Capítulo 2: Inesperado

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Quando os pratos foram retirados, Carlisle e Esme suspiraram suavemente, reconhecendo que o momento especial que compartilharam à mesa estava prestes a chegar ao fim. A atmosfera ao redor deles estava impregnada de uma mistura de satisfação e, ao mesmo tempo, um leve toque de melancolia.

Por algum motivo, Esme sentia a necessidade de prolongar esse momento, de estender o tempo que tinham juntos. Assim como anos antes, ela temia que em um dia comum Carlisle se aproximasse apenas para dar a notícia de que se mudaria, ou nesse caso, desistiria da cidade e iria para outra.

Houve uma pequena discussão sobre a divisão da conta, mas Carlisle, como um verdadeiro cavalheiro, recusou-se a deixar Esme pagar. Após ele efetuar o pagamento, Esme sorriu delicadamente e propôs:

-Que tal darmos um passeio pela praia? A noite está linda, e eu adoraria aproveitar um pouco mais.

-Será um prazer, Esme. Não há lugar onde eu preferiria estar agora.- Carlisle, cativado pelo brilho nos olhos de Esme, concordou prontamente.

Ao saírem do restaurante, a brisa noturna acariciava seus rostos enquanto caminhavam em direção à praia. A lua refletia suavemente na areia úmida, criando um cenário sereno. Esme e Carlisle continuaram a conversar, compartilhando risos e confidências, enquanto o som suave das ondas fornecia a trilha sonora perfeita para esse capítulo especial da noite. O momento parecia se esticar, permitindo que eles desfrutassem da companhia um do outro por mais um tempo precioso.

Esme mordeu o lábio na tentativa de segurar o riso, Carlisle andava engraçado na falha tentativa de não deixar que a areia entrasse em seu sapato.

-Eu realmente acho que não foi uma boa ideia, desculpe.- A voz dela soou embargada pela risada contida.

-Você foi inteligente ao tirar os saltos, eu não tive o mesmo raciocínio.- Ele coçou a cabeça envergonhado e se abaixou tirando os sapatos e colocando dentro de cada um suas meias.- Faz anos que não caminho por uma praia.

-Não se martirize, essa é a primeira vez que venho a praia em sete anos.- Ela sorriu se sentando na areia fofa, ele a acompanhou.

-Não entendo.- Ele iniciou com a voz transmitindo sua confusão.- Nunca veio a esse restaurante, não veio a praia. Lembro como gostava de se aventurar e conhecer coisas novas, porque não fez nada disso?

Ela sorriu contida. A conversa estava chegando a um ponto necessário, a parte feia de sua história que ela não contou a ele.

-Eu conheci um rapaz chamado Charles pouco após iniciar o secundário.- Os olhos dela se tornaram distantes e Carlisle se manteve atendo a ela.- Fiquei noiva dele quando terminamos o ensino médio, cinco meses após iniciarmos o namoro, era para ser um período de felicidade e promessas, mas acabou se tornando meu pior pesadelo.

Ele podia ouvir seu coração acelerado, mas a forma como ela prosseguia a fala parecia informar que ela queria que ele soubesse daquilo.

-Eu tinha algumas expectativas sobre o amor e ele achou que noivando poderia ter o que não lhe entreguei no namoro.- Suas bochechas coraram e ela engoliu a seco, seus olhos se tornaram fixos no mar. Ele, involuntariamente, liberou uma respiração forte já imaginando o que poderia ter acontecido.- Eu engravidei e ele morreu no parto.- Os olhos dela liberaram lágrimas pesadas que ela logo tratou de limpar como se não quisesse parecer frágil.- Meu irmão mais velho me ajudou a sair dessa situação, e eu decidi recomeçar em Milwaukee, onde iniciei meus estudos em arquitetura. Nunca me dei ao luxo de fazer algo como hoje, nunca voltei a ter confiança em alguém para isso.

Carlisle, profundamente tocado pela história, sorriu solidário. Algo dentro dele despertou com aquelas informações. Quando ele saiu de Ohio, tinha em mente que isso seria melhor para ela, que sua ausência daria a ela a chance de achar um bom homem e ter a vida que ela merecia. Agora tudo o que ele se perguntava é: O que teria acontecido se ele tivesse ficado e a protegido?

ENTRE LINHAS E PLANOSOnde histórias criam vida. Descubra agora