Capítulo 4

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Depois de um dia cheio e cansativo, a sala de aula estava finalmente vazia e silenciosa, e seus alunos já a caminho de casa. Penélope aproveitou esse momento de relativa paz para organizar seus pensamentos em meio ao caos em que sua vida havia se transformado.

Agatha e Thomas estavam crescendo e cada dia mais curiosos. A fase dos porquês estava moendo o seu cérebro, assim como o bebê a caminho que sugava toda a sua energia. Tudo que ela precisava naquele momento era de, pelo menos, três dias seguidos de sono. Mas ainda tinha a volta de Colin, o processo do divórcio em andamento e a recusa dele em assinar os papéis... todos esses elementos faziam parte da bagunça que sua vida se transformou.

Um suspiro cansado escapou de seus lábios, enquanto ela tentava encontrar algum ponto de clareza sobre o que fazer a seguir, principalmente em relação a Colin, quando uma batida suave na porta interrompeu seus pensamentos.

"Com licença, esta é a sala da melhor professora desta escola?" brincou Thomas Dorset, pai de um dos seus alunos e seu advogado, exibindo  um sorriso gentil enquanto sua cabeça surgia pela porta.

"Desse jeito você me deixa com vergonha," respondeu Penélope com um sorriso tímido, saindo de trás de sua mesa. "Pode entrar, Thom."

O advogado entrou na sala, esboçando uma expressão levemente preocupada enquanto se aproximava dela.

"Você não apareceu no restaurante hoje, está tudo bem?" indagou ele, colocando uma das mãos em seu ombro.

Penélope o fitou com uma expressão confusa, quando o questionou: "Restaurante?"

"Nós tínhamos combinado de almoçarmos juntos para falar do seu processo de divórcio, lembra?" disse ele num tom condescendente, fazendo-a erguer a mão à testa, num gesto de descrença, enquanto suas sobrancelhas se franziam ao perceber o lapso.

"Nossa... eu esqueci completamente. Me desculpe!"

"Não se preocupe, querida," murmurou com suavidade na voz, transmitindo compreensão. "Apenas fiquei preocupado, pensando se você tinha se alimentado direito." Seus olhos revelavam uma mistura de preocupação e afeto genuíno quando lhe estendeu uma sacola. "Então eu trouxe algumas coisas para você. Não é o melhor, mas é alguma coisa."

"Thomas, você é um anjo, mas não precisava se incomodar comigo. Você já está fazendo muito por mim," expressou Penélope com um sorriso agradecido ao dar uma mordida numa barrinha de cereal de limão. "Isso é exatamente o que eu precisava agora; não comi nada o dia todo." "

O rosto dele assumiu uma carranca quando declarou, visivelmente preocupado: "Penélope, não é saudável ficar o dia inteiro sem comer, especialmente para o bebê."

"Eu estive enjoada o dia todo e nem quis ir ao refeitório almoçar hoje." Ela tentou explicar, apoiando-se na mesa com uma expressão de desconforto. "Achei que o cheiro da comida pioraria meu mal-estar."

"Que tal jantarmos juntos?" sugeriu ele, parecendo animado enquanto fechava um pouco mais o espaço entre eles. "Assim eu posso preparar algo bem mais substancial que essas barrinhas."

"Eu adoraria, mas não posso hoje", ela murmurou, abrindo a embalagem de mais uma das barrinhas de cereais.

"Por que não? Você pode trazer às crianças. Dave vai amar ter com quem brincar, e eu adoraria cozinhar para todos vocês," ele estendeu o convite, desejando tê-a por perto o máximo de tempo possível. "Você sabe o quanto eu gosto dos seus filhos," acrescentou, tocando o joelho dela por um segundo.

Levantando-se, Penélope afastou-se dele exalando um suspiro acompanhado de um sorriso agradecido: "Infelizmente, vamos ter que remarcar, Thom. Tenho uma ultrassom daqui a pouco, e a médica me proibiu de dirigir. Preciso pegar um táxi imediatamente para não chegar atrasada," acrescentou enquanto apontava para o relógio na parede e juntava seus pertences.

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