Tudo o que se ouvia era o barulho do relógio na parede. O ponteiro fazia "tic" a cada vez que se movia. O quarto branco estava em silêncio, e um vento batia contra a janela de vidro. Paris estava nublada, como tem estado nesses dias.
Marinette, Luka e Alya estavam à minha volta. Marinette segurava a minha mão com carinho, enquanto seus olhos azuis me olhavam gentis.Eu me esforcei para dar um sorriso fraco em direção a eles, mesmo que eu ainda sentisse um pouco de dor.
- Você vai ter alta do hospital amanhã, né, Adrien? - perguntou Alya.
Eu balancei minha cabeça devagar. O efeito dos analgésicos era forte, e me deixavam um pouco desnorteado. Contudo, comparado a como eu não conseguia sequer sentir meu corpo dias atrás, eu me sentia bem melhor.
- É bom saber que tudo correu bem apesar do que aconteceu. - Luka abaixou a cabeça.
De repente, um clima ruim se espalhou pela sala do hospital. Todos abaixaram suas cabeças. No fundo, todos nós estávamos em choque pelo que havia acontecido, e mesmo que não fosse nossa culpa, eu sentia como se estivesse com o sangue de meu pai nas mãos.
Eu ainda estava assimilando o que havia acontecido. Meu pai iria matar Marinette, ele realmente atirou e se eu não tivesse entrado na frente, Marinette provavelmente estaria morta nesse momento. Mesmo assim...
Sinto uma dor quase sufocante no peito. É como se eu estivesse entalado e o ar não passasse direito.
Quando eu parava pra pensar no meu pai, eu começava a ficar nervoso e me faltava ar. A terapeuta veio fazer sessões comigo após os depoimentos da polícia serem colhidos, e ela me aconselhou a evitar pensar no meu pai e no que aconteceu.
Pelo visto, a minha câmera havia gravado tudo. Estava tudo bem claro sobre o que havia acontecido, e uma confissão do meu pai dizendo que matou minha mãe.
Depois que acordei no hospital, de tanto eu insistir, Marinette me levou ao enterro da minha mãe. Foi difícil, mas ela finalmente estava descansando em paz. Depois de anos, ela podia ir.
Os acontecimentos foram muito rápidos. Eu não sabia o que sentir. Não sabia se me sentia aliviado ou triste. Meu pai era um assassino, mas ainda era meu pai. O que eu deveria sentir naquele momento?
- Adrien - Marinette me chamou, apertando minha mão de leve. Ela estava preocupada comigo. - Não pense muito sobre isso. Vamos todos esquecer dessa história. O Adrien pode ter uma vida nova agora, nós temos que focar no futuro.
- Você tem razão, Marinette. - Eu sorri em direção à garota. - Temos que focar no futuro agora.
Mesmo que eu ainda me sentisse em uma confusão sentimental, eu tentaria me concentrar no que fazer agora. Esqueceria de vez o passado! Eu precisava fazer isso, ou então acabaria ficando bem pior.
- A terapeuta vem hoje? - Marinette perguntou.
- Eu não sei. Acho que ontem foi a última sessão que eu tive com ela.
A mulher havia me diagnosticado com Regressão de Idade, uma condição em que a pessoa passa a ter a mentalidade de idades infantis. Foi causado pelo trauma de quando eu vi minha mãe...
De qualquer forma, não tinha como saber se eu voltaria a regredir.
O Adrien de quatro anos só vinha à tona quando eu tentava "fugir da realidade". Acontecia quando minha mente precisava evitar o contato com gatilhos que pudessem me trazer as memórias que eu havia perdido. Inconscientemente, eu tinha medo de me lembrar de tudo, e por isso "saía da realidade" por um momento.
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Blondie - Adrinette
FanficAdrien Agreste, o modelo perfeito de dezesseis anos. De repente, Puff! Adrien Agreste, uma criança de quatro anos que precisa de atenção e carinho. Um adolescente trágico e psicologicamente ferido que de repente voltava mentalmente à sua versão cria...