Prólogo

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Era hora de mudar de cidade novamente e a ideia de voltar a Ohio não saía de sua mente. Ele sabia dos riscos e que não era uma boa ideia, mas sua mente não pôde deixar de imaginar como seria revê-la. Ele conseguia sentir o cheiro que o outono deixava na cidade, das cores que as ruas ficavam e de como as pessoas costumavam lotar os cafés próximos ao hospital.

Ele suspirou ao lembrar do hospital. Lembrava vividamente do dia em que, como médico, havia ajudado a consertar a perna quebrada de uma jovem sonhadora chamada Esme. Dez anos já haviam se passado, e muito mudou desde então. Antes eram apenas ele e Edward os solteiros do clã, agora Edward estava casado e com uma filha que teve quando Bella ainda era humana. Tão humana e corada quanto Esme era, mas diferente dele, Edward não foi capaz de abandonar o sentimento e deixar para trás a mulher que arrebatou seu coração.

Eram poucas as vezes que Carlisle se permitia pensar nela com tanta liberdade, em sua maioria ele estava cercado por pacientes e seus filhos, principalmente Edward que era capaz de ler seus pensamentos. Mas ali, naquele prédio em Milwaukee, cidade escolhida a dedo por Alice, ele se permitiu deixar sua mente vagar enquanto aguardava o horário marcado com a arquiteta que sua filha Alice tinha marcado.

Um empurrão na porta e um sino suave soou anunciando a chegada de alguém. Uma jovem mulher de cabelos escuros e passos firmes cruzou a sala caminhando em direção a recepção dando um cumprimento alto e educado de "boa tarde" a quem estava por ali. Carlisle não conseguiu ver seu rosto, mas se intrigou ao ouvir a recepcionista a cumprimentar pelo sobrenome Platt.

-O cliente das três já chegou?- A voz suave questionou descansando a pasta larga de desenhos sobre o balcão.

-Sim, ele está ali.- A moça apontou para Carlisle e sorriu ao ver que ele já as encarava.

Ela se virou lentamente, e seus olhos encontraram os dele que se ergueu surpreso. Foram apenas alguns passos e um instante de reconhecimento, para logo surgir um brilho de surpresa e alegria nos olhos de ambos.

-Carlisle?- Sussurrou Esme, como se mal pudesse acreditar no que via.

-Esme.- Carlisle sorriu, emocionado.- Como você está?- Ele mal podia acreditar no que via.

Os dois se abraçaram, e as palavras fluíram como uma torrente. Qualquer um que os olhasse poderia reconhecer a alegria que emanava de ambos com o encontro. Esme o convidou para sua sala e sem nenhum questionamento foi seguida. A pasta sobre o balcão foi esquecida ali, a recepcionista não hesitou em guardá-la com medo de interromper a alegria que via na mulher que conhecia a apenas alguns meses.

Em sua sala e já acomodados Esme compartilhou sobre sua jornada como arquiteta, seus projetos realizados, desafios superados e conquistas alcançadas. Poupou alguns detalhes sobre seu ex noivo e os problemas que enfrentou com ele. Carlisle, por sua vez, falou sobre seu trabalho contínuo como médico e como a lembrança da jovem arquiteta sempre o acompanhou.

O tema da visita acabou sendo posto em segundo plano, Carlisle não se importou, adoraria ter um motivo para voltar a vê-la e a convidou para um passeio pela cidade com a desculpa de não conhecê-la e querer entender sobre sua arquitetura antes de decidir sobre a casa. E assim foi, ambos decidiram passar a tarde juntos, visitando os lugares que Esme fez questão de apresentar.

O tempo nublado poderia ter sido um motivo de tristeza para Esme que acreditava que com o brilho do sol tudo se tornaria mais bonito, mas para Carlisle, aquilo só deu mais um motivo para sorrir. Até o clima contribui para um passeio com Esme.

Os saltos finos dela deram uma razão para ele oferecer seu braço como apoio, ela corou com o cavalheirismo dele, mas não hesitou em aceitar e assim caminhar com ele por alguns pontos próximo ao seu ateliê. Não demorou até que eles focassem a conversa em si e parassem em um café aconchegante, riram sobre as lembranças do dia em que suas vidas se cruzaram pela primeira vez. Esme expressou sua gratidão pelo papel de Carlisle em sua recuperação, e ele a admirou pela mulher forte e talentosa que ela havia se tornado.

Esme não pareceu se chocar com a falta de envelhecimento dele e Carlisle não quis ser racional sobre aquilo. Se ela estava bem, ele também estava. Nada poderia atrapalhar a alegria dele em rever a, agora mulher, que lhe roubou os pensamentos durante dez longos anos.

O reencontro foi mais do que um simples encontro após uma década. Foi um momento de celebração da vida, do crescimento e da conexão que o tempo e a distância não foram capazes de apagar. Carlisle e Esme perceberam que, mesmo com as mudanças ao longo dos anos, a chama que os uniu ainda queimava, agora, de uma forma renovada. E assim, naquela tarde de outono, uma nova página se abriu para Carlisle, e ele estava pronto para descobrir o que o futuro reservava para ele e Esme.

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