Capítulo 1.

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Era início do ano, março para ser mais exato, ainda era verão e o sol as 7 da manhã mais parecia o de meio-dia. Como eu ainda não havia terminado o colégio tinha que levantar todo o dia cedo pra ir a escola já que meu horário era pela manhã. Eu havia acordado as 6, tomei meu banho, me arrumei, tomei meu café e fui para a escola, caminhando mesmo pois morava perto.

No caminho encontrei com a Isabela minha melhor amiga desde a infância, crescemos juntos pois nossas mães também são melhores amigas então eu estava sempre na casa dela e ela sempre na minha. Tínhamos o mesma idade, eu sendo 3 meses mais velho que ela, estávamos no mesmo ano no colégio, no segundo, mas não éramos da mesma turma Aquele era o único ano desde o primário que ficávamos separados.

Isabela era morena com a pele clara, os cabelos eram num tom castanho muito escuro e  encaracolados até os ombros, tinha 1,65 - mas baixa que eu que tenho 1,70 - magra mas não muito, os olhos eram castanhos mel, piercings decoravam seu nariz e orelhas. Ela praticamente me tirou do armário quando sem querer em uma conversa com nossas mães ela contou que eu havia ficado com um menino.

Eu gelei na hora, ela tentou se concertar mas só se complicou, a nossas mães morreram de rir das nossas caras e minha mãe disse que já sabia a muito tempo. Em casa conversamos junto com meu pai e eles super me apoiaram e só me aconselharam a tomar cuidado com as pessoas na rua.

Partimos então juntos em direção a escola e bem antes do sinal tocar chegamos na escola. Sentamos nos bancos que tinham encostados nas paredes do pátio e logo nossos outros amigos chegaram e se juntaram a nós. Rafael e Luiza que eram da minha sala e Sarah que era da sala da Isabela. Pouco depois o refeitório abriu e eu os segui para eles pegarem o café que era biscoito maizena com nescau, como em toda boa escola pública. Nos sentamos de novo no mesmo lugar e batemos mais um papo.

E já perto da hora do sinal bater o meu tormento apareceu. Guilherme, era o nome do cão, branco mas a pela bronzeada pelo sol, cabelo preto liso curto num corte estilo americano, os olhos castanhos bem escuros, era mais alto que eu acho que tinha 1,80, uma tatuagem pintava sua pele atrás da orelha, era uma data de nascimento. Ele era magro mas forte e tinha um jeito malandro como se fosse cria de favela, mas o nosso bairro tava longe de ser comparado a uma favela, na verdade era lá que os bandidos mais assaltavam pois ali viviam muitas pessoas com dinheiro e nós pobres coitados que nos misturavamos com eles éramos quem sofria.

Desde o fundamental o maior prazer de Guilherme era me atormentar, me zoar, me humilhar, querer crescer para cima de mim com o único motivo de eu ser gay. Era só sobre isso que ele falava quando se direcionava a mim, a única coisa que ele usava contra mim. No começo eu até me senti mal mas depois eu cansei e comecei a parti pra cima dele tbm, com zoações e ofensas. E vivíamos assim ele me atacava de um lado e eu o atacava do outro. Não nos gostávamos isso era fato e todos sabiam. Graças a Deus nunca ficamos na mesma sala até porque ele é um ano mais velho que eu e por isso também era de uma turma mais avançada. Nunca brigamos de sair no soco, quase chegamos perto uma única vez quando ele me deu um esbarrão e eu caí encima de uma poça d'água no gramado da escola e me molhei todo indo também minha mochila com os cadernos. Aquele dia eu fiquei muito puto e parti pra cima dele que ria com alguns amigos mas infelizmente alguém me segurou, na hora nem vi quem foi sei mas eu xinguei ele e amaldiçoei não sei quantas gerações dele.

  A praga apareceu do nada junto com um outro menino que sempre andava com ele, graças a Deus só me olhou feio e foi embora rumo ao refeitório.

- Ele deve tá de bom humor hoje, não implicou com você. - comentou Sarah enquanto seguimos ele com os olhos.

- Espero que sim, pois hoje não tô com paciência pra ficar dando palco pra ele. - Falei me virando para ela. - tomara que ele esqueça que eu exista pelo menos por hoje.

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