Capítulo 3

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"Eles dormiram," anunciou Colin com sua voz grave ao adentrar na cozinha, interrompendo os pensamentos de Penélope. O susto fazendo-a  bater a porta da máquina de lavar louças sem querer.

Ela largou o pano de prato em cima da mesa e respondeu com uma expressão tensa: "Obrigada por colocá-los na cama." Apesar de a presença inesperada dele, somada aos cuidados noturnos com os filhos, trazer uma sensação reconfortante de normalidade à casa após meses de ausência, a atmosfera na cozinha estava carregada de tensão entre eles.

Colin respondeu com humildade: "Não tem por que agradecer, Pen. Eles são meus filhos também."

Penélope engoliu as palavras amargas  que estavam prestes a escapar de sua língua, como um chicote, hesitando em expressar que não estava habituada a receber a ajuda dele.

"Pen, será que nós podemos conversar agora?" questionou num tom mais sério, aumentando ainda mais a tensão.

Penélope concordou com um aceno, permitindo que ele a conduzisse até a sala. Sentaram-se lado a lado, o silêncio constrangedor entre eles, contrastando com todos os momentos íntimo que compartilharam naquele mesmo sofá, incluindo aqueles em que se entregaram ao amor não muito atrás. Agora, pareciam dois estranhos.

Inclinando-se e apoiando os cotovelos nos joelhos, Colin esfregou o rosto com as palmas das mãos, tentando dissipar um pouco da raiva que o consumia naquele momento. "Por que não me avisou?" questionou num tom baixo e rouco.

Penélope respondeu com frieza: "Eu avisei antes de você ir embora", respondeu com tamanha frieza e desinteresse, que o fez encará-la com incredulidade em sua expressão enquanto ela continuava sua justificativa: "Achei que minha intenção fosse óbvia."

"Você só disse que não queria mais continuar daquele jeito!" Ele esbravejou em resposta, exalando frustração. "Você não me disse que ia pedir o divórcio, Penélope!"

"O que você achou que aconteceria, Colin? Que eu continuaria me contentando com esse vai e vem para o resto da vida? Ou que, quando você voltasse, eu te receberia de braços abertos, como se nada tivesse acontecido?" ela indagou com firmeza na voz, uma combinação de raiva contida e mágoa.

"Eu só achei que merecia mais do que simplesmente receber um e-mail da minha mulher pedindo para que eu assinasse os papéis do divórcio e os enviasse de volta", desabafou Colin, expressando suas frustrações e sua própria mágoa enquanto a fitava nos olhos.

Soando um pouco mais hesitante do que gostaria, Penélope tentou se justificar: "Bem... acredito que já disse tudo que tinha para dizer, então por que esperar? Eu não sabia quando você ia voltar, por isso pedi ao meu advogado para que eu mesma te enviasse."

Colin piscou algumas vezes, tentando absorver aquelas palavras. Seu coração estava pesado e aquilo apenas corroborava com um pensamento que o vinha assombrando desde a noite passada."É realmente isso que você quer?" Questionou, sentindo-se incapaz de acreditar que poderia viver sem sua amada ruiva.

"Eu só preciso que você assine". Respondeu Penélope com seriedade, enquanto desviava o olhar, sentindo-se incapaz de mentir olhando em seus olhos.

Colin assentiu lentamente, seu rosto exibindo toda a angústia que estava sentindo. "Eu ainda não assinei. Na verdade..." ele fez uma pausa, tentando conter as lágrimas acumuladas em seus olhos, e passou a mão pela barba por fazer, a textura áspera pinicando seus dedos. "Eu não consegui assinar. Por isso voltei mais cedo... nós... eu acho que nós devíamos conversar melhor sobre o assunto."

Penélope ponderou por um momento, sentindo seu coração apertado e  um nó apertar a garganta. Ela se remexeu no sofá por um instante, parecendo incomodada antes de respondê-lo com cuidado: "Colin, talvez não haja mais nada a ser conversado... Tudo o que havia para ser dito, já foi. Nada vai mudar"

New beginning | PolinOnde histórias criam vida. Descubra agora