Reconstrução De Amor.

31•

3 meses depois...

P.O.V.  Erica Davis.

-Beleza, só falta agora empacotar algumas coisinhas, o mais difícil já foi! - Disse Bruce.

E eu concordo.

-Amiga ainda não acredito que você vai mesmo nos abandonar...- Disse Miranda juntando algumas caixas. - Não queria que se afastasse logo nesse momento, quero estar ao seu lado, você sabe disso.

-Miranda, eu já disse que vou superar sozinha, aos poucos mas vou. E eu não vou sumir, o tempo que eu precisava ter sozinha eu já tive, quando quiser me ver é só ir até à mim. - Respondo sendo direta. - Mas essa cidade não me faz mais bem, realmente preciso ir. Vou tentar retomar minha vida, mesmo não tendo mais uma. - Respiro fundo para não voltar a chorar.

A campainha toca e Bruce atende. Era Brayden.

-Fala aí...- Brayden cumprimenta Bruce e ele apenas balança a cabeça.

-Pode deixar ele entrar. - Falo com indiferença.

Depois de tudo que aconteceu, não tivemos mais tanto contato mas pelo que soube ele ficou tão mal quanto eu. E aparentemente continua na merda, assim como eu.

So pela sua aparência da pra ver que ele não dormia direito, estava bem magro, com a barba pra fazer e com o olhar caído. Diria que fisicamente ele está pior que eu.

-Posso falar com você? - Perguntou e eu assenti. - A sós.

-Beleza, vamos lá no quarto. - Falo e subo com ele vindo logo atrás.

Entramos no meu quarto e ele faz a mesma coisa de sempre quando está nervoso, passa as mãos pela cabeça.

-Você não pode fazer isso, Erica. Não pode. - Falava completamente atordoado, seu olhar perdido e vazio partiu meu coração. - Você não pode ir, me deixar.

-Não só posso como vou. - Digo séria. - Você não precisa de mim, nunca precisou. E agora você tem até mesmo outra Mavie né? ou pensou que eu não iria saber que vocês resolveram dar o nome da MINHA filha pra filha de vocês! Isso foi desumano Brayden? como deixou ela fazer isso? o nome da nossa filha morta!

-ELA QUE FEZ ISSO, ELA QUE REGISTROU! - Se desesperou. - Eu jamais faria isso, e nunca vou perdoar ela por fazer isso. Erica eu não consegui comparecer pra ver minha filha quando nasceu, eu simplesmente sumi por mais de uma semana e quando resolvi tirar forças da onde não tinha para ir ver minha filha pela primeira vez, soube por Jenna a loucura que Cassidy cometeu. Eu e ela brigamos feio, e ela ainda alegava que fez isso em homenagem a ela...você não consegue entender que Cassidy é impossível de controlar? ela se dedicou a desestabilizar totalmente a minha vida! só que agora ela passou de todos os limites e eu...eu nem consigo reagir, perdi minha filha! sinto a mesma dor que você, a mesma falta, o mesmo vazio, o mesmo desespero, me sinto perdido, não tenho nem forças para ser um pai daqui pra frente, o que vai ser de mim? me diz? me dediquei todo esse tempo para ser o pai que ela merecia? e agora? - Desabou, derrotado. - Me perdoa, me perdoa por tudo que Cassidy te fez passar, e me perdoa mais ainda por não conseguir impedir atos como esses que pioram ainda mais tudo que estamos passando. Eu te amo, Erica, te amo mais do que tudo...mas entendo que o melhor pra você seja reconstruir sua vida longe de mim e de tudo isso. Sinto muito por tudo. - Limpa as lágrimas me abraça forte. - Nunca se esquece do amor que sinto por você e por nossa filha. - Meus braços apertam sua cintura, e eu não queria nunca mais me soltar dali, o alívio que eu não sentia a muito tempo eu tive ali, com ele.

Ficamos um bom tempo abraçados chorando muito. Ali tivemos o momento que precisávamos, depois da perda, era aqui ali que ambos precisavam. O consolo um do outro, pois só a gente sabia o que sentia, só nós dois entendíamos e partilhávamos da mesma dor. E isso reconfortava um pouco o coração, sabemos que não estávamos sentindo isso sozinhos.

-Eu amo você, mas preciso ir. Jamais vou esquecer da nossa história. - Digo entre os soluços.

Brayden assente, beija minha e me da o último beijo. Meu coração aperta tanto que chega a doer.

-Eu te amo, Erica. - Diz assim que nos soltamos. - Adeus.

-Adeus. - Me despeço com as lágrimas rolando sem parar.

Por fim ele vira as costas e saí. E ali eu fico por horas, chorando na cama, sem parar até me sentir pronta para voltar a fazer o necessário:
Empacotar tudo para finalmente ir embora. De vez. Sem olhar pra trás.