Amigos da Vizinhança

• 029 [Opaline Jackson] •

No outro dia, Leslie conseguiu comprar o teste de gravidez para mim, e eu finalmente tive a resposta.

Sim, eu era a grávida da vez.

Quando recebi a notícia, eu mal consegui ter uma reação imediata. Apenas fiquei na mesma posição: sentada no vaso sanitário, com os olhos vidrados no teste.

Eu não sabia nem por onde começar, então eu apenas fiquei naquela posição, até que Leslie aparentemente ficou preocupado e apareceu:

— O que aconteceu, Opaline? — meu IA questionou.

Eu então mostrei o teste para ele.

— Estou grávida. — eu disse para ele, ainda atônita.

— Oh. — foi tudo o que ele disse. — ... E o que você vai fazer agora?

— O que mais eu tenho que fazer? Eu tenho que ir contar para o Miguel! — expliquei, levantando do vaso e saíndo do banheiro, indo direto para meu quarto.

Assim que peguei meu relógio e coloquei o uma roupa decente para sair, eu saí de casa e fui direto para o prédio da Sociedade Aranha.

Eu poderia acabar passando mal novamente e fosse planando pelas ruas de Nova York usando minhas teias e, agora que já tinha certeza de que estava grávida, achei melhor pegar um táxi para ir até lá.

Assim que cheguei no local, Lyla apareceu para me receber:

— Pensei que você não viria hoje, Opaline. — comentou ela, não muito incomodada e de braços cruzados. Me pergunto se Leslie já deu um jeito de contar para ela que estou grávida, mas pela sua expressão, acho que não.

— É, também pensei que não. — foi minha resposta, apertando o teste de gravidez firme em minhas mãos (é óbvio que eu havia o levado, eu tinha que o mostrar para Miguel).

E foi aí que Lyla percebeu que eu tinha algo em mãos:

— Ei, o que é isso?! — a IA questionou, sumindo e aparecendo mais perto da minha mão. Antes mesmo que eu pudesse falar alguma coisa, ela já tinha o visto, e me encarou boquiaberta. — ... É o que eu estou pensando que é?

Soltei um suspiro, e fiz que sim com a cabeça.

— Sim, é exatamente o que você está pensando o que é, e também é o motivo de eu estar aqui hoje. — a expliquei. — Cadê o Miguel? Preciso conversar com ele.

— Miguel está na sala dele, trabalhando. — explicou. — Devo avisar que você está aqui?

— Acho que seria bom.

Lyla assentiu, e então foi embora. Assim que ela o fez, eu segui meu caminho.

O prédio da Sociedade Aranha era gigantesco. Eram diversos corredores em diversos lugares com várias pessoas-aranhas em qualquer lugar.

Então, por ser um caminho longo até a sala de Miguel, no qual você vai ser constantemente barrada, seria bem difícil que não percebessem o teste de gravidez (e isso era uma coisa que eu não queria que acontecesse, por medo de que pudessem contar para meu namorado a notícia antes de mim).

No meio do caminho encontrei Gwen e Miles saíndo em uma missão, também encontrei o Spider-Noir logo após eles. Foi muito fácil despistar os dois.

Mas não foi tão fácil quando encontrei Hobie e Peter. Os dois pareciam estar percebendo há tempos que algo estava errado, e quando me viram logo perceberam que algo sério havia acontecido.

E mesmo que tenha demorado, no fim de tudo, eu consegui passar por eles dois também.

E depois disso, sem mais nenhuma interrupção, eu finalmente cheguei a sala de Miguel.

Assim que entrei, o encontrei trabalhando bastante focado em seus monitores (como sempre).

— Muito ocupado? — questionei um tanto tímida e sem jeito, soltando uma teia para ir até a plataforma onde ele estava.

O O'Hara levantou as sobrancelhas assim que ouviu minha voz, e assim que me viu, sorriu e foi até mim.

— Ah, finalmente você chegou! — ele disse, me dando um rápido beijo. — Lyla me falou que você estava por aqui, mas eu estava ocupado demais para ir até você... Está tudo bem com você, cariño.

— Sim, está sim. — eu respondi, sorrindo para ele.

Está tudo bem tirando o fato de que tem um ser vivo crescendo dentro do meu bucho. foi o que imediatamente passou pela minha cabeça.

Soltei um suspiro quando tive aquele pensamento. Ficamos um bom tempo em silêncio, e foi tempo o suficiente para que ele percebesse que algo estava errado:

— O que foi, mi vida? — Miguel perguntou, seu tom de voz preocupado enquanto ele acariciava meu rosto, seu toque terno e quente como sempre. — Por que está com essa cara?

— ... É que eu preciso te contar algo, Miguel.

— Oh. — ele falou, e aquilo significava que ele já tinha entendido que era uma conversa séria. — Aconteceu alguma coisa?

Fiz que sim com a cabeça.

— É algo muito grave?

— ... Digamos que um pouquinho. — expliquei. Sem saber o que dizer mais, eu apenas peguei o teste de gravidez e entreguei para ele.

Imediatamente, Miguel paralisou e pareceu ficar pálido quando viu o que eu tinha em mãos, o qual ele lentamente pegou assim que eu o estendi para ele.

Ficamos mais um bom tempo em silêncio. Miguel estava com os olhos fixados no testes até que ele finalmente disse alguma coisa:

— Isso é o que estou pensando que é? — indagou ele. — Você está grávida?

Fiz que sim com a cabeça, nervosa por não conseguir perceber se ele estava contente ou não com a notícia.

— O que nós vamos fazer agora, Miguel? — eu ousei perguntar.

Assim que eu perguntei aquilo e antes que Miguel pudesse responder, a risada da outra filha dele, Gabriella, ecoou de algum vídeo que passava pelos monitores.

E aquilo só piorou o clima do ambiente. Miguel olhou para a tela por alguns instantes, antes de enfim fechar o monitor que passava o vídeo.

— Nós vamos dar um jeito. — Miguel explicou, segurando naquele firme minha mão e me devolvendo o teste. — Não importa como, mas nós vamos dar um jeito de cuidar desse bebê, juntos, ok?

Fiz que sim com a cabeça, sorrindo fraco para ele. Pelo menos aquilo era uma garantia de que ele não me abandonaria.

Eu então olhei as horas no meu relógio.

— Já está chegando a hora do almoço, melhor eu ir para casa. — expliquei. Miguel assentiu.

— Tudo bem. Vou pedir um carro para você. — disse ele, me pegando pelo ombro e me levando até a saída de sua sala.

[Capítulo ainda não revisado.]