New beginning | Polin

Capítulo 6

Penélope estava sentada em sua mesa na escola, depois de mais um dia exaustivo de trabalho, enquanto observava seus alunos correndo para fora, ansiosos para irem para casa. A cena sempre a deixava nostálgica, lembrando-a de quando ela mesma corria para encontrar-se com Eloise e Colin e seguir juntos para casa, já que sempre foram vizinhos. Um sorriso terno surgiu em seus lábios quando flashes do final de semana tomaram sua mente. As coisas com Colin haviam sido resolvidas, e ambos pareciam presos em uma segunda lua de mel, se não fosse pelas crianças... Uma batida na porta a tirou de seu devaneio; um suspiro resignado escapou, e pensando ser o marido que havia avisado durante o almoço que a buscaria no fim do dia, ela autorizou a entrada sem olhar para a porta, enquanto arrumava suas coisas acumuladas na mesa.

Ledo engano. Como de praxe, ali estava quem ela menos queria ver. Penélope reconhecia que ele fora um bom amigo quando ela precisou, mas observando agora, era perceptível que ele sempre se aproveitava dos seus momentos de fraqueza para tentar dar em cima dela; essa nova percepção a deixou enfurecida.

"Oi, Lope. Eu passei para ver como você está," disse ele com um tom preocupado, aproximando-se dela. Penélope, que não se recordava de ter dado tanta intimidade a ele, arqueou as sobrancelhas de um modo um tanto irônico. "Eu te liguei durante todo o fim de semana, você não atendeu; fiquei preocupado. Fui até a sua casa, e você não estava lá."

"Oi, Thomas, eu estou bem," respondeu com frieza. "Eu estava ocupada com a minha família," acrescentou, xingando-se mentalmente por ter se justificado.

"Você realmente precisava descansar. Foi viajar com a sua mãe? Estou vendo que está bronzeada," questionou, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

"Não. Eu viajei com meu marido, nossos filhos e toda a família dele," contou, mesmo sem precisar. "Falando em marido, eu queria mesmo ver você para falar sobre o divórcio..."

Dorset a interrompeu com um gesto impaciente. Ao fazer isso, ele ergueu a mão, indicando a urgência do assunto. "Que bom que tocou no assunto; eu estava tentando te ligar para falar sobre isso. Dada as circunstâncias, eu pensei em uma maneira de adiantar o processo, já que seu ex se recusa a assinar."

Então, ele se aproximou da mesa dela e sussurrou como se fosse um assunto delicado: "Ele foi embora, abandonou você e os filhos, não apenas uma vez. E agora que voltou, como se nada tivesse acontecido, está forçando sua presença dentro da sua casa. Podemos denunciá-lo por assédio."

No momento que as palavras saíram de sua boca, Penélope prendeu o riso pela ironia; atualmente, só tinha um homem que a assediava, e não era aquele com quem ela compartilhava a vida.

"Se você quiser, eu te acompanho à delegacia. Podemos pedir uma ordem de restrição contra ele, assim ele terá que sair da sua casa e parar de importunar você e as crianças." Ele tentou segurar a mão dela por cima da mesa, mas ela desviou, levantando-se da cadeira para manter distância.

"Não, Thomas. Você não me deixou terminar. Eu quero que você cancele tudo. Eu não vou mais me divorciar," comunicou, tentando acabar com aquela cena constrangedora.

"Lope, você não está entendendo. Eu o investiguei. Ele está prestes a contrair uma dívida enorme que pode arruinar você e as crianças," advertiu, com impaciência evidente em sua expressão e seus olhos cravados nos dela, buscando desesperadamente por algum sinal de entendimento. "Eu não posso deixar isso acontecer."

"Quem deu a você o direito de investigar o meu marido?" questionou Penélope, sua voz ecoando com fúria.

"Você é minha cliente e amiga, Lope." Ele tentou se aproximar, seus olhos buscando confortá-la. "Tenho que garantir que você obtenha todos os seus direitos sem se prejudicar."