3. Parque de diversões

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Cheguei em meu dormitório e fui tomar um banho. Ir ao parque de diversões com o Garreth parecia ser uma boa idea pra esfriar a cabeça e relaxar um pouco das responsabilidades. Pesadelos ainda me atormentavam, o luto do professor Fig e... o Sebastian. Tudo o que aconteceu. Eu precisava esquecer os traumas, pelo menos por algumas horas e fingir que eu era uma adolescente normal.

Fig me ensinou tanto, me protegeu. Ele era tão sábio, um exemplo, como uma figura paterna pra mim, pelo menos na ausência do meu pai biológico. Sinto muita falta dele. Dos outros também.

Ominis tem o jeitinho "carinhoso" dele que até dá medo, mas sua maior qualidade é saber ouvir. Ele é tão certinho e é um grande amigo. Ele tentou de verdade colocar o Sebastian e eu na linha. Apesar das suas origens, acho que ele não tem nada a ver com sua família, provando que nunca mais quer artes das trevas em sua vida. Entendo seu lado, ele tem um coração puro. Vou escrever pra ele, pra saber como ele está suportando as férias em casa.

Natty e Poppy são minhas melhores amigas garotas, me apoiaram em tudo o que aconteceu e literalmente botaram a mão na massa contra o bando de Ranrok e Rookwood. Mulheres fortes que quero sempre ao meu lado.

Sebastian.

Ah, Sebastian. Estou tão confusa. Passamos tanto tempo juntos, enfrentamos tantas coisas, me acostumei com sua presença. Ainda me lembro da dor do Crucio que ele precisou lançar em mim. Partiu meu coração quando ele me chamou de "ignorante" por me aliar a um duende, mas provei o contrário. Tivemos várias DR (discutir o relacionamento) e mesmo assim ele não saiu do meu lado. Não tenho dúvidas que se pra salvar a Anne ele tivesse que, por acaso, fazer-um-ritual-de-sacrifício-de-uma-bruxa-que-usa-magia-ancestral ele não hesitaria em me matar. Brincadeira. Tenho pensado tanto no Sebastian, quando não estou pensando, estou sonhando. Acabei desenvolvendo um sentimento diferente de tudo que eu já havia sentindo. Parecia que ele já fazia parte de mim, não sei explicar. Ele me dá borboletas no estômago quando se aproxima demais. Na escola, eu sempre queria estar perto dele, conversar com ele, olhar pra ele. Agora estou em abstinência e pensando em todas as red flags dele, ainda assim, será que ele está pensando em mim? Estou com saudades. É estranho sua ausência. Devo mandar uma coruja pra ele?

Nunca me senti tão sozinha.

***

Toc toc

Abri a porta.

- Sebastian? O que... o que você tá fazendo aqui? Como sabia meu endereço?

- Eu simplesmente não aguento mais ficar longe de você, Sophie.

- O que? Calma... o que você disse? Você tá bem?

Sebastian se aproximou demais e meu coração disparou. Fechou a porta e prendeu meu corpo apoiando seu braço entre mim e a parede. Com seu outro braço, me segurou forte pela cintura. Minhas pernas fraquejaram. Seu cheiro me invadiu e me deu uma vontade enorme de provar o sabor de sua boca. Senti sua respiração forte como a minha. Nossos lábios estavam a milímetros de distância e...

Acordei

Droga. Há dias estou tendo esse tipo de sonho inapropriado com o Sebastian. Acho que vou preparar algumas poções de sono sem sonhos, só assim pra eu me livrar dele.

Eu já estava arrumada pra sair e estava esperando o Garreth vir pra me encontrar às 20h. Estava tão cansada que acabei pegando no sono e são 20h15 agora.

Desci correndo as escadas da hospedagem e lá estava Garreth, todo bonitão e sorridente.

- Desculpe a demora - eu disse ainda passando a mão pelo meu cabelo amassado do cochilo.

- Acabei de chegar. Vamos? - ele estendeu o braço para que eu segurasse e o acompanhasse.

***

O parque de diversões que chegou na cidade era a atração noturna, parece que todos os habitantes e turistas estavam lá à noite.

Garreth parecia uma criança feliz, só não estava pulando de alegria porque estava se contendo. Ele é muito divertido, me fez rir muito. Tinha uma barraquinha com jogo de acertar a argola, claro que ele acertou tudo e ganhou um unicórnio de pelúcia pra mim. Que clichê, Garreth!

Fomos na torre do terror, que de terror não tinha nada, só tinha uns caras fantasiados de monstros e bruxos tentando assustar as pessoas. Pfff pra mim nem fez cócegas.

Comemos pipoca, algodão doce e maçã do amor. Em seguida fomos na roda gigante.

- A vista daqui de cima é mágica - ele comentou.

- Incrível mesmo.

O céu estava limpo e escuro, dava pra ver muitas estrelas. Me lembrei das aulas de astronomia em que o Sebastian me convencia a ficar na torre de astronomia depois da aula, procurando planetas pelo telescópio. Amit às vezes se intrometia e era ele na verdade que conseguia focar pra encontrar algum corpo celeste ou constelação. Sebastian e eu nunca encontramos nada, mas bastava a companhia um do outro. Pelo menos pra mim, parecia que ambos precisavam daquilo, daquele momento juntos.

- Você está incrível.

Garreth me trouxe de volta do meu mundo de pensamentos pro mundo real. Pro momento. Olhei pra ele, seus olhos cor de amêndoas me fitavam com intensidade. Comecei a ficar nervosa, o que ele estava pensando? Por um momento desejei que a cabine da roda gigante descesse mais rápido. Eu sei o que ele queria e eu não queria beijar ele. Instintivamente abracei ele e me desviei.

- Garreth, você é um ótimo amigo, sabia?

Ele não respondeu nada, só deu um suspiro.

Depois que saímos da roda gigante ficou um climão e eu quis ir pra hospedagem. Ele me acompanhou até lá.

- Bom, boa noite então - ele disse quando chegamos na porta da hospedagem.

- Obrigada pela diversão. Boa noite, Garreth - e fazendo meu unicórnio dar um tchauzinho pra ele, fechei a porta.

Sebastian Sallow, Red FlagOnde histórias criam vida. Descubra agora