"O cheiro do sangue me traz lembranças..." - Gaspar

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Hoje é um típico dia, a neve caindo, os pássaros cantando e o barulho do vento no fundo... isso seria bom se não fosse no meio de uma floresta em um monte cheio de mistérios e cheia com aquele maldito cheiro de morte, mas...já estou aqui há tanto tempo que me acostumei com isso..

isso é bom não?... como um fantasma ter esse tipo de calma se torna uma benção.. me pergunto onde a Reversa está agora...

penso enquanto me levanto da neve fria, o frio não me incomoda mais, não sinto mais o frio...isso deveria ser bom...mas...ainda dói...dói muito.

eu paro e olho para o céu enquanto me lembro de lembranças que não são minhas...pelo menos não são do novo eu...são do antigo eu.

eu sinto o cheiro de sangue se espalhar pelo ar, não posso dizer se é meu próprio sangue ou o de outra pessoa, eu olho para frente...agora eu sei de onde o cheiro vem...

Diálogo:

-Gaspar

"saiu para se divertir de novo...Reversa?..."

eu disse olhando para frente, observando a Reversa caminhando até perto de mim, eu forcei um sorriso, ela estava cheia de sangue...não era incomum, mas me incomodava...

-Reversa

"Bem, foi só alguns anjos fracos que entraram em meu território e você sabe que não posso me conter fantasminha, por que sempre se incomoda?"

eu realmente odeio ter que concordar...porra...essa mulher e uma arma de matar...

-Gaspar

"Não sei explicar muito, eu apenas sinto dó deles...morrer não é muito divertido..."

-Reversa

"Gaspar, Gaspar...nós dois já morremos, não é grande coisa."

A frase dela fez meu sangue ferver...não sei se ainda tenho sangue, eu só sei que algo em mim ferve de ódio ao escutar aquilo.

sendo sincero...naquele dia eu não disse nada para ela, eu só abaixei a cabeça e fui embora, eu senti os olhares daquele demônio que eu chamo de Reversa, ela observou meus movimentos, ela sabe exatamente o que eu pensei...eu sei disso pelo brilho que vi nos olhos dela, era assustador ser observado por ela..

Eu me afastei o suficiente para que ela não venha me incomodar. o cheiro de sangue de antes ainda estava lá, eu ainda sentia...isso e nojento... eu odeio sentir o cheiro de sangue de outras pessoas... faz eu me sentir nojento e estranho...

-Quebra de tempo

Agora aqui estou eu...sozinho, finalmente estou no meu quarto onde tudo é calmo e tranquilo, o dia foi bem estressante e eu me senti sozinho, mesmo que eu falasse com todos ainda bem sentir sozinho

-Gaspar

"Sendo sincero comigo mesmo, eu queria realmente não existir agora...parece que eu só incomodo e...e.. esse cheiro, esse maldito cheiro!...sangue e mais sangue...isso e horrível!...

Eu disse enquanto mexia sobre os lençóis macios da cama, eu estava prestes a surtar, eu não aguentaria mais...

Eu logo puxei um travesseiro e coloquei sobre meu rosto, abafando o grito que eu dei logo em seguida

-Gaspar

"EU NÃO AGUENTO MAIS!...ESSE CHEIRO...FAÇA ELE IR EMBORA, EU NÃO QUERO LEMBRAR DAQUELE DIA!..."

Eu disse e logo joguei o travesseiro para longe, um arrepio percorreu meu corpo enquanto minha cabeça começou a doer.

porra...eu sou um fantasma! Por que isso ainda dói?!...por que eu ainda lembro?!... Eu não queria matar ele, foi sem querer!...

Minha mente está um caos, as lembranças, a dor, logo tudo fez as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto, os flashbacks e memórias eram aterrorizantes...era sangue e mais sangue, o cheiro...

-Gaspar

"ME DESCULPE!...ME DESCULPE!..."

Eu disse em um tom alto, ninguém escutou... eu não aguentei, não conseguia parar de chorar meus olhos queimavam por causa das lágrimas

Meu colar começou a ficar vermelho lentamente, ao perceber isso eu fiquei com os olhos arregalados e puxei mais um travesseiro e o abracei com força, eu usei o pouco de magia que tenho que não me deixa fraco e exausto para eu mudar para minha forma "humana", eu ainda tinha a aparência de fantasma mas agora eu poderia tocar em tudo sem precisar me esforçar e talvez a dor parasse um pouco

-Gaspar

"Isso dói...dói muito...desculpa, por favor!..."

Eu disse choramingando enquanto soltava um gemido de dor, não foi como eu imaginei, a dor só piorou e se tornou mais insuportável, eu abracei o travesseiro com mais força e comecei a suspirar e comecei a pensar em outras coisas me acalmando aos pouco, não foi rápido, demorou alguns minutos até eu ficar calmo... a dor diminuiu até que ela sumiu e meu colar voltou a ser totalmente roxo, eu me acalmei, eu rastejei para baixo dos lençóis ainda com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, eu me encolhi ainda abraçando o travesseiro buscando o mínimo de conforto e proteção.

Eu não demorei para cair no sono, eu estava mais que exausto. essa não foi a primeira vez que eu tive uma crise de choro, isso já se tornou comum para mim, sei que tenho pessoas para conversar mas não quero jogar meus problemas em cima delas, eu pude esquecer de meus problemas por um tempo assim tendo um sonho sem coisas assustadoras ou pesadelos sobre meu passado, esse sono parecia bom porém, eu sabia que não duraria muito...

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