Local: Agrupamento 1 - Capital C
5 dias pro alistamento
Hana Yamamoto povA neve começou a cair na madrugada, fazendo com que pela manhã a maioria das casas já estivesse cobertas por uma camada espessa de neve.
Eram exatas 9:35 da manhã quando eu finalmente acordei e decidi sair do meu quarto, me encontrando para meu azar com um homem apenas de cueca em nossa sala de estar.
— Bom dia, desculpa pelo incômodo, eu já estou de saída - O homem tinha cabelo preto ralo, e era alto.
Ele apenas apanhou um monte de roupas e saiu pela porta dos fundos, enquanto eu o seguia com o olhar.
Eu podia muito bem ignorar e tomar o café da manhã normalmente, era só mais um dos amantes que minha mãe trazia para casa no final das contas, mas eu estava farta de toda aquela idiotice dela.
Pisei forte até a porta do quarto da minha mãe, peguei fortemente na maçaneta e comecei a sacudir a porta com todas minhas forças, até que outra mão do outro lado abre a porta em um ato de fúria.
Minha mãe estava do mesmo jeito deprimente de sempre, sua pele não havia ruga alguma por ser uma mulher bem vaidosa, seus cabelos geralmente sedosos estavam levemente bagunçados, as olheiras em seus olhos eram leves, mas ainda poderiam ser vistas, e o odor do álcool que ela ingere diariamente impregnou meu nariz no momento em que ela abriu a porta.
Quem não conhecia minha mãe por aí diria que ela tem menos da metade de sua idade, e não teria nenhum filho, seria apenas mais uma mulher desempregada na escala dos 20 que se vendia por aí, mesmo ela tendo dois.
Não me orgulhava nem um pouco naquele momento de agir como uma "garotinha mimada", mas aquela mulher precisava, e muito, ouvir umas boas verdades.
— Que porra você quer Hana? - Ela aumentava o tom de voz à cada palavra - Minha cabeça já está doendo, não me basta você sair e voltar tarde e nem vir falar comigo, agora que fazer birra, caralho!?
Continuei encarando ela com desgosto, antes que pudesse falar qualquer coisa meu irmão abriu a porta do próprio quarto e foi rapidamente em nossa direção.
— São nove da manhã, por favor...
— Que bom que chegou, yuto - Minha mãe apenas o encarou como se fosse mais um qualquer - Já que está aqui, aproveita para fazer a porra da sua irmã parar de encher a merda do saco e me deixar dormir.
— Hana, tá tudo bem? - Ele a ignora se aproximando de mim e eu pronuncio um sim com os lábios.
Então, minha mãe, por motivo nenhum, afasta ele de mim com um empurrão e avança para cima.
— Se for me acordar, pelo menos fala o que quer, você não é mais um bebezinho Hana.
— Quer saber mãe? Eu tô exausta, EXAUSTA! Eu soletro para você se quiser, me sinto completamente esgotada, porque enquanto eu e o yuto trabalhamos para caralho tentando manter essa família quebrada, você fica se enchendo de álcool e trazendo esses homens para casa envés de arranjar um emprego!
— Pelo menos eu sou a única que está tentando superar a morte daquele homem nessa merda! - Ela ri zombando de mim - ELE TÁ MORTO PORRA! Vocês só sabem chorar sobre aquele idiota inútil que nem soube sobreviver em campo, A-p-e-n-a-s.
Ela se inclina até um armário próximo e alcança mais uma garrafa de soju, que yuto tira rapidamente de sua mão.
— Chega mãe...
— QUER SABER SENHORITA "ELE JÁ TA MORTO"? SE NÃO FOSSE POR ESSE SEU EGOÍSMO DE BOSTA, ESTARÍAMOS ESTÁVEIS LÁ NA CAPITAL A! - Pauso por alguns segundos para respirar - MAS ME PARECE QUE VOCÊ É TÃO ESCROTA QUE NÃO SOUBE FAZER ECONOMIAS PARA SUSTENTAR SEUS PRÓPRIOS FILHOS!
— QUER COMPETIR BURRICE AGORA? - Ela literalmente cospe em minha cara - Posso até ser burra, mas não sou eu que vai entregar todo dia flores a um cadáver, achou mesmo que eu não sabia? A vizinhança inteira fala comigo.
— Você não tem a porra do direito de falar do meu pai...
— HA! Sim, sim, quer saber? Deveria muito bem ter traído seu pai, mas continuei com ele para cuidar de vocês, seus dois merdas!
Meus olhos marejavam, minha cabeça já doía pelo estresse e eu estava raciocinando pessimamente. Quando me dei por mim, já havia deixado uma marca em seu rosto após o forte tapa que dei na mesma.
— SUA PUTINHA! - Minha mãe tentou avançar para cima de mim, mas yuto a segurou. Ela se debateu até conseguir alcançar uma faca e enfiá-la em meu ombro esquerdo.
Eu gemi de dor enquanto meus olhos se enchiam de lagrimas, que caiam descontroladamente, pressionei o local e minhas mãos e pijama branco se tornaram puro vermelho.
Yuto a segurava com força, tentando impedí-la de tocar em mim, minha mente rodava, estava em panico e então yuto apenas trancou minha mãe no quarto, abriu a porta de trás para mim e me empurrou.
— Só... - Ele nem sabia o que dizer - Só fica aí um tempo ok? Vou tentar acalmar ela, e depois medicá-la, pressiona o ombro com esse pano, e não sai daí, por favor - Ele então me jogou um pano e tranca a porta rapidamente.
Continuei ali sentada na neve fofa, olhando o porto que havia atrás da minha casa enquanto gemia de dor, e então, um barco do agrupamento 5 atraca. Um rapaz de pele negra e cabelo cacheado curto, repleto por cicatrizes na face, desembarca.
Dois guardas se aproximam, e eles começam a conversar sobre algo que a distância não me permitia ouvir.
Os guardas se afastaram e o garoto pegou três grandes caixas e as colocou no chão, ao olhar para o horizonte ele reparou em mim, então vendo meu ferimento, apenas se aproximou o máximo para me jogar uma torta que peguei no ar.
No mesmo momento os guardas voltaram, e por pouco ele não foi pego, após uma curta conversa apenas entregaram dinheiro a ele, e então partiu novamente ao horizonte junto ao barco.
Tinha certeza que não estava sozinho, o barco era grande e feito de metal, com certeza só estava ali para a entrega.
Eu olhei um pouco para aquela torta, e então só a mordi, mal consegui comer meu café da manhã, então o que poderia me fazer mal?
Ao engolir o primeiro pedaço, minha garganta trancou, comecei a inchar e ficar vermelha.
"Uau, que sorte, era uma torta de nozes"
Comecei então a bater fortemente na porta até que yuto abrisse, ele desesperadamente correu até um armário e pegou uma caneta de adrenalina, se abaixando perto de mim abrindo-a, então aplicou rapidamente em minha coxa. Aspirei todo o ar que podia com força, e em seguida tossi fortemente.
No dia que eu encontrar aquele desgraçado do agrupamento 5 denovo,
eu mato.
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Provas de Sangue
ActionEm um mundo onde todos são separados por capitais, a partir de seu idioma e cultura, formando os grandes 5 agrupamentos, que forneceriam materiais ao nosso glorioso estado e tinham seu controle e proteção sob a supervisão do mesmo. Após um avanço...