Fuoco

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1 semana antes

O quarto de Seo-Yeon estava envolto em uma suave penumbra, apenas a luz suave da penteadeira iluminando seu rosto. Sentada diante do espelho, ela deslizava a escova pelos longos fios de cabelo com um movimento tranquilo, mergulhada em seus próprios pensamentos. 

Num instante, a imagem de sua versão criança apareceu, sentada no mesmo lugar. Os olhos das duas versões dela se encontraram no reflexo. A lembrança remonta a dias em que sua mãe desembaraçava os fios delicados. 

 -Você é diferente dos outros. É muito especial. Você é minha maior criação. -Ela acaricia o longo cabelo de Seo-Yeon. - Você fica bem de cabelos longos porque puxou a mim. Nunca corte o cabelo curto.

Então, como se as palavras do passado ecoassem no presente, a versão mais jovem de Seo-Yeon se expressou.

-Mas eu me cansei dele. 

A mãe apertou a escova com força, sinalizando uma mudança abrupta de humor.

 -Você precisa obedecer a mamãe.- Sua voz agora carregada de frustração. -Responda.

Seo-Yeon engoliu em seco, tentando entender o que havia acontecido. 

A mão da mãe ergueu a escova, não mais para acariciar, mas para lançá-la com força contra o espelho da penteadeira. O impacto fez com que o vidro se quebrasse em uma explosão de estilhaços, e Seo-Yeon criança saltou com um grito agudo, lágrimas prontas nos olhos assustados.

-Ai, minha querida, desculpe! - A mãe adulta murmurou apressadamente, percebendo o erro, mas era tarde demais. O estrondo ecoava no quarto, enquanto Seo-Yeon criança, ainda abalada, chorava diante do espelho quebrado.

Nesse exato momento, um som abafado ecoou pela porta. Uma batida firme que trouxe Seo-Yeon de volta à realidade. A mulher adulta olhou para a porta, sua expressão um misto de surpresa e contemplação. A cena havia se dissipado, mas as memórias e as emoções permaneciam.

-Tudo bem aí, Seo-Yeon? Parece que você viu um fantasma. 

 Ao notar o olhar perdido da mais velha, Ji-won adentrou o ambiente com passos suaves. Se aproximando, ela tocou delicadamente o rosto de sua irmã, percebendo sua febre.

-Seo-Yeon, você está queimando. Precisa tomar um remédio. - Disse a irmã com preocupação, estendendo-lhe uma cartela de comprimido.

Seo-Yeon afastou a mão da irmã e olhou fixamente para a embalagem. 

-Se eu tomar remédio toda vez que tiver febre, vou virar uma viciada. - Respondeu, um tom sarcástico mesclado com sua habitual assertividade.

A irmã arqueou as sobrancelhas, considerando a resposta. 

-Isso é meio preocupante, Seo-Yeon. Às vezes, é melhor cuidar da saúde.

Ela suspirou, desviando o olhar do remédio. 

-Eu prefiro lidar com as coisas à minha maneira.

A irmã observa Seo-Yeon por um momento, compreendendo a teimosia que a caracteriza. 

-Você é tão cabeça-dura, Unnie. 

Seo-Yeon, com um suspiro dramático, decide mudar o tom da conversa. 

-Você não tem algo melhor para fazer?

-Eu tenho uma ideia para animar as coisas. Que tal irmos juntas a uma festa chique? Vai ter vários homens bonitos.

Seo-Yeon levantou uma sobrancelha, desconfiada. 

-E que tipo de mulher você acha que eu sou?

A irmã de Park Seo-Yeon inclina a cabeça com um sorriso travesso, ignorando a resistência inicial da irmã mais velha.  

The Sweetest thing on this side of hellOnde histórias criam vida. Descubra agora