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Você nunca sabe o
fardo que seu pró-
ximo carrega, talvez
por isso Deus deseja
que façamos o bem
sem olhar a quem.
__________________Aos oito anos, ressabiada com a situação do ano passado, passava cada vez mais tempo longe de minha mãe. Esta que, por sua vez, aproveitava o novo relacionamento com Beto, um homem digno de toda maldade que existe em meu coração. A você, desejo tudo de pior que existe nesse mundo.
Inicialmente, Beto era um homem bom. Tinha uma chácara incrível em morrinhos onde passávamos alguns finais de semana. Enquanto isso, na casa de minha dinda, Shelle, a quem considero irmã de coração, esperava por Maria Isabel, a primeira neta mulher de minha dinda. Todos estávamos ansiosos. No dia 13/07/2013, Maria Isabel veio ao mundo, tão linda. Eu não imaginava que minha vida giraria entorno dela por tanto tempo. Dois dias depois, quando Shelle estava em casa, eu me destinei a ajudar o máximo que pudesse. Por mais que sentisse ciúmes de tanta visita, o amor por aquela criança foi inevitável. Seu primeiro banho em casa foi desesperados para Shelle e Shanelle, que não tinham experiência com criança. Eu a chamava de Bebel desde a gestação, e me lembro de ter tido meu primeiro choro de felicidade naquele momento, quando ela estava com o rosto vermelho, chorando enquanto sua mãe e tia tentavam lhe dar banho.
Eu entrei no quarto, assustada com os gritos da criança recém nascida, parei em sua frente e segurei sua mão.
— Bebel, tomar banho é bom. Tu precisa ficar cheirosinha, porque fez muito cocô hoje. — Eu falei e ri.
Como se eu tivesse jogado um feitiço, ela começou a prestar atenção e reconhecer minha voz. Conforme seu choro passava, o meu começava.
Eu amava aquela criança, que tanto falei em meu diário que não conseguiria aguentar.
Maria Isabel crescia cada dia mais linda e eu estive presente quando seus dentes nasciam, conforme o tamanho da fralda aumentava, conforme seus mêsversários passavam. Quando ela aprendeu a engatinhar e caminhar, me seguia o dia inteiro. Quando ela fez um ano de idade, cujo tema da festa foi fazenda, eu também estava lá e minha dinda comenta até hoje o fato de que sua única foto sorrindo foi ao meu lado.
Não me lembro muito sobre nada marcante na fase dos nove anos, além das dezenas de brigas e separações de minha mãe e Beto, que levava menos de dois dias para estarem juntos denovo.
Foquei em Maria Isabel a ponto de sentir dor sempre que ela se ausentava para dormir. Me sentia dependente daquele bebê, minha vida estava tranquila denovo, ao menos até seu aniversário de dois anos.
No dia 16/07/2015 ocorreu sua segunda festa de aniversário, o tema foi Branca de Neve. Maria Isabel tinha seus cabelos negros e ondulados na altura dos ombros, era realmente uma princesa.
Eu gostaria de ter descoberto antes que, naquele dia, minha felicidade iria se esvair por inteira.
Me lembro de pouca coisa da festa, pois o pós festa é o que me marca. Deveria ser umas duas horas da manhã quando saímos do salão de Butiá para voltar a Arroio dos Ratos. Eu era acostumada a descer para abrir o portão da garagem, mas algo mexeu com minha dinda aquele dia, que foi o caminho inteiro comentando um sentimento estranho. Ela, pela primeira vez, não me deixou descer do carro para abrir, tomando meu lugar de rotina. Aproveitei para juntar os doces da lembrancinha que fui espalhando ao longo da viagem no banco de trás, onde eu estava.
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• Autobiografia | Laisa Cruz •
Non-FictionRecebi o conselho de uma grande amiga para escrever sobre minhas feridas e também minhas alegrias, numa tentativa de conhecer melhor meus próprios limites e minha cabeça. Aqui, sem devaneios, contarei minhas histórias e segredos. Caro leitor, já lh...