Crise

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Ao sair do consultório ouvi o choro de minha mãe baixo enquanto caminhávamos. Ela estava tremendo um pouco, peguei em sua mão e sorri.

- Vai dar tudo certo, eu prometo.

- Meu filho, isso não é certo. A mãe quem deveria cuidar dos filhos e não o contrário.

- Isso é minha obrigação como filho, pode deixar mãe que vamos pagar as quimioterapias.

Eu não sabia como fazer isso, mas eu iria dar um jeito. Nem que eu trabalhasse duas vezes mais, ficasse em dois empregos. Eu iria pagar esse tratamento.

Ao chegar em casa mamãe correu para o quarto, ela estava tão cansada que nem chamou Naruto para ir deitar. Compreendia ela, por isso dei uma breve arrumada na cama e logo fui me deitar. Não deu 5 horas e o barulho do galo da vizinha me acordou com o amanhecer.

Meu sono foi leve, caso precisasse acordar. Mas ainda assim foi bom. Levantei-me e fui até a sala onde Naruto dormia.

- Acorda, Naruto. Acorda! - Balancei seus pés para que ele acordasse.

- Só 5 minutos.... por favor. - Suspirei intensamente e fui até o fogão colocar uma água para fazer o café. Tínhamos exatamente um pão e meia margarina.

- Pensando bem eu não estou com tanta fome. - Falei pra mim mesmo e cortei o pequeno alimento preparando ele para que meu irmão pudesse comer.

Logo em seguida procurei sobre os pés de maçã ao redor de nossa casa, tinha uma bem vermelha que consegui colher. Lavei bem ela e piquei deixando em um potinho ao lado da cama de nossa mãe.

- Vamos seu preguiçoso! - Empurrei o loiro do sofá e vi ele se espreguiçar com parte do rosto todo amassado.

- Bom dia pra você também, seu ranzinza. - Ele falou com a voz baixa.

- Seu café tá na mesa, va lá tomar antes que esfrie. - Arrumei minha cama e em seguida peguei uma xícara de café para mim, tomei rápido. - Avise seus professores que hoje vou receber, amanhã sem falta pagaremos a mensalidade.

Sorri brevemente e fui até meu armário para me trocar, coloquei algo bem casual e quando voltei a cozinha meu irmão já havia parado de comer e estava se trocando. Dei uma leve geral na cozinha e penteei os cabelos para sair.

- Vamos? - Falei enquanto abria a porta.

- Calma que eu tô escovando os dentes - Escutei naruto falando do banheiro, fiquei na porta o esperando. Passado uns 10 minutos ele apareceu. - Agora sim, vamos.

O primeiro lugar que passei foi o colégio dele, o deixei lá e em seguida parti para a cafeteria. Tinha algumas coisas a arrumar então comecei cedo. Isso me ajudaria um pouco. Logo que entrei vi Rin chegando com uma cara de sono na cafeteria.

- O que faz aqui? Não estava fazendo o turno da tarde? - Perguntei pra ela.

- Bom dia, pra ti também. - Ela falou mal humorada.

- Ah....- fiquei um pouco sem graça - Bom dia.

- Eu deveria estar fazendo o turno da tarde, mas tô devendo horas para o chefe e ele exigiu que fosse vir hoje de manhã.

- Vai ver como a manhã é horrível comparado a tarde.

- Sabe, eu queria mesmo outro emprego. Aqui não paga o suficiente para manter minha casa e meus gatos. - Rin se sentou em um dos bancos e começou a falar como se não houvesse amanhã. - Uma coisa mais grandiosa, que mostrasse a mulher que eu sou! Não uma simples garçonete!

- E que coisa grandiosa seria essa? - Perguntei enquanto tentava tirar uma sujeira que estava em uma das mesas.

- Em uma casa de shows! - Olhei pra ela incrédulo e comecei a rir, era muita humilhação trabalhar com isso.

- Nem fodendo que você quer trabalhar com isso. É um trabalho tão....sujo.

- Sujo é ficar aí, limpando mesa, valendo o chão e aturando um chefe alucinado nos nossos ouvidos. - Rin tinha uma personalidade forte, mas as vezes era grocesseira com suas palavras. Acho que ela acabou percebendo meu desconforto após sua fala. - N-não que o nosso trabalho não seja digno. Você não está me entendendo.

- Sim, tudo bem. - Sorri em resposta a ela e voltei a prestar atenção na mesa.

- Eles estão recrutando novos GPs. Tô pensando em ir. - Rin se deitou sobre o banco e sorriu para o teto da cafeteria. - Já pensou? Honoto Rin, a maior, melhor e mais gostosa garota de programa.

Não pude deixar de rir com o comentário da garota, era mesmo ridículo esse pensamento de que trabalhos sujos te levariam a fama ou ao luxo.

- É um dinheiro fácil pra mim, deidara. - Ela se sentou no banco e continuou falando. - Eu tô precisando desse dinheiro pra bancar minha faculdade.

- Eu também tô precisando, mas vou arranjar um outro emprego. Eu sei que vou conseguir.

- Vai? - ela me olhou de cima a baixo e suspirou - Deidara, você mal sabe ler e escrever. Quem dirá fazer contas. Onde é que eles vão colocar você?

Olhei para baixo e apertei os dedos dentro dos punhos fechado, ela tinha razão de certa forma. Mas eu iria conseguir.

- Alguém vai, eu sei que vão. - Sorri em resposta e fui até a porta prestes a abrir a maçaneta para começar os atendimentos. - Se arrume que vamos começar, hoje é só eu e você de manhã.

- Eu fico na cozinha! - A menina prontamente se levantou e foi para a cozinha fazer os primeiros cafés. Assim que os clientes chegavam eu mandava a comanda pra ela e ela prontamente me entregava o que dar a mesa.

Funcionamos bem assim um bom tempo, até que ela teve que ir ao banheiro e me deixou sozinho. Rapidamente me arrumei pra entrar na cozinha caso precisasse. Usei a toca e escondi bem meus cabelos nela. Apesar de ser difícil isso.

Os cabelos bem presos e escondidos, as mãos com as luvas e o rosto com a máscara para o manuseio de ingredientes. Estava um verdadeiro mestre cuca, eu me admirava pelo reflexo de uma das colheres me imaginando um dia ser eu um chefe renomado e muito bom.

- Ou! Não tem ninguém pra atender nessa espelunca? - Escutei uma voz forte e bem presente vindo do balcão. Fui até lá vestido como estava mesmo e vi um homem alto e muito bem vestido.

- Perdão, perdão senhor. - Me direcionei até ele e me curvei vagarosamente. - Estava um pouco ocupado lá dentro mas agora estou aqui pronto para lhe servir. Já sabe o que vai escolher?

- Sim, gostaria de um Death Wish. Por favor.

- Certo, algo pra acompanhar?

- Não. ‐ Ele falou de forma seca e se sentou em uma cadeira.

- Ok, qual seu nome pra anotar no pedido? ‐ Peguei o papel para escrever e sorri para ele.

- Obíto, meu nome é Obíto....

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Eu sei que o cap de hoje tá meio longo, mas eu tô tão ansiosa que talvez saia mais um ainda hoje 🤭

O que estão achando da história meus amores? Tá bom, não tá...

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