Capítulo 3

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  Você já teve aquele dia onde você acorda e parece que o dia anterior foi um sonho, como se não tivesse sido real. Eu tive um quando tinha 10 anos e meus pais tinham comprado um vídeo game pra mim e eu passei praticamente o dia inteiro jogando com os meus amigos e no dia seguinte era como se aquilo tivesse sido um sonho de tão bom.

  Lá estava eu levantando as 6 horas da manhã com o mesmo sentimento mas num cenário totalmente diferente. O dia anterior parecia não ter acontecido de verdade, eu tinha tido o melhor dia na escola em anos sem o Guilherme pra me atormentar, o pessoal da escola já tinha até esquecido a fofoca e tudo parecia já estar resolvido mas quando eu achei que tudo realmente tava bem, que aquele dia seria consolidado o melhor dia da minha vida em muito tempo ele apareceu e pior ele não me tratou mal mas me pediu desculpas por ter me batido e aquele dia passou de um dia bom para um dia completamente estranho.

  Eu não conhecia aquele Guilherme que havia falado comigo na esquina de casa. Aquele era um Guilherme tímido, calmo demais e meio triste. E aquele pedido de desculpa parecia verdadeiro para mim, parecia não, era verdadeiro eu sabia. Mas por que? Ele me bate, passa de todos os limites e depois me pede desculpas como se não quisesse ter feito aquilo ? Eu realmente não sabia o que pensar. Aquele olhar dele como se quisesse chorar...

  Isa não acreditou quando eu contei pra ela, seu olhar ia de surpresa a espanto. A mão na boca e os olhos arregalados evidenciavam a sua reação, já perto da escola encontramos com Sarah que teve a mesma reação quando contei.

- Eu nem consigo imaginar o Guilherme pedindo desculpas. - Comentou Sarah, estavamos entrando na escola. - tipo... é como se essa palavra não combinasse com ele. E você ainda me diz que tava com voz de choro... isso sim é a coisa mas estranha que já ouvi na vida.

- Será que ele realmente se arrependeu? - Isa comentou a expressão meio aérea.

- Eu duvido muito. - Não foi isso que pensei pela manhã mas de algum jeito queria que aquilo fosse mentira. Imagina o Guilherme agora me pedindo desculpas por tudo que me fez... - Ele deve tá querendo me sacanear, já tô até vendo, vai se fingir de arrependido mas na primeira oportunidade vai me infernizar.

  Senti Isa cutucar meu braço quando a olhei estava apontando com a cabeça pare meu lado direito, virei meu rosto e olhei na direção indicada e vi ele, estava usando e mesmo casaco de quando me seguiu até minha casa na tarde anterior, o capuz cobria a cabeça e as mãos enfiadas nos bolsos, a cabeça baixa. E de repente senti seu olhar cruzar com o meu quando decidiu virar a cabeça bem de leve para mim. Foi mas como um olhar de canto de olho, sabe? Mas não deixou de ser estranho.

  Olhei para Isa que ainda estava com a mesma expressão espantada mas não pareceu notar que ele havia me olhado. O que estava acontecendo?

- Será que os seus dias de paz finalmente chegaram? - Indagou Sarah olhando ele se afastar. - Ele nem te olhou - Ela também não havia percebido.

- Eu devia agradecer né? - Eu devia estar feliz? Ele não implicou comigo, mal me olhou isso com certeza era motivo de alegria mas alguma coisa parecia errado como se aquilo fosse impossível, como se aquele cenário só fosse acontecer numa realidade alternativa. - Espero que pelo menos por hoje ele me esqueça e me deixe em paz.

                       [...]

  Os dois últimos tempos eram de educação física e eu gostava pois era o último dia de aula e a gente terminava brincando. Mas por algum tipo de azar o meu time perdeu as 3 partidas de queimado mas vencemos uma de pique-bandeira, como ninguém aguentava mais jogar o professor liberou a gente mais cedo como eu tinha que esperar Isa para irmos embora juntos fiquei jogando conversa fora com alguns colegas sobre as fofocas que haviam inventado sobre mim.

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