01: Refúgio

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Para mim, pensar que apenas o ato de ler me tranquiliza e me ajuda a desestressar é algo diferente, para não dizer estranho. A maioria das pessoas se tranquilizam através de um bom programa de televisão ou passando um tempo com a família. A mim isso não se encaixa, até porque moro numa cidade um pouco distante da que minha família reside e além do mais, mal tenho tempo para assistir algo interessante.

Depois que descobri uma traição da minha ex-noiva, imergir no universo literário tem sido algo que me faz esquecer o quão estava doendo precisar desapegar de alguém no qual amei por quatro longos anos. Todas as lembranças - mesmo que pequenas - eram uma tortura enorme para mim.

Já não basta estar doendo o fato de lidar com uma infidelidade, agora preciso lidar com lembranças afetivas no qual vivi com ela durante esse período que estivemos juntos. Mas, tem como piorar, não?

Porém, pensar positivo não amenizava muito a dor que morava no meu peito. Nunca quis tanto que essa alternativa fosse possível.

Eu ainda me encontrava no estágio de aceitar o fim daquele ciclo. Estava sendo difícil a ficha cair de que ela não cumpriu o colocado como regra primordial no relacionamento e eu tive que ser obrigado a desfazer algo no qual lutei para continuar mantendo da melhor forma. Estresse no trabalho, no relacionamento. Será que vou sobreviver a essa loucura? Oh meu bom Senhor, apenas me diga o que eu faço em meio a esta bagunça.

Sem que eu perceba, eu chego em meu trabalho após 35 minutos pedalando. Meus pensamentos haviam sido tão profundos que mal percebi o tempo no qual havia levado para chegar e nem se quer a lonjura do trajeto. Eu realmente estava imensamente distraído com tudo isso, porém, duvido que meu superior iria levar isso em conta, até porque precisamos cuidar de projetos importantes naquela semana.

Em todo o meu trabalho na área de marketing e propaganda, não imaginava pegar projetos ousados como estive pegando nos últimos meses. Aparentemente, a empresa que trabalho, a Sayi Company pretendia chegar em empresas maiores para oferecer serviços. Seja de inauguração, eventos internos e externos. Qualquer coisa relacionada ao público.

Chegando na porta do pequeno prédio, acabei tendo uma desagradável vista. Minha ex-noiva em frente do prédio, parecendo estar esperando alguém.

O tempo que eu saí da minha bicicleta e a estacionei foi tempo suficiente para notar uma expressão de tristeza em sua face. Olhos perdidos, ombros caídos e pequenos suspiros que escapavam pouco a pouco. Apenas a minha aproximação - mesmo que sutil - foi necessária para ela notar minha presença.

Apesar dela estar daquela maneira, o resquício de atração física no qual habitava em mim foi ativada, relembrando novamente de como eu me sentia quando a via depois de muito tempo. Não existia coisa mais agonizante do que aquilo na hora.

Ela me olhou e rapidamente abraçou o meu corpo, enquanto soluços involuntários surtiram nos lábios. Eu fiquei paralisado, mal pude mover um músculo.

- Me perdoe Nam. Por favor.

Quando aquele momento de paralisação abandonou meu corpo, eu a afastei, sem querer machucar seus braços com a minha força. Até evitar de machucá-la eu me preocupava, mesmo que ela me feriu de uma maneira inexplicável.

- Sun Hee, vá embora. É só isso que eu te peço.

- Vamos conversar...eu posso explicar tudo. - ela começou a chorar.

- Se for para fazer cena aqui, não vai funcionar. Passe bem.

Eu passei por ela e adentrei no prédio, tentando manter a serenidade mental. Apenas de ter a visto, meu interior havia se bagunçado e a única alternativa que achei para não demonstrar minha fraqueza foi a frieza. Não sou uma pessoa fria, mas de última hora, precisei agir com indiferença para que amenizasse os danos no qual já estavam sendo causados pelo fato dela estar presente ali.

Minha querida camomila - Kim Namjoon (RM)Onde histórias criam vida. Descubra agora