung, o vejo saindo do bar com a nova menina que conheceu. Ele sempre sabe a hora certa de ir embora.— Vamos, eu te levo. - pego em seu pulso e ele me acompanha.
No caminho até o carro, decidimos ir até minha casa. Não sei se Won tem algum problemas com seu apartamento, mas não é o melhor momento pra questionar.
O trajeto foi em completo silêncio. Volto a escutar sua voz quando passamos pela porta de entrada.— Sua casa parece maior do que da primeira vez.
— Agora você está sóbrio. - ironizo enquanto pego a garrafa d'água na geladeira.
— E com todo respeito, você está menos atraente. - ele me mostra a língua, e eu levo a mão até o peito.
— Me senti ofendido.Sentamos lado a lado no balcão e então lhe dou abertura para falar sobre o que aconteceu mais cedo com Nicholas.
Sua história começou desde quando se conheceram. Não é muito do meu interesse, mas tento ser compreensivo concordando com a cabeça.— Tem um certo tempo que tento dar uma chance 'pra ele. - não escondo minha desaprovação, fazendo Jungwon rir. - Mas eu não consigo me sentir bem. Aí deu no que deu.
— Ele te beija, você diz que não quer mais, e o chocolate branco surta? Me parece bem convencional mesmo.Won tenta engolir a água que já estava na boca, mas a risada não deixa. Enquanto ele luta com o fato de cuspir, olho pela janela e acabo sussurrando um "merda" ao ver meu pai estacionando o carro. Não tinha uma hora pior para isso.
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Sou o cara pra você | Jaywon
RomanceComo o ditado "os opostos se atraem", Jungwon, um doce jovem que sai de sua cidade natal para fazer faculdade, se vê entrando no mundo de Jay, conhecido como pegador e mais nada.