Extra 1

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Callum:

Dois anos. Já se passaram dois anos desde que a Rayla se foi. Era noite, eu estava no escritório do Alto Mago de Katolis (ou seja, no meu escritório). A minha festa de aniversário já tinha acabado, e amanhã seria o festival que Ezran organizou com a Rainha Dragão e o Zym.

Após terminar de escrever no livro antigo que acabara de receber, uma Macaca da Lua apareceu do nada e roubou meu cubo mágico.

- Pegue aquela... Macaca? - disse, surpreso e confuso.

Após revirar todo o escritório em busca do animal, desisti. De repente, uma menina elfa de dois anos estava na minha frente, segurando a macaca, e a Macaca estava com meu cubo.

- Ei, menininha, quem é você e como entrou aqui? - perguntei.

Olhando melhor, a bebê se parecia com a Rayla, não, ela era uma cópia da Rayla, pele roxa meio rosada, olhos violeta e cabelo branco.

A menininha olhou para trás de mim, sorriu e disse:

- Mamãe.

- Sarai, meu amor, o que eu te disse sobre sair correndo na minha frente? - a voz atrás de mim disse. Aquela voz. Não podia ser, era impossível.

A menininha correu para o colo da mulher atrás de mim. Quando me virei, vi Rayla.

- Oi... Callum - Rayla falou, olhando para mim enquanto segurava a bebê.

Eu tinha tantas perguntas. Quem era a bebê? O que Rayla está fazendo aqui? Ela é mãe daquela bebê? Ela tem outro cara? Por que ela me abandonou?

Eram tantas perguntas que só consegui me virar para minha mesa e ignorá-la.

- Quanto tempo, né? - ela disse, puxando assunto.

- É, muito tempo - falei frio e sem emoção.

- Então, Callum, eu qu-

- Rayla, estou cansado, preciso ir dormir - eu não estava cansado, eu só queria uma desculpa para não falar com ela.

- O quê? Mas... Callum - ela tentou falar, mas parecia tão irritada e surpresa que se embaralhou nas palavras.

Cobri o espelho e estava prestes a sair quando Rayla me segurou irritada.

- Callum, precisamos conversar.

- Rayla, estou cansado.

- Callum, pelo amor de qualquer Deus que exista em Xadia ou nos Reinos Humanos, por favor.

- Certo então, vamos conversar - eu disse sem paciência. - Então? O que você quer conversar? - disse, indo direto para o espelho mágico e cobrindo-o.

- Qualquer coisa, na verdade - ela disse sem jeito.

Ela está brincando, certo? Ela some por dois anos, me abandona e volta como se nada tivesse acontecido.

- Então, por que você voltou? Deve ter encontrado o Viren, né?

- Bem... na verdade... eu não encontrei.

- Ah, então some por dois anos e no final foi tudo em vão? - gritei, sem paciência.

De repente, ouvi o choro de um bebê. Agora que eu lembrei que a Rayla tinha voltado com um bebê.

- Rayla, pelo amor dos deuses, quem é essa criança? - apontei para a bebê que chorava.

Rayla me ignorou, acalmou a criança, e quando a menina ficou mais calma, respirou fundo e olhou para mim.

- Callum... esta é Sarai, minha filha... nossa filha.

Naquele momento, fiquei paralisado de surpresa. Eu era pai? Eu tinha uma filha?

Aquela foi a gota d'água. Além de sumir por dois anos, ela ainda sumiu estando grávida. Grávida da nossa filha.

Suspirei fundo, fui até Rayla, peguei Sarai dos braços dela, coloquei um tapa-ouvido na bebê e a coloquei no sofá.

- Qual é o seu problema? - gritei, irritado.

- Meu problema? - ela falou com tremor na voz.

- Some por dois anos, volta e me conta que estava grávida.

- Callum... eu só queria te proteger.

- Proteger? Rayla, eu não sou um bebê.

- MEUS PAIS E O RUNAAN TAMBÉM NÃO ERAM BEBÊS QUANDO FORAM MORTOS PELO VIREN - ela falou, estressada e chorando.

Fiquei quieto. Rayla já tinha me contado sobre seus pais e Runaan, como ela odiava inicialmente, mas depois admirava.

- Eu não deveria ter voltado - disse, indo em direção ao sofá para pegar Sarai.

- Sério? Vai fugir de novo? - disse com raiva.

- O que você quer que eu faça, Callum? Me diz que eu faço. - disse, sem paciência.

- Eu não sei, Rayla, mas eu não quero que você vá embora.

Ela ficou surpresa, sorriu e disse:

- E se a gente sentar aqui e só... não conversar? - sugeriu.

- Tudo bem para mim - concordei.

E ali, naquele escritório, estava, eu, minha ex-namorada e minha filha que estava adormecida no meu colo.

E aos poucos eu também adormeci.

Meu Presente DivinoOnde histórias criam vida. Descubra agora