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Jungkook estava imóvel diante da porta do quarto de Seokjin, hesitando antes de bater.

Seokjin, um dos fundadores da colônia, morava naquela casa grande, junto com Namjoon e Yoongi.
Jungkook, por sua vez, vivia em um modesto trailer.

Havia sons abafado de conversa e risadas vindos de dentro da casa grande que aumentavam sua ansiedade. Taehyung também morava ali, pois estava desde sempre com Seokjin, mas não fazia parte dos fundadores. Então já estava familiarizado com a casa. Mas não
conseguia mudar o seu coração que batia rápido.

Ele respirou fundo, tentando dissipar o medo que o impedia de simplesmente bater na porta. Jungkook finalmente tomou coragem, ergueu a mão e deu uma batida.

O som ecoou no corredor, e ele imaginou que Seokjin pudesse ouvir.

A batida suave na porta ecoou no quarto de Seokjin, abriu-a revelando seu rosto, cabelos molhados e um sorriso acolhedor.

— Jungoo-ah, entre! — Seokjin cumprimentou, afastando-se para permitir a entrada.

Jungkook, já esteve ali algumas vezes, mesmo assim sentia um nervosismo e excitação ao entrar no espaço de Seokjin. O cheiro suave de um novo sabonete recém-utilizado pairava no ar, que acabara de sair do banho.

— Espero que o dia tenha sido tranquilo para você — disse Seokjin, secando levemente os cabelos com uma toalha.

Jungkook assentiu, desviando o olhar.

— Vim buscar meu presente, Jin-hyung. Você mandou eu vim.

Seokjin arqueou as sobrancelhas, um sorriso intrigado se formando em seus lábios.

— Ah, sim...

Seokjin sempre trazia presentes de fora do muro para Jungkook e seu irmão.

— Hmm, deixe-me ver. Aqui está. Eu sei que você nunca nos disse a data do seu aniversário, mas é ano novo, então está mais velho. — Seokjin brincou com um sorriso travesso enquanto Jungkook tentava desembrulhava o presente.

— Ano novo, idade nova, é assim que funciona agora?

Jungkook desfez o laço cuidadosamente. Seus olhos se iluminaram quando revelou um PS2, uma relíquia nostálgica.

— Tem dois jogos, sei que você pode gostar algum.

Jungkook ficou sem palavras, surpreso. Um videogame? Sério? Era uma peça de última geração, algo que ele costumava jogar quando tinha 16 anos. Não era apenas um presente, mas uma ponte entre passado e presente, uma lembrança do que costumavam ter antes do mundo ser transformado pelo apocalipse.

Sentindo-se tão grato e empolgado que abraçou Seokjin em agradecimento em gesto impulsivo.
Mas, ao notar a própria ousadia, Jungkook corou ligeiramente e afastou-se, coçando a nuca sem jeito.

— Desculpe, hyung, eu...

Seokjin sorriu, tocando de leve o ombro de Jungkook.

— Não precisa se desculpar, Jungoo-ah. Fico feliz que tenha gostado do presente.

Jungkook, animado, se dirigiu para a ponta da cama de Seokjin.

— Sim, podemos jogar? — Jungkook perguntou, olhando para Seokjin com entusiasmo.

A Casa Grande era aconchegante, mesmo no meio do pós-apocalipse. A energia era um recurso precioso, racionado com cuidado, mas disponível, graças às placas de luz solar que haviam sido instaladas.

— Claro, ligue a TV, eu já testei. — Seokjin respondeu, sorrindo enquanto se deitava ao lado de Jungkook.

Jungkook prontamente pegou o controle remoto e ligou a TV. Os gráficos do jogo ganharam vida na tela. Jungkook estava feliz. Ele era feliz todas a vezes que Jin lembrava dele e lhe trazia presentes.

— Só não podemos jogar por muito tempo. Senão vamos acabar com a energia da casa. — disse deitado. Exausto.

— Eu sei, hyung, obrigado mesmo assim.

Mantendo os olhos fixos na tela e as mãos habilidosas mergulhadas nos controles. O brilho da TV refletia em seus olhos de gudes concentrados, enquanto o quarto era preenchido com os sons sutis do jogo tiro.

Seokjin sorriu ao notar o sorriso de Jungkook em seu rosto enquanto estava vidrado na tela enquanto jogavam.

Mas, a exaustão começou a pesar sobre ele, e fechou os olhos por um momento. As saídas para além dos portões eram sempre fisicamente exigentes, uma batalha constante contra os perigos de zumbis e pessoas.

— Está tudo bem, hyung? — Jungkook perguntou com preocupação, pausando brevemente o jogo.

Seokjin assentiu, esfregando suavemente os olhos.

— Só um pouco cansado. Essas expedições têm sido mais intensas ultimamente.

Jungkook assentiu compreensivo, apagando o videogame para dar a Seokjin um momento de descanso.

— Talvez seja hora de descansar um pouco, hyung.

Seokjin concordou, apreciando a gentileza de Jungkook. Mas quando o mais novo se preparava para levantar e deixá-lo descansar, Seokjin segurou suavemente seu antebraço.

— Jungoo-ah, você também precisa descansar. — Seokjin sorriu cansadamente. — Fique um pouco mais um pouco.

Jungkook hesitou por um momento, mas acabou se acomodando ao lado de Seokjin. O silêncio preenchendo o quarto.

— É muito perigoso lá fora, hyung?

— Você não tem ideia, o mundo está perdido. Não são só os zumbis. As pessoas enlouqueceram.

— Tenho medo de você não voltar, hyung. Você faz isso há 10 anos.

Seokjin se virou, apreciando a lateral do rosto de Jungkook e seu cabelo longo.

— Eu sempre vou voltar.

— E se não voltar? — perguntou Jungkook, com pensamentos apreensivos.

— Eu vou voltar. — Afirmou Seokjin com convicção.

— Quero ir com você na próxima.

— Não, você não vai comigo.

— Mas...

— Não, seu lugar é aqui na comunidade, seguro, Jungoo-ah.

— Seu lugar é aqui, seguro. — Jungkook sussurrou.

Seokjin sorriu gentilmente, como se quisesse dissipar as preocupações que pairavam sobre Jungkook. Com um gesto suave, ele se inclinou, aproximando-se de Jungkook, e depositou um beijo leve em sua testa. Era um gesto de conforto para transmitir segurança e tranquilidade ao mais novo.

Jungkook sentiu o calor do toque e, por um momento, as preocupações pareceram diminuir.

Havia uma troca de olhares carregada de sentimentos pela proximidade. Com um movimento delicado, Seokjin se inclinou, aproximando-se mais de Jungkook, com seus lábios ansiosos pelo contato que há muito tempo desejava.

O beijo foi um gesto suave, um selar capturando aqueles lábios finos com piecing.

E quando Jin se afastou, olhando o outro, o silêncio no quarto tornou conta. E só havia os olhos arregalados do mais novo.

— Me desculpa... Jungkook, eu ...

Mas com um sorriso terno, Jungkook aproximou-se delicadamente de Seokjin, seus lábios se encontrando num suavemente.

Foi um beijo tranquilo. Uma beijo de descobertas. Os lábios dançavam em harmonia, como se estivessem sintonizados. Naquele momento, o quarto se transformou em um refúgio para Jin, onde o calor do toque de Jungkook e o seu sabor era tudo que existia em sua vida.

Esquecendo-se temporariamente  do perigos do mundo exterior.

Era só ele e Jungkook no quarto.

Not today I  JINKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora