Berkshire, Inglaterra
08 de abril de 1900Mesmo após quatro dias, o encontro secreto com Lord Wales permanecia vívido na mente de Lady Catherine. Aquela terça-feira ensolarada havia proporcionado-lhe sensações que jamais imaginara experimentar. O toque suave dos lábios dele em sua mão fazia com que um arrepio percorresse seu corpo, deixando-a confusa, porém ansiosa por sentir aquilo novamente. Tudo era tão novo, tão inesperado, que Catherine não conseguia organizar seus próprios sentimentos. No entanto, uma coisa era certa: estar ao lado de William fazia com que ela se sentisse viva de uma forma que jamais havia sentido antes. Ela ansiava por viver intensamente, e mais do que isso, desejava viver ao lado de William.
Embora tivesse o desejo de compartilhar essa experiência com Pippa, sua irmã e confidente, Catherine hesitava. Não sabia como expressar o que sentia, muito menos como encontrar o momento adequado para tocar em um assunto tão delicado. O medo de ser mal compreendida, ou pior, de que as notícias chegassem aos ouvidos de seu pai, a deixava paralisada. Seria um desastre. Lord Michael jamais aprovaria esse tipo de encontro, muito menos com alguém da família Wales, com quem havia rompido os laços há tanto tempo.
A Páscoa se aproximava, e o Domingo de Ramos marcava o início da Semana Santa. Como de costume, Lady Carole, acompanhada de suas filhas, Catherine e Pippa, seguiu para a Santa Comunhão na igreja de St. Mary the Virgin. A igreja estava repleta de fiéis, suas vozes unidas em cânticos de devoção, e Catherine, sentada com sua família no quarto banco, tentava prestar atenção na homilia que se desenrolava diante dela. Contudo, seus pensamentos estavam longe.
Enquanto retornava ao seu assento após receber a comunhão, seus olhos encontraram o rosto familiar de Lady Diana. A mãe de William ofereceu-lhe um sorriso discreto, um gesto tão sutil quanto carregado de significado. Imediatamente, o pensamento de William invadiu sua mente, e Catherine varreu a igreja com o olhar, buscando por ele.
Porém, ele não estava lá. Não era surpresa para Catherine; ela sabia que William nunca fora um devoto assíduo. Durante a infância, ele sempre parecia contrariado ao participar das missas dominicais. Dormia durante os longos sermões, e, quando tudo terminava, saía da igreja com aquele sorriso cínico e encantador que ela conhecia tão bem. Catherine não podia culpá-lo. Mesmo seu próprio pai, Lord Michael, só comparecia à igreja em ocasiões especiais ou em dias santos de grande importância.
Agora, ajoelhada no momento de oração após a comunhão, Catherine permitiu-se perder-se nas lembranças. O pensamento de William tornava difícil qualquer concentração em orações ou devoções. Em vez disso, ela revivia, uma e outra vez, a lembrança daquele encontro à beira do lago, o toque de sua mão, o sorriso que ele lhe dera. Seu coração disparava apenas ao pensar na ideia de vê-lo novamente.
E, nesse turbilhão de pensamentos, Lady Catherine esqueceu-se de rezar.
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𝓞 𝓪𝓶𝓸𝓻 𝓿𝓸𝓵𝓽𝓸𝓾 𝓹𝓪𝓻𝓪 𝓶𝓲𝓶
Romance𝐏𝐄𝐑𝐈𝐎𝐃 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄 | 𝐀𝐔 | Em 1893, Lord William Wales parte para Eton College, deixando para trás sua afetuosa família em Berkshire. Após sete anos de estudo, ele retorna em 1900, pronto para assumir suas responsabilidades, entre elas a...