O olhar dele...

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Me causa náuseas e uma profunda raiva.

Durante todo o trajeto da minha casa para o centro do vilarejo, Junseo caminhava de forma autoritária e arrogante; e não apenas ele, todos os outros caçadores agiam da mesma maneira. Junseo parecia os ter alimentado com o mesmo veneno que percorre dentro do seu organismo.

Minhas mãos permaneceram amarradas atrás das minhas costas, a corda que usaram para me prender foi amarrada com tanta força que mal consegui sentir as articulações dos meus dedos. A mensagem é perceptível, não há misericórdia para mim e muito menos empatia. Estavam me punindo desde o primeiro contato, tentando me subjugar a qualquer custo. A expressão que carrego no rosto é completamente endurecida, por mais que por dentro estivesse morrendo de medo do que aconteceria, não iria demonstrar que Junseo e seus homens têm efeito sobre as minhas emoções. Se ele acha que vai ser tão fácil me amedrontar, vou demonstrar o quão estúpida foi ter tomado essa decisão.

A única coisa que me preocupa é a minha mãe. Seria um pesadelo as minhas ações caírem sobre ela. Se pelo menos meu pai estivesse aqui, ela não estaria sozinha, mas desde o momento que me prenderam em casa, Choi Soojin não hesitou em mostrar a raiva que borbulha dentro dela e neste percurso, sua expressão é o reflexo do meu rosto.

O trajeto é finalizado quando chegamos no centro do vilarejo: A Igreja. É impossível ignorar os olhares julgadores de todo o vilarejo sobre mim, olhares este que me acompanham desde o momento que pus os pés para fora de casa. Não deixei me abater, encarei de volta cada olhar vendo a mais uma vez a expressão surpresa nos rostos. Com certeza estavam esperando um garoto cabisbaixo e cheio de culpa. O engraçado é que eu sei que não fiz nada de errado.

Junseo percebendo que aquilo não me abalou, se aproxima de mim em passos pesados agarrando o meu braço com brutalidade. Sua voz tão hostil quanto a sua expressão cospe em minha direção:

— Quer continuar com essa postura inabalável? Continue, não vou impedir, mas saiba que a partir do momento que todos souberem o que você fez não restará uma única pessoa para lhe apoiar, nem mesmo o seu pai.

As palavras me atingem de uma forma assustadora. Engulo em seco e prenso os lábios, é difícil até mesmo respirar. O que meu pai faria? Não posso ignorar o fato que ele é o líder e que possui responsabilidades e eu sou um morador que infringiu as leis, e não qualquer lei, ele me olharia como filho ou como um traidor?

Minha falta de resposta parece ter agrado Junseo, pois logo em seguida estamos entrando na igreja. Vejo minha mãe sendo barrada na porta, ela grita alguma coisa, mas tudo o que escuto são zumbidos. Imediatamente alguns caçadores tentam segurar em seu braço, e essa ação me faz voltar a reagir.

— Não toquem nela! — grito com a raiva borbulhando dentro de mim. Sinto minha mão tremer, mas não sei se é apenas um dos sintomas ou a dor pela corda apertada. Por algum motivo os outros caçadores se afastam dela e sou tomado pelo alívio. — Mãe, está tudo bem, volta para casa e permaneça lá. E-eu vou ficar bem.

Minha voz não sai tão confiante quanto eu esperava, mas engulo em seco tentando passar tranquilidade à minha mãe através do olhar. Isso a acalma, pois ela permanece parada mesmo que seu olhar transborde a angústia.

Ignorando a cena anterior, Junseo me leva para a parte debaixo onde ficam algumas celas. Que instigante, uma igreja servindo como prisão. Caminhamos por um corredor que fica atrás do altar. O caminho termina em uma porta velha de madeira com alguns entalhes nela que já está bastante desgastado, quando Junseo a abre, nos deparamos com uma escada que leva um espaço relativamente grande com algumas celas. A porta da cela do meio é aberta e ele me joga para dentro dela, tudo o que ouço é o barulho do ferro se chocando e a chave sendo manuseada. Permaneço em pé, a cela é um cubículo tendo espaço somente para o colchonete maltrapilho. Como isso não bastasse, o cheiro de mofo é predominante, mofo e madeira velha.

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⏰ Última atualização: Jan 08 ⏰

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Entre Rosas Vermelhas e Lua Cheia • SoogyuOnde histórias criam vida. Descubra agora