Que se foda.

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Dói, perder alguém que ama.

Como ninguém nunca entende, a cabeça de alguém com uma dor inexplicável.

Vc só enxerga a dor, só consegue ver o lado ruim de tudo, tudo que passa pelos seus olhos, que em outros teriam mais cores, no seu tem menos, e vc se acostuma, porque a falta de cores sempre esteve tão presente que vc nunca reparou muito nela, só sentia ela, como se não importasse o momento, oque acontecesse, ela sempre estaria ali. E as vezes ela diminui tanto, que vc não consegue respirar, nem mesmo explicar o porque de tanta dor, tenta achar algo ou alguém que te traga nem que seja 2% dessa cor, pra que em fim, se acalme e possa se distrair dela. Ela corre atrás de vc, e vc corre dela, mais quando vc a encontra, o que acontece toda hora, vc se agarra nela, porque é o único sentimento do qual consegue ter certeza, certeza que é a dor. Porque chega a um ponto que dói tanto, que as cores somem a ponto de vc não enxergar nada além da escuridão, e quando aparece uma cor nova, vc não sabe se ela te deixa feliz, se gosta dela, e no fim das contas, não consegue saber, porque o que prevalece são os tons frios. E então, quando encontra um canto em meio a toda escuridão, se abre um buraco, totalmente escuro e vazio dentro de vc, e conforme o tempo passa, ele vai aumentando, até que chega uma hora que não adianta mais esquivar, vc cai nele. Lá dentro, vc se perde, se perde completamente, e nunca mais consegue se encontrar, oque uma vez foi doce, se tornou amargo. Vc se acostuma, finalmente se acostuma, então deixa tudo pra trás, não consegue mais ver importância na sua existência insignificante, nem na das outras pessoas, e assim, dentro de vc, é somente vc, sem cores quentes. Tem pessoas que não suportam essa falta de cores, então se deixa ser consumido e saí daquele poço, se desliga completamente, ainda não cheguei a esse ponto, ainda consigo me esquivar do vazio, mais ele ainda está tentando me consumir, e acredito que no dia que ele conseguir, não estarei mais aqui.

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Faz alguns meses que a Billie foi embora, agora ela tá fazendo uma turnê.

Jayden: Ei, vc viu a foto que a Billie postou? Olha - Jayden vira o celular em minha direção me mostrando a foto, onde Billie vestia uma das roupas que separei pra ela. -

Senti meu coração se transformar em vomito e querer sair pela minha boca.

Maya: Ah, não tinha visto. - Não parava de brincar com os meus dedos, estava nervosa. - Merda! Acho que esqueci meu celular no banheiro, vou lá rapidinho ok? - Sem esperar que Jayden fale algo, só me levanto e vou pro banheiro. -

Esqueci de mencionar, estou numa lanchonete, eu e Jayden estamos conversando e tomando milkshake. Ou pelo menos eu acho que estamos conversando. Não falei pra ele que sou gay, e ele aparentemente gosta de mim, não acho que seja isso, mais foi oque o John falou. Nós viramos amigos em uma festa de reencontro que a minha turma da faculdade organizou, lembro dele, chegou no meio do ano, de outra faculdade. Então a gente simplesmente se deu bem, e de lá pra cá estamos nos nos falando bastante.

Ter esquecido meu celular, foi um ótimo acontecimento, assim me livrei de falar da Billie.

Entrei na cabine, tirei um saquinho da minha bota, abri, peguei um pouco do que tinha ali com o dedo mesmo, e inalei.

Peguei meu celular, e voltei pra mesa.

Jayden: Posso te perguntar uma coisa? - Assenti. - Vc é lésbica?

Maya: Meio que sim, porque?

Jayden: Ah, entendi, mais nunca gostou de meninos?

Maya: Gosta de mim Jayden?

Ele simplesmente engasgou com o milkshake.

Jayden: Que? Não, porque tá perguntando isso, eu só quero saber mais de vc.

Eu nunca me senti muito atraída por homens, então descobri que era lésbica, mais nunca tive tanta convicção disso.

Jayden é um branco, um pouco cabeludinho, mandíbula um pouco marcada, risquinho na sobrancelha, e tem o corpo definido, porque treina bastante, na real ele é gato pra caralho. Mais sei lá, ele é homem.

Maya: Ah sim, então tá bom - Dei uma leve risada fingindo estar entendendo tudo. -

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Saímos da lanchonete e fomos até minha casa conversando, no meio do caminho começou a chover.

Jayden: Porra corre!!! - ele falou rindo e correndo na chuva.-

Eu fui correr, mais não dá pra exigir essa coordenação pra uma pessoa que acabou de se drogar, então eu tropecei no meu pé, sim, no meu pé, e cai, ralei o joelho.

Jayden atrás de mim desesperado pra me ajudar.

Jayden: Vc tá bem!? - Os olhos dele, os olhos dele. -

Eu simplesmente comecei a rir.

Jayden: Tá rindo de que doida? - Ele pergunta com um tom de brincadeira. -

Maya: Vc é lindo.

Jayden ficou calado.

Maya: Vai, me ajuda aqui.

Então ele me ajudou a levantar e fomos o caminho inteiro rindo e brincando na chuva, amo os momentos que a chuva me proporciona.

Então, quando finalmente chegamos em casa (na minha casa), tiramos o sapato pra entrar, então eu me joguei no sofá.

Jayden: Vai tomar um banho, se não vai ficar doente.

Maya: Deixa de ser velho.

Minha voz estava mole, como a de alguém com sono.

Jayden: Tá com sono?

Maya: Não.

E eu comecei a rir de novo.

Depois dele insistir bastante, subi pra tomar banho, e ele tomou banho no banheiro de baixo, falei pra ele pegar as roupas do John que estavam aqui, tenho praticamente uma gaveta só com roupas dele.

Depois do banho, fiquei levemente sóbria.

Desci e lá estava o Jayden, fazendo comida, QUE? FAZENDO COMIDA?

Ele vestia um moletom branco com uma calça jeans tipo mom, o cabelo um pouco bagunçado, e uma corrente no pescoço.

Cheguei por trás dele o abraçando, e ele não exitou, então eu fiquei ali.

Nem sei que porra eu to fazendo da minha vida, mais pelo oque disseram, temos poucos anos antes de tudo entrar em ebulição por completo, então quer saber? Que se foda.

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🚨tudo não passa de um passatempo, então se estiver odiando, saiba que eu também to, escrevo de vez em quando, quando me surge ideias loucas, e essa foi uma delas, escrevo oque me vem na hora, então sem reclamações, não gostou, não leia💋🎉

Tudo que aconteceu nesse, vai ser explicado no próximo.

The 30thOnde histórias criam vida. Descubra agora