CAPITULO DOIS

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Eu estava terminando de ajeitar as meninas quando ouvi batidas na porta e assim que olhei me deparei com a mulher de cabelos escuros e olhos claros, minha mãe, ela estava paralisada e mesmo que disfarçasse eu conseguia perceber o espanto misturado a alegria no rosto dela.

— Elle? — ela olhou pras meninas. — Eu não sabia que eram gêmeas.

— Helena e Laura.

Ela se aproximou um pouco receosa e a babá que cuidava das meninas junto comigo se afastou pra que minha mãe pudesse chegar mais perto das meninas.

— Essa se parece com você. — apontou pra Helena, deixando nítido o encanto em seus olhos.

— É uma mini versão minha. A Laura puxou inteiramente pro pai.

Ela me olhou de um jeito engraçado.

— Por que tá me olhando assim? — questionei.

— Porque é bonito ver que você criou sua própria família, mesmo que tenha sido com o desajuizado do Nicolas.

— Não mete ele nessa conversa, por favor. — pedi, calmamente.

— Ele pelo menos é um bom pai, Gabrielle?

Era sempre assim que começava. Alfinetando aos poucos até tomar uma proporção gigantesca.

— O Nicolas é um pai incrível — rebati. — Ele ama as filhas e foi o primeiro a concordar com a ideia de deixar você conhecer as meninas.

Pedi ajuda da Lara pra que pegasse a Helena no colo enquanto eu ficaria com a Laura, preferi não deixar minha mãe correr o risco de irritar uma das duas e estragar o resto da noite.

— É sério que você vem aqui, na nossa casa, pra fazer isso!?

— Me desculpa. — ela hesitou. — É que...não consigo imaginar como isso vai acabar.

Nicolas entrou no quarto das gêmeas e pegou Helena dos braços de Lara e dispensou ela, depois parou ao meu lado e encarou minha mãe.

— Elas são lindas, Elle. — Ela disse, sem graça antes de sair do quarto. — Parabéns aos dois.

Assim que ela foi embora coloquei minha filha no berço e me sentei na poltrona.

— Chega.

— Elle...

— Não dá. Você sabe que não dá, não importa o quanto eu tente!

— Eu odeio eles tanto quanto você, mas as nossas filhas no mínimo merecem ter avós.

— Esse tipo de avós? — retruquei.

Olhei pra ele ainda um pouco assustada com o que ele disse, se fosse há alguns meses atrás Nicolas com toda certeza falaria pra eu mandar eles pra casa do caralho mesmo sendo os avós.

— Às vezes me surpreende o quão pai você se tornou. — falei, respirando fundo e tentando encontrar a minha sanidade outra vez. — E até mesmo mais coerente.
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Acordei de madrugada e percebi que ele não estava deitado ao meu lado, me estiquei um pouco pra pegar o celular e vi que eram quatro horas da manhã, onde ele estaria esse horário se não fosse aqui ou no quarto das meninas.

Levantei da cama e saí do quarto indo em direção ao das meninas pra ver como elas estavam, eu não conseguia mais dormir direto porque precisava saber como as gêmeas estavam. Então isso me custava vários e vários minutos de sono durante a noite.

Assim que parei na porta vi o moreno com a Laura no colo, balançando um pouco enquanto conversava com ela, Nicolas também percebia que, pro tempo que elas tinham, as duas entendiam muito bem o que a gente falava.

Eu amava ver ele assim com as meninas, isso me trazia um conforto enorme por saber que elas tinham o melhor pai.

Esse momento me fez lembrar de quando Nicolas sentiu o primeiro chute de uma delas, ele parecia uma criança quando ver um truque de mágica, a sensação de não conseguir acreditar. E foi inevitável não lembrar também do dia em que fizemos a ultrassom e descobrimos que eram duas meninas, ele simplesmente saiu comprando toda a loja de bebê do shopping depois que o choque passou.

Apoiei minha cabeça no batente da porta e fiquei admirando aquele momento.

Eu cresci em uma família completamente desajustada e não me importava mais com isso, mas eu pedi tanto pra que minhas filhas soubessem o que é ter o amor incondicional dos pais.

— Parece que a mamãe tava ouvindo nossa conversa. — ele sussurrou pra Laura, e em seguida me olhou.

Enxuguei meu rosto assim que ele me olhou.

— Por que tá chorando?

— Porque...não sei. Não faz pergunta difícil!

Assim que ela dormiu Nicolas colocou ela com cuidado de volta no berço e deixou baixinha a luz do quarto antes de sair. Ele se aproximou de mim e segurou meu rosto, enxugando a lágrima que tinham sobrado.

— Posso saber qual é o motivo do choro dessa vez?

— Você. — olhei bem pros olhos dele, que em parte pareciam confusos.

Ele me olhou totalmente confuso.

— Eu amo ver quando você tá com elas, ou uma delas. Você não sabe o quanto eu quis isso na vida....

— Elle, vocês três são o meu mundo.

Puxei Nicolas para um abraço e senti os braços dele envolvendo meu corpo, me trazendo todo o conforto que eu precisava naquele momento, aquela sensação de paz. Afastei meu rosto do pescoço dele e aproximei meus lábios dos dele, dando um beijo.

Era lento mas repleto de desejo, passamos tanto tempo nos preocupando e pensando nas meninas que eu tinha me esquecido o quanto era bom ter ele me tocando, poder sentir suas mãos passeando por meu corpo.

Talvez a nossa vida estivesse prestes a voltar ao normal.

Amor a toda prova ( Consequência - 2° livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora