𝚃𝚑𝚎 𝙱𝚎𝚐𝚒𝚗𝚗𝚒𝚗𝚐
As cartas chegaram no começo do ano passado, a princípio achei que era uma piada de mal gosto, quando se é uma detetive sempre vai ter pessoas que nunca irão gostar da sua qualificação para o serviço, ou poderia ser de alguém com sede de vingança por eu prender alguém da família, enfim muito inimigos para contar, e é assim que detetives vivem, mas as coisas estavam ficando preocupantes, chegavam presentes, fotos, e coisas aleatórias junto das cartas.
Eu não quis me preocupar, decidi não contar para ninguém, parecia ser burrice essa decisão, porém para quem eu iria dizer, minhas opções eram minha mãe que na maioria dos dias estava bêbada ou meu parceiro Casey, que por sinal era meu namorado também, e era isso, eu só tinha os dois na minha vida.
Acho que não consigo imaginar um dia da minha vida em que minha mãe estivesse sóbria, na verdade, ela foi o motivo da minha entrada na academia de polícia, simplesmente pelo fato de todos os dias da infância até a minha adolescência ela me esquecer na escola e eu tive que esperar ela na delegacia mais próxima da nossa casa, até que em algum ponto a delegacia realmente virou a minha casa e meu pai, bom ele não estava lá, ele nunca esteve na realidade, de acordo com minha mãe ela estava tão bêbada que ela nem se lembrava do nome dele.
E Casey minha última pessoa a recorrer estava muito ocupado tentando me ignorar de todas formas, pois de acordo com ele, eu peguei a vaga de detetive que era dele, como se eu não tivesse trabalhado com todo meu sangue pela vaga.
O que eu diria, "oi galera! Eu tenho um stalker agora e ele me mandou um pendrive com imagens de vocês, imagens da casa de vocês" acho que eles iriam me amar mais ainda, como se eles tivessem prestando atenção em algo que eu faça.
Até que uma noite chegando do serviço eu percebi que minha casa estava com a porta aberta, poderia ter sido a minha mãe que desmaiou antes de trancar o apartamento, porém eu estava ficando obsessiva sobre as cartas então saquei a minha arma, queria ter certeza se estava tudo limpo.
Realmente minha mãe estava jogada no sofá dormindo, até que eu vi na porta da geladeira uma foto, ela estava com sangue, e atrás estava escrito ''eu machuquei ela e ela nem percebeu'', eu fiquei desesperada, corri para o sofá, toquei em minha mãe até ela acordar, eu estava agitada.
— Mãe, acorda, mãe.
— Allison, pare de gritar, eu estou com dor de cabeça, me deixe dormir.
E então eu vi a sua mão com uma faixa, e soltei o ar que eu nem sabia estar prendendo, eu caí sentada no chão.
— O que é isso em sua mão?
Ela não me respondeu, eu não insisti, sabia que ela não iria acordar tão cedo, e ao longo dos dias ela foi para o bar e ficou lá por dias.
Os dias seguintes eu estava preocupada, fiz questão de checar todas as entradas do meu apartamento, nada, não tinha respostas, mandei analisar a foto para ver se tinha alguma pista, nada, não consegui nada, eu não estava dormindo direito, chegava a dormir no chão ao lado da minha mãe para garantir que ela ficasse bem, liguei três vezes para Casey, sem sucesso, porém ele estava bem, eu via ele na delegacia em alguns horários.
Tudo pareceu piorar quando alguém começou a me ligar, não falava nada, só tinha sua respiração do outro lado da linha, até que em uma noite de madrugada ele falou algo.
— Vamos brincar de esconde-esconde Ali?
Não tinha como identificar a voz, eu só sabia que isso me deixou arrepiada e sinceramente com raiva, por isso eu soltei a seguinte frase em seguida.
— Quem é o idiota, eu cansei dessas brincadeiras, quem é você e o que você quer?
Eu literalmente gritei essas palavras, estava cansada.
— Eu quero brincar de esconde-esconde Ali, eu vou dar uma vantagem para você, vou deixar você se esconder primeiro, ou mato a sua família, seus colegas de trabalho e de brinde o idiota do seu namoradinho.
Eu dei risada, só poderia ser uma piada mesmo, ele estava me irritando
— Você sabe que está ameaçando uma policial, certo?
— Não tenho medo de policiais, Allison, você deveria ter percebido isso quando as cartas começaram, seja mais inteligente, estou te dando uma vantagem na nossa brincadeira, você tem 48 horas para se esconder Ali, se não, você é minha.
E a chamada acabou, eu não estava acreditando que ele realmente achava que eu iria cair nessa ligação estúpida, eu estava possessa, todos os significados de ódio eu sentia, eu estava propensa a ignorar aquela ligação igual fiz com todas as cartas, me sentei de costas para porta do quarto com as mãos na minha cabeça me perguntando porque isso estava acontecendo comigo.
Eu acordei com dor pelo meu corpo todo, dormir encostada na porta, minhas costas estavam me matando, porém, nada que um remédio não iria resolver, meu dia foi caminhando como normalmente, fui para delegacia, avistei Casey, estava cansada de correr até ele pelo simples fato de ele não aceitar que consegui um cargo superior, eu queria que ele falasse na minha cara que iria terminar comigo porque ele não era confiante o suficiente para namorar alguém com um cargo acima do dele.
Ele iria passar reto, porém me coloquei na frente atrapalhando o caminho
— Desculpa, detetive, mas eu estou no horário da minha patrulha, você não tem algum homicídio para cuidar? Se a senhora ficar desocupada vão pensar que você é muito irresponsável para o cargo.
Ele soltou a palavra ''detetive'' com ironia, isso me fez rir.
— Sério, que você está fazendo isso Casey? Cresça, você diz que eu sou muito jovem para o cargo, mas é você que age como uma criança mimada que não ganhou um brinquedo na loja.
Ele parecia chocado com as palavras que saíram da minha boca, já que normalmente eu não falo o que vem na minha mente, só que eu fiz por merecer esse cargo, eu não vou tirar o meu mérito para alimentar seu ego. Ele não respondeu, e eu também não dou tempo para ele falar.
— Acho que acaba aqui então, nosso relacionamento.
Se ele estava chocado antes, agora ele estava desesperado
— O quê? Foi conseguir a promoção que você vai terminar? Agora esqueceu que éramos parceiro de patrulha também, você que deixou ego subir, desculpa detetive, mas eu tenho patrulha e não aceito o pedido de término, tenho que ir.
— Você não tem que aceitar...
Ele não me deixou terminar minha frase e disse
— A gente não está terminando Adams, olha só, me desculpa, eu fiquei com raiva, pois estava aqui a mais tempo que você, fui um idiota, e agora eu realmente tenho que ir para patrulha, eu não posso parar para tomar café com os detetives — ele sorri olhando para mim e me dá um beijo rápido, tão rápido que eu não conseguir dizer nada.
— Vamos jantar juntos amanhã, não aceito nada menos que um sim — ele entra na viatura e acelera rápido saindo do estacionamento.
Era sempre assim as nossas brigas eu falava e ele fingia escutar, dizia desculpa e presumia que eu aceitei sem deixar eu falar uma palavra, mas eu estava preocupada demais com os meus problemas para pensar nisso.
Enfim, eu tinha algumas horas para pensar se eu iria me esconder ou não, eu deveria deixar Nova York para trás e deixar tudo para trás por causa de uma ligação?
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The Obsession - Spencer Reid
RomansAli ''Alisson'' Adams sempre soube desde pequena que iria ser policial, ela não sabia se era pelo fato de seu pai ter ido embora ou pelo fato de passar mais tempo na delegacia da sua cidade do que em casa, quando finalmente realizou seus sonhos de s...