|| Valentina Hernández Escobar ||
📍 Colômbia, Medelín, Quinta-feira, 19:00.
Conheci uma colombiana. Morena das ideia bacana. Na fronteira é ela que manda. Marijuana já era conhecida. Só na fronteira era fornecida. Pra busca era o corre do dia. Pro lado de cá o preço já subia. O dinheiro investido e hoje tamo indo, na fronteira passa batido. Pra quebrada tô voltando rico.
Encaro o pôr do sol enquanto peso as gramas de cocaína nos pacotes dentro do meu escritório, e assisto o noticiário internacional falar do desfalque do banco mundial. Um sorriso orgulhoso se abre no meu rosto pela operação que deu certo, envolvendo nosso cartel e as outras três máfias que se aliaram a nós.
Valentina Hernández Escobar, esse é meu nome no cartório da Colômbia, mas por trás da fachada do rostinho lindo e inocente, La Muerte assume o papel que me foi destinado. E é a ela que o mundo criminoso teme e respeita.
Nasci numa cidade pequena da Colômbia, quando as coisas pra minha família começaram a "sumir" da mídia. Para todos, minha mãe não seguiu os passos do meu avô, dando continuidade aos negócios da família, mas a verdade, é que por baixo dos panos, ela gerenciou o narcotráfico por todos os anos antes de eu assumir.
Não, eu não sou filha da Manuela Escobar, seria simples demais se assim fosse. Minha mãe nasceu de uma relação extraconjugal do meu avô, de quando ele tinha por volta dos seus 30 anos. Ele conseguiu manter ela ao seu redor como sua sobrinha, por anos a fio para não destruir seu tão estimado casamento.
Quando o teto de vidro dele caiu, e o tão temido Pablo Escobar morreu, todos seus parentes viraram as costas ao legado da família, mas não dona Antonieta Escobar, ela reergueu o que eles deixaram ruir com apenas quatorze anos.
Foi ela quem me ensinou a comandar, traficar, manipular e matar. Me criou pra ser uma arma impiedosa, e durante todos os anos após, tenho mostrado pro mundo pra que nasci.
Não, eu não tive uma infância comum, tampouco carinhosa. Mi madre nunca foi dessas que fazem café da manhã pros filhos, dão abraços ou falam palavras carinhosas, ela foi educada por um homem que não tinha carinho nem mesmo pelos seus, então não era de se esperar algo diferente.
Com seis anos comecei a presenciar as torturas que eram feitas dentro das salas do cartel, segundo ela, precisava aprender o quanto era essencial aquilo no nosso trabalho. Com oito comecei meu treinamento físico, lutas e autodefesa. Com dez, peguei na minha primeira arma, e a partir daquele momento, me tornei a melhor em tudo que me era proposto.
Na minha vida sempre tive apenas dois objetivos, e nunca se trataram daquele papo clichê de toda menina adolescente, de encontrar o príncipe encantado e blá blá blá. Sempre me foi colocado que na vida eu precisava apenas de duas coisas: Dinheiro e sucesso nos meus negócios.
Nunca tive impulso pra almejar mais que isso, meus relacionamentos tem sido meramente casuais, um sexo bom, sem cobranças e sem compromisso. Minha vida não tem espaço pra mais que isso.
Não tenho amigos, não tenho colegas, e nem mesmo família, tenho meus soldados, minha armada, e uma irmã que acabei ganhando com minha caminhada no crime. Mas mantenho ela oculta dos olhos de todos.
Com quinze anos comecei meu treinamento psicológico pra assumir com dezoito o controle dos negócios, e dona Antonieta poder descansar dessa vida, não que ela faça, claro. Ouço batidas na minha porta e o rosnado de Hades e Perséfone ressoar alto.
Adotei os dois quando ainda eram filhotes, ambos cresceram aprendendo como me proteger, mas também parecem crianças quando querem carinho. Acredito que seja o único momento do dia em que eu me permito sentir algo além da sede de poder.
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COLOMBIANA
Romance📍Colômbia | EUA Valentina desde nova sentiu o peso do sobrenome em sua vida, e mesmo que a mídia não soubesse, a família Escobar seguiu com os negócios ilícitos a todo vapor, fazendo então que a bela mulher, de apenas vinte e seis se tornasse a n...