Cartas ao Esconderijo de Hernando

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— Tente novamente — chamou a voz de Wei Ying.

Lan Zhan respirou fundo enquanto girava a chave na ignição do Packard. O carro deu partida, funcionando por um momento antes de engasgar e se apagar. Lan Zhan suspirou quando Wei Ying se aproximou do lado do carro. Pela longa peça que ele segurava na mão, Lan Zhan podia imaginar que Wei Ying não estava trazendo boas notícias.

— Parece que a correia arrebentou — Wei Ying a segurou enquanto se apoiava na porta aberta do Packard. — Causou alguns danos no caminho também.

— É possível consertar?— Lan Zhan fez uma careta.

— Oh, com certeza — Wei Ying assentiu.

— Sem que meu tio saiba? — Lan Zhan pressionou. A careta no rosto de Wei Ying foi resposta suficiente para Lan Zhan. Ele suspirou, olhando ao redor para ver se havia um orelhão por perto.

— Vocês estão bem? — Uma voz chamou. Lan Zhan olhou para o lado, vendo o Sr. Ford parado na porta da fábrica. Ele foi quem coordenou a entrega do caminhão, algo que Lan Zhan esperava que fosse rápido. Em vez disso, ele e Wei Ying conversaram por quinze minutos.

— Apenas alguns problemas com o carro, Sr. Ford — Wei Ying respondeu, mostrando a correia quebrada. — Não há uma oficina por perto para a qual possamos levá-la, né?

— Vocês teriam que empurrá-la até a cidade para isso — Sr. Ford riu. — Vocês são fortes, mas não tanto. Venham, vou fazer um chá para vocês enquanto organizam um guincho e qualquer outra coisa que precisem.

Lan Zhan gemeu, seu tio nunca mais o deixaria dirigir. Foi uma boa corrida, três dias inteiros.

— Vamos lá, não é culpa sua — Wei Ying cutucou-o enquanto entravam no escritório da fábrica. — Pelo que parece, essa correia é a original, é um milagre que ainda não tenha quebrado!

— Eu estava dirigindo, era minha responsabilidade.

— Vamos lá, Lan Zhan. O que você deveria fazer? Verificar cada parte debaixo do capô antes de ligar o carro? Nem mesmo eu faço isso. A menos que eu esteja numa corrida! Mesmo assim, é 50/50. — Wei Ying bufou. — Se alguém é culpado, é seu tio! Qualquer mecânico teria percebido isso durante uma revisão.

— Diga isso a ele — murmurou Lan Zhan.

— Vou dizer — Wei Ying se empertigou. — Alguém precisa dar um puxão de orelha no velho, e ele já não gosta de mim.

— Acho que ele ver você usando o seu corpo para salvar um piano quase o colocou em suas boas graças — Lan Zhan sorriu. Seus olhos desceram para o peito de Wei Ying. — Você tem certeza de que está bem?

— Apenas alguns hematomas — Wei Ying o dispensou com a mão, apenas para um sorriso travesso aparecer em seu rosto. — Nada que alguns beijos não possam resolver.

Lan Zhan olhou pelo corredor onde o Sr. Ford tinha desaparecido. Ele puxou Wei Ying para um nicho no corredor. Antes que Wei Ying pudesse expressar sua pergunta, Lan Zhan o beijou. Ele sentiu o sorriso crescer nos lábios de Wei Ying enquanto o puxava para mais perto.

Lan Zhan só pôde suspirar quando se separaram, ambos sabendo que o Sr. Ford poderia procurá-los se demorassem muito. Ainda assim, foi um alívio saber que Wei Ying ainda estava disposto a beijá-lo. Depois da briga, Lan Zhan estava aterrorizado de ter encerrado isso. O deixar e aceitar os planos de seu tio muito mais cedo do que ele teria gostado. Ele foi até a cabana no dia seguinte. Eles se beijaram, mas Lan Zhan ainda estava inseguro se realmente haviam se reconciliado.

Mas pelo menos estavam se beijando.

— Meninos?

— Desculpe, Sr. Ford! — Wei Ying saiu do nicho. — Lan Zhan achou que este pudesse ser o banheiro. — Ele apontou para o nicho. — Ele bateu na parede um pouco forte.

Louco por esse garoto (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora