CAPÍTULO CINCO

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Dei um banho nas meninas e as deixei cheirosas para receber a avó delas, Sarah, que toda semana vinha aqui. Mesmo com tudo que aconteceu entre Nicolas, eu e o pai dele, nunca privei Sarah de visitar ou passear com as netas, ela nunca teve relação com isso.

E pra melhorar ainda mais, ela tinha se separado dele logo depois que Nicolas contou pra ela tudo que passamos.

Quando desci pra sala de estar me deparei com Sarah segurando Sophie e assim que me olhou lançou o sorriso mais feliz possível pra mim, foi difícil não me sentir sem jeito.

— Oi minha filha! — ela disse, me dando um abraço. — Como você ta?

— Bem. Já vi que a Sophie reconheceu você.

— As duas reconheceram. — ela riu. — A cada dia que passam estão mais lindas, Elle.

— Deus abençoe nossa genética, tia. — brinquei.

— E o Nicolas, ele tá em casa? — perguntou, parecendo preocupada.

— Não, ele foi trabalhar. Deve voltar às 16h.

Ela respirou fundo, parecendo irritada.

— Tá cada dia mais difícil falar com esse menino.

— Nem me fale....— murmurei.

Sarah e eu tínhamos decidido ir no shopping passear um pouco com as meninas, ir em lojas de bebês e na situação atual isso serviria pra distrair minha cabeça. Qualquer coisa serviria.

Tentei ligar algumas vezes para o Nicolas e nenhuma delas deu certo, então decidir tentar deixar de lado antes de ficar ainda mais irritada.

— Realmente, falar com seu filho anda cada vez mais difícil! — bufei. — Não sei se tenho mais marido.

— Por que você não tira uma noite pra vocês? — perguntou. — Deixa as meninas comigo e com a Mia e aproveita com ele?

— Eu não sei...Ainda sou muito apegada a elas. Nicolas então...nem se fala!

Me sentei em um dos bancos espalhados pelo shopping enquanto Sarah ia andando mais na frente com as meninas, me permiti pensar um pouco na ideia dela e que talvez fosse boa, mas o que faria com essa raiva que estava sentindo? Não tinha como sumir com ela e agir como se nada tivesse acontecendo.

Me mexi um pouco no banco tentando deixar menos desconfortável permanecer sentada e foi inevitável não lembrar das palavras dele mais cedo.

Cretino.
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Nesse exato momento eu estava deitada na minha cama aproveitando o máximo da minha companhia e do conforto, embora minha preocupação com as meninas estivesse me corroendo por dentro. Eram cinco horas da tarde e meu quarto estava um breu, agradecia muito ao Nicolas de não ter me dado ouvidos e ter escolhido essas cortinas sozinho.

Falando nele...ele deve está quase chegando.

Pensei e pensei em como conseguir ter uma conversa com ele e o que poderíamos fazer pra aproveitar esse tempo todo, até porque Sarah disse que só devolveria as meninas amanhã de tarde.

Ouvi passos no corredor e uma porta fechando, logo em seguida ele entrou no quarto, o semblante confuso e preocupado, era difícil não notar.

— Onde estão as meninas? — perguntou.

— Com a sua mãe.

— O que?? Por que?

— Ela queria um tempo com elas e honestamente, não vejo pessoa melhor pra cuidar delas do que sua mãe.

Eu via como Sarah fazia o papel de cuidar de crianças parecer fácil e isso era tão frustrante.

Elas eram minhas filhas e parecia que qualquer outra pessoa sabia cuidar delas melhor do que eu.

— As duas estão com ela? Por que? — insistiu.

— Porque sua mãe viu o que a gente não tá conseguindo ver. — falei, bufando.

Nicolas desistiu de debater e começou a afrouxar a gravada e tirar os sapatos, quando olhei novamente meu marido já estava indo em direção ao banheiro. Deixei que levasse o tempo que precisava e quando saiu do banheiro parei na frente dele.

Senti todo o ar do meu pulmão sumir quando encarei o rosto dele, que ainda estava um pouco molhado, os cabelos úmidos e o corpo...

— Sua raiva passou, foi? — perguntou, em tom de deboche.

— Se acha que foi por causa daquele chá, sinto muito, mas não foi.

— Mentirosa.

— Nicolas, eu quero conversar com você.

— Agora quer conversar?

Franzi o cenho e foi difícil não deixar transparecer minha frustração.

— O que você tem, cara? — perguntei, agoniada.

— Como assim?

— Você tá....diferente. Sempre que eu te olho parece que não consigo te reconhecer.

— Isso é besteira.

— Não, não é!

Nick esticou a mão para que eu desse a minha a ele, e assim que fiz, ele me puxou um pouco mais pra perto.

— Me diz o que tanto você pensa, Elle. O que tanto te incomoda. — segurou meu rosto.

Amor a toda prova ( Consequência - 2° livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora