como ousa

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NO DIA SEGUINTE

Acordei uns minutos antes da Delma. Quando a vi dormindo, fiquei a admirando. Quanto mais eu olhava para ela, mais vinham as cenas da nossa noite anterior, o que me fazia sorrir.

"Preciso pôr uma roupa", penso. Me sento na beira da cama, procurando as minhas roupas, ainda sentada.

- Meu Deus! - Delma fala, se sentando rapidamente na cama.

Eu me viro para ela e pergunto o que houve.

- Suas costas estão muito arranhadas - ela fala, passando a mão nas minhas costas.

- Ai!!

- Dói muito?

- Não dói nem um pouco - falo, rindo.

Ela me dá um empurrão e se deita, cobrindo a sua cabeça com o lençol. Eu me aproximo dela, dou um abraço e um beijo na sua bochecha, mesmo com o lençol em sua cabeça.

Tiro o lençol da sua cabeça e dou um selinho em seus lábios. Ela fica me olhando e eu dou um sorriso para ela. Ela me puxa, me dando um beijo técnico.

Mas sempre tem algo para atrapalhar, né? O alarme toca e ela desliga. Me deito na cama, com a mão passando na minha cabeça. Olho para Delma, ela já estava me olhando. Ambas riem uma para a outra. Delma encosta a sua cabeça perto do meu seio e fala.

- Que vergonha!

- Vergonha de quê? - falo rindo.

- Eu tô aqui nua em cima da cama, ainda nem escovei os dentes e já nos beijamos de manhã cedo, e agora eu tô aqui com a cabeça perto do seu peito.

Eu abraço ela, dando um sorriso. Ela se levanta, cobre a minha cabeça e sai correndo para o banheiro.

Eu fico só rindo. Me levanto da cama e bato na porta do banheiro e falo.

- Posso banhar contigo?

- É sério? Você não tem vergonha que eu fique olhando pro seu corpo?

- Não, até porque vou ficar distraída olhando pro seu.

- Deixa pra outro dia.

- Ok. - falo um pouco decepcionada, mas eu entendo ela.

Vesti minha roupa e fui preparar o café da manhã.

DEPOIS DE ALGUNS MINUTOS

A Delma vem toda envergonhada, com a cabeça baixa.

- Eita!! Que princesa linda. - falo, indo em direção a ela para abraçá-la.

- Para! - ela fala, retribuindo o abraço.

Nós nos sentamos e tomamos nosso café. Eu não conseguia tirar os olhos dela; toda vez que ela me olhava, ficava com vergonha e baixava a cabeça rapidamente.

Quando estávamos saindo de casa, eu pego em seu braço e a puxo, colocando minhas mãos em seu rosto e dando um beijo em sua boca. Depois do beijo, eu olho para ela e falo "Vou ficar com saudade, como todas as vezes que fico longe de você." Ela não diz uma palavra.

Nisso, saímos. Levei-a para o trabalho e depois fui para casa.

A NOITE

Quando chego na casa da Delma, eu a vejo conversando com um cara. Ele é da mesma altura que a Delma, magro e estava usando um boné preto.

Me aproximo deles dando boa noite. Delma imediatamente enxuga as lágrimas que desciam pelo seu rosto. Pergunto se está tudo bem e ela responde que sim. Falo que, se ela precisar de alguma coisa, é para me chamar que estarei na sala.

Entro olhando para o cara, e ele faz a mesma coisa. Não demora muito, ela entra. Vou até ela e pergunto:

- Você está bem? Quem era ele?

- Eu estou bem! É o meu ex. - ela fala com tom de voz triste.

- Quer me contar o que aconteceu...

Eu olho para o braço dela e vejo uma marca em seu pulso. Pergunto a ela que marca era aquela, e ela começa a chorar. Eu a abraço com força e tento acalmá-la.

Depois de alguns minutos, ela para de chorar, mas eu não pergunto nada por enquanto. Iria esperar que ela contasse.

Levo-a para o quarto e volto para fechar a casa.

Vou até o quarto, vejo-a toda deprimida, o que me parte o coração. Pego o lençol e a cubro. Ela pega na minha mão, pede para eu deitar com ela e desligar a luz. Assim eu faço.

Me deito ao lado dela, e ela se aproxima de mim, ficando toda encolhida no meu braço. Ela agradece por eu não ter insistido em falar sobre o assunto.

Depois, ficamos em silêncio até que ambas dormimos.

No dia seguinte, eu não estava sentindo o meu braço. Delma estava na mesma posição em que ela dormiu. Tiro o meu braço sem acordá-la, mas missão incompleta, ela acorda sorrindo.

- Teve um ótimo sonho? - pergunto.

- Sim, sonhei contigo, e foi um sonho incrível.

- Me conte, vai!

- Não, se não ele não vai se realizar. Quando estiver se realizando, eu aviso. - ela pega o meu braço e faz massagem.

A marca no seu pulso sumiu, aquele cara deve ter segurado ela com muita força. Se aquele infeliz mexer com ela outra vez, eu mato ele. Delma puxa o meu braço, tirando a atenção dos meus pensamentos.

- Tá pensando em que?

Balanço a cabeça em negação.

Sobre ontem...

Ela finalmente vai falar sobre o que eu queria ouvir.

- Aquele cara é o meu ex, ele veio aqui para nos reconciliarmos, mas eu não aceitei. Ele ficou muito bravo e ficou falando muitas coisas que me tocaram. Por isso que eu estava chorando, e a marca em meu pulso. Bom, não foi ele, eu estava com medo, Sempre que estou com medo ou nervosa, eu aperto o meu braço.

- Tem certeza de que foi isso?

- Sim, eu não mentiria para alguém que amo. - ela fala toda envergonhada.

Eu sou um pouco lerda, fui entender só alguns segundos depois o que ela falou.

- O... o quê? Você me ama?

Ela afirma com a cabeça. Eu dou um grito, começo a sorrir e abraço ela com força. Eu seguro sua cabeça com as duas mãos e falo "Eu amo você também" e dou um beijo nela.

- Você é o amor da minha vida, de verdade. Vamos nos casar? Eu não quero perder tempo. Eu quero você para toda a minha vida. - falo, segurando sua mão.

- Casamento? Está cedo ainda, nós nem namoramos direito.

- Vamos casar na próxima semana?

- Vamos com calma. Está bom? Nem você nem eu vamos morrer tão cedo. Vamos com calma, aproveitar cada momento.

- Se você quer assim, vamos fazer isso. - falo, abraçando-a.

Levei-a para o trabalho. No caminho, estávamos muito sorridentes e fomos de mãos dadas durante todo o percurso.

Quando chegamos lá, despedi-me dela, dando um grande abraço e um beijo. Ao me virar para ir embora, ouço um barulho "pa pa pa".

Olho para trás e vejo a Delma caída no chão...

Me levanto da cama com a respiração  ofegante em um lugar totalmente desconhecido.

- Mãe! Mãe! Ela acordou. - alguém fala.

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sonho ou realidade ( Romance sáfico )Onde histórias criam vida. Descubra agora