eu não mereço o seu amor

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Em noites de lua, à sombra da dor,
Desperto em silêncios, tecidos de breu,
Caminho em segredo, no véu do amor,
Um amor tão puro, que nunca foi meu.

Ah, anjo distante, cujo olhar não me vê,
Desconhece o afeto, que em sombras eu trago,
Na vastidão do meu ser, onde só há você,
Cresce um amor, em segredo, um afago.

Mas eu, criatura de penumbras e dor,
Indigno do brilho, que em ti encontrei,
Vago nas noites, um etéreo sonhador,
Nas estrelas, teu nome, em silêncio, chamei.

Teu riso, uma melodia, que jamais tocarei,
Tua presença, um sonho, que só eu sonhei,
Nas asas da noite, em vão, eu voei,
Buscando um amor, que nunca alcançarei.

Oh, doce ilusão, que a alma devora,
Em teu mundo, sou sombra, sou nada, sou fora,
No teatro da vida, um ator sem história,
Um sussurro na brisa, uma breve memória.

Por que me prendo a este amor, tão vão?
Por que anseio um toque, que não virá?
Na escuridão, meu coração, um triste refrão,
Clama por ti, enquanto se desfaz no ar.

Quisera eu, sumir na escuridão,
Deixar que minha dor se perca no vão,
E no fim deste amor, sem direção,
Restasse só a noite, e não mais a paixão.

Mas ainda te amo, em meu secreto altar,
Neste ultrarromântico, e sombrio mar,
E se não posso ter-te, nem te fazer olhar,
Deixo-me afogar, no meu amar, sem te tocar.

Porque eu, sombra errante, em tua luz não caberei,
Neste amor impossível, eternamente me perderei,
"Eu não mereço o teu amor", em silêncio, direi,
E na imensidão do nunca, quieto, desaparecerei.

Em cada estrela, uma lágrima, um adeus, na imensidão do nunca, me esvaneço e desejo ser apenas teu.

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