POR ONDE ANDA O POETA?

⁰¹

- Eu que comecei isso, eu vou terminar sozinho.

Ele disse isso, com todas as letras. Na hora eu não entendi o porquê ele não queria minha ajuda, e quando eu entendi, percebi que ele precisava mais de mim do que eu precisava dele, mas não podia vê-lo e isso me matava por dentro.

Vou explicar desde o começo, como a minha vida pacata e sem graça, se tornou um caos por completo.

O tempo estava frio em Florença, as nuvens fechavam os céus, as folhas do outono caiam no chão. Algumas crianças brincavam entre as folhas, jogando-as para cima, alguns idosos caminhavam sem preocupações na pequena praça, e alguns casais se encontravam ali.
 
Já eu, eu estava ali sentada no gramado, com uma caixinha de suco de maçã numa mão e na outra um livro qualquer.
O tempo estava mais frio do que e estava acostumada, então meu suéter não me protegeu muito.

Já era tarde, para mim pelo menos, não gostava de ficar muito tempo fora de casa, saia o suficiente pra não parecer uma anti-social. Sai da praça por volta do começo da tarde.

Andei por uns 15 minutos, seguindo as árvores alaranjadas ao meu redor, até chegar a minha casa pequena e aconchegante. Passei pelo pequeno jardim que tinha na frente e entrei em casa.

As luzes apagadas com apenas a luz da lareira acesa, mais ao fundo na cozinha, uma mulher de cabelos curtos e pele pálida com longas roupas de frio segurando um xícara enquanto escutava alguma receita no celular.

- Mãe?

- Flora minha flor, chegou bem cedo hoje! - Disse a mulher indo em minha direção.

- Tá muito frio lá fora, e minhas roupas não estão adequadas pra isso.

- Eu disse que era pra levar o casaco.

- É disse... Mas mãe, por que as luzes estão apagadas ? -  Pego uma xícara também e me sirvo do pouco de chá que tinha.

- A luz do fogo já é mais que o suficiente.

- A conta de luz veio alta? - Perguntei

- Também. Mas assim não é mais interessante?

- Até a senhora bater com a cara na parede.

- Não sou cega Flora, e também está de dia não está tão escuro assim. Bem filha, estava esperando você chegar pra te dar uma notícia ótima! - Disse animada, fico receosa quando minha mãe fica animada com notícias, ou são mais plantas pro jardim ou ela tentando me arranjar um namorado, nesses casos eu gosto quando o assunto é sobre as plantas.

- Ah sim, o que seria? Lírios? - Pergunto com um tom de sarcasmo.

- Lhe arranjei um emprego! - Havia um sorriso de orelha a orelha  em seu rosto.

Eu fiquei tentando processar o que minha mãe havia me dito, palavras saíram da boca dela e não foi sobre lírios ou um pretendente meia boca.
- Sério? - A encaro desacreditada

- Muito sério!

- Meu Deus mãe, obrigada mesmo! Eu tava tentando conseguir um mas meu currículo não é dos melhores.

- Que nada filha!

- Aonde é?

- Numa Livraria, aquela famosa, Scar o nome eu acho...- A interrompi pasma

- MAS O QUÊ???? COMO? - Me engasgo com chá, meu choque era tanto que não conseguia demostrar em expressões.

Como eu não consegui um emprego numa empresa de cosméticos como atendente e minha mãe conseguiu um emprego pra mim numa das  livrarias mais famosas que tem na cidade? Mesmo que seja só como faxineira, ainda ganho um dinheiro bom.

- Eu não sei o que dizer... Te amo muito Dona Amélia, muito mesmo! - Pulo encima da mais velha num êxtase de alegria.

Quem diria aos 22 anos conseguir um emprego num lugar daqueles, o que me intriga mesmo é como minha mãe conseguiu isso. Ela me surpreende de tantas formas.

As coisas estavam tão calmas e tudo foi de 8 a 80 tão rápido, nem pude me apresentar direito.

  Eu sou Flora Schmit, tenho 22 anos e até uns minutos atrás eu era desempregada, e agora sou atendente dos Scar's, bizarro né? 

Pode parecer bobo ser só uma atendente, mas um dos meus sonhos é abrir minha própria livraria, então ajudaria muito no meu currículo.
 
Sou uma leitora nata, amo viajar nos livros sem sair de casa, mas o que eu mais amo são poemas , sou fã do estilo, escrever um texto que pode conter tanto sentimento e tantos significados, é algo impossível pra mim, por isso que eu só leio.

  A propósito existe um autor, bastante misterioso, eles só tem 4 livros publicados e atende pelo nome Cielo Autunnale, é meio angustiante ele ter apenas 4 livros, e mais ainda que faz anos que e ele não pública mais.
 
Mas sempre que eu leio me desperta emoções que eu nem sabia que eu tinha, reflexões que fazem minha mente explodir, e atiça minha curiosidade, porque ninguém sabe a aparência dele, ele não é um autor tão conhecido mas mesmo assim  eu tenho tantas perguntas pra ele, perguntas que eu acho que só ele conseguiria me responder.

As vezes eu me pego pensando nas noites em que não consigo tira-lo da mente...

Por onde anda esse poeta?