o pobre Ernie Diaz- pt 3

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Nesse mesmo dia voltei para casa e falei com Ernie, disse que era um choque algum do Studio se interessar por mim e que seria um bico divertido até que virasse mãe e assumisse o meu "dever"

Um papo-furado de marcar maior

Não tinha nem dezessete anos na época, mas Ernie achava que eu era mais velha.

Foi no fim de 1954. Então que passei a acordar mais cedo para ir ao Studio.

Apesar de não ter a mínima noção do ofício de atriz quando iniciei, tratei de aprender. Fui figurante em algumas comédias românticas. Ganhei uma fala em um filme de guerra.
" E por que ele faria isso?" Essa era a fala.

Interpretava uma enfermeira que cuidava de um soldado ferido.

Quando o filme foi lançado, Ernie e eu fomos assitir, ele achou divertido sua mulherzinha ter alguma fala no cinema.

Eu nunca tinha ganhado dinheiro na vida, e a essa altura estava tirando o mesmo que Ernie, depois dele ser promovido a chefe dos contrarregras.

Então perguntei a ele se podia usar o meu dinheiro para fazer aulas de teatro.
Isso é tão estúpido perguntar para alguém se posso fazer algo com o meu próprio dinheiro. É ridículo eu diria.

Preparei um arroz con Pollo para ele nessa noite, e não tirei o meu avental quando toquei no assunto. Queria parecer inofensiva, uma dona de casa qualquer. Achei que conseguiria ir mais longe se não representasse uma ameaça.

Era irritante.

Quando ele chegou mostrei a messa contente, ele sorriu e se sentou.

- então querido estava pensando..bom já que começei uma mini carreira no cinema não seria bom.. eh.. eu fazer aulas de teatro? Mas, obviamente eu pagaria com o meu dinheiro - terminei de falar com um pequeno sorriso no rosto.

ele me olhou e falou

- claro - ele falou continuando - acho uma ideia inteligente. Você vai progredir, e quem sabe pode até estrelar um filme algum dia. - terminou aceitando a ideia.

Eu tinha certeza de que isso ia acontecer.

Me deu vontade de socar a fuça dele.

Mas hoje eu entendo que não era culpa dele. Nada daquilo era. Eu fingia ser alguém que não era. E depois comecei a me irritar porque Ernie não via quem eu era de verdade.

Seis meses depois, eu já conseguia recitar uma fala de forma convincente. Não era uma boa atriz, de jeito nenhum, mas já era aceitável.

Trabalhei e mais três filmes, todos com participações pequenas. Tinha ouvido falar que o papel de filha adolescente do Stu Cooper numa comédia romântica estava disponível. E decidi que era isso que queria.

Então fiz uma coisa que nem todas atrizes do meu nível na época teriam coragem de arriscar. Fui bater na porta de Harry Cameron.

- Evelyn - ele falou

- O que devo a honra? - me pergunta

- Eu quero o papel de Caroline - falei convencida - em O amor não é tudo -

Harry fez um gesto para eu me sentar.
Ele era bonitão para os executivos do Studio. Em maioria eram barrigudos, quase carecas, mas Harry não. Ele era lindo alto, magro, jovem e tinha uns olhos azuis que combinavam perfeitamente com ele.

Harry era um dos únicos homens que não ficavam olhando meus peitos naquele estúdio. Isso na verdade me incomodava, fazia parecer que eu não estava conseguindo chamar atenção. O que só serve para mostrar que, se você disser para uma mulher que a sua única qualidade é ser desejável, ela vai acreditar. Eu pensava assim anti mesmo de completar dezoito anos.

Os sete maridos de Evelyn Hugo e o seu único amor- adaptação do livro original Onde histórias criam vida. Descubra agora