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Jungwon

Não consigo ter outra reação além de manter a boca aberta. Me sinto até deslocado em entrar em um lugar tão chique com a roupa que estou. Queria muito que Jay me avisasse sobre, já que eu não viria aqui nem no meu dia mais rico.

— Jay, você é doido? - digo em um misto de surpresa e alegria. — Olha aquele garçom! A roupa dele deve pagar meu aluguel. - ele começa a rir muito alto antes de tentar falar.
— O primeiro encontro com quem me rejeitou tinha que ser à altura né. - reviro os olhos.
— Você sabe que não foi bem assim.

Conversamos mais um tempo sobre a grandeza desse lugar, antes de fazermos os pedidos. Fico totalmente perdido ao ver que não conhecia os pratos. Jay tenta me guiar, e acabo optando por pedir o mesmo que ele. Garantia é sempre bom.
Olho em volta e fico surpreso ao ver Jake bem distante da nossa mesa. Nunca pensei que veria alguém da faculdade em um restaurante desses. Sem querer julgar a condição financeira de ninguém.

— De verdade, esse deve ser o melhor jantar que eu já tive. - vejo Jay corar. — Não só pela comida.
— Sei que minha companhia é boa. - rimos e ele passa a mão no cabelo, como sempre faz quando está falando. — Mas vamos assumir que a comida fez o maior trabalho.
— Talvez. - sorrio e por algum motivo, Jay paralisa. — Onde é o banheiro? Não quero me perder no meio do caminho.

Ele sai do transe que meu sorriso o colocou, e tenta me dar uma direção. Levanto e sigo pelo corredor de mesas até o outro lado.
Tropeço e esbarro em alguém. Peço desculpas, mas reconheço ao levantar o olhar.

— Jungwon! Nossa, que coincidência. - Jake me abraça. — Veio sozinho? - evito a última pergunta e só continuo o diálogo.
— Eu pensei ter te visto quando cheguei, mas achei que fosse coisa minha. - penso sobre o dia de hoje. — Nada, vim com o Jay.

Ele não tenta esconder o olhar de desaprovação, mas também não comenta nada desconfortável. Até porque, não somos tão próximos ao ponto de se intrometer em assuntos pessoais.

— Faz tempo que não te vejo no curso. Fugiu?
— Fiquei enrolado com prova e trabalho. Nem parava no corredor.

Em meio a conversa, lembro que iria no banheiro, então tento me despedir, mas Jake diz que iria também. Cariocas não devem entender quando se quer encerrar um assunto.
Depois de uma situação constrangedora, voltamos para o mesmo lugar de antes, enquanto faço de tudo para ele perceber que quero ir embora.

— Realmente, foi um saco. Mas tirando isso.. - sinto uma mão em minha cintura, fazendo com que eu não terminasse de falar.
— Oi Jake! - Jay o comprimenta da forma mais sarcástica que eu já vi.

O encaro tentando saber o porquê de ele ter vindo até aqui. Talvez pela demora, ou talvez por Jake?

— Oi Jay! Bom te ver! Agora eu vou voltar que tem gente me esperando. - sorrio e suspiro de alívio, voltando para a mesa.
— Agora está com pressa?
— Quem disse que não estava antes?
— Sua conversa interminável com nosso amiguinho ali. - ele aponta discretamente para Jake.

Rio incrédulo. Tento passar, mas Jay segura minha mão, me levando até o corredor menos movimentado.

— Vai me dizer que já está com ciúmes? - provoco, antes de estalar a língua no céu da boca como bronca.
— Só não sabia que eram próximos assim. "Jungwon" - ele imita Jake com uma voz extremamente fina, enquanto me abraça falsamente.
— Você para. - rimos, até Jay beijar meu pescoço, fazendo eu engolir em seco. — Você para.

Ele ri quando repito a frase. O olhar de Jay já me diz muita coisa, então não preciso de afirmações verbais. Usando a mão na cintura para me levar até ele, distribui beijos do canto dos meus lábios até minha mandíbula. Ofegante, o encaro.

— Só vai ter o principal, quando eu esquecer as gracinhas do bonitão lá. - umedecendo os lábios, o puxo pelo casaco.
— Amor, possessivo uma hora dessas?

Deixo um beijo em sua bochecha e volto, andando em direção ao meu destino desde o início, nossa mesa. Olho para trás e vejo Jay parado como uma criança perdida. Sorrio e sento na cadeira.

— Repete! - ele aparece atrás de mim, sentando ao meu lado.
— O que?
— Repete o que você falou antes.
— O que eu falei, Jay? Vamos pedir sobremesa? - tento conter a risada, enquanto ele me encara como um cachorro pidão.
— Jay? Poxa, não conheço. Mas conheço a pessoa de antes. - abro o cardápio, ainda podendo ver seus olhos por cima dele. — Vai ter que me chamar assim de novo mais tarde.
— Jay! - finjo bater com o menu em seu braço.

Assim como a comida, o doce estava maravilhoso. Não conseguia nem lembrar o nome para pedir ao garçom, mas anotei no celular. Vai que algum dia, eu pense em comer novamente.
Saindo do restaurante, Jay pede para eu esperar enquanto ele vai até o carro. Não sei se meu coração aguenta mais surpresas por hoje. Posso dizer com certeza que foi um dia escolhido a dedo.
Mais cedo, finalmente respondi minha mãe, e percebi que minha paranóia sobre ela querer me controlar aqui era totalmente na minha cabeça. Mesmo que eu ainda pense sobre isso as vezes, não preciso de mais problemas me rondando.
E para finalizar tudo, vejo um buquê em sua mão. Tão parecido com o que o mesmo deixou na portaria do meu prédio.

— Jay, eu nem sei o que falar. Se seu plano era fazer bonito, você fez e muito. - rimos, enquanto ele me beija.
— Tinha que fazer. E pensando bem... - apoio meus braços em seu pescoço, enquanto o mesmo, me rodeia pelo tronco. — Sou mesmo o cara pra você.
— Acho que vou ter que concordar.

Levo meus lábios até os dele novamente. Quando pensaria que o beijar se tornou a melhor coisa que eu posso fazer. Poderia realmente viver isso o dia inteiro. Não me cansaria de sua boca macia e nem mesmo de seus dedos andando sobre minha nuca.

— Agora, vamos pra casa. Não esqueci o que falei antes, amor. - caio na gargalhada com sua expressão, e o acompanho até o carro.
— Até que não é tão ruim. Amor.
— De novo!
— Jay...
— Ok, parei. - ele reclama, enquanto ainda sorrio olhando para o mesmo.

Sou o cara pra você | JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora