Quatro

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Sophia encarou Gavin. - Você ficou maluco?

- Essa não é a resposta que eu estava esperando -, disse Gavin.

- Sophia, estou falando sério. Eu quero que você concorde em se casar comigo.

- E eu preciso que você volte para a realidade. - Sophia olhou ao redor da pequena cozinha, para a mesa com um café da manhã cuidadosamente preparado, e depois, finalmente, de volta para o homem que estava de pé diante dela, em busca de alguma pista. - O que está acontecendo?

Em resposta, Gavin soltou as mãos dela e se sentou em uma das cadeiras dobráveis. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e enterrou a cabeça nas mãos. - Eu estraguei tudo.

Uma sensação de empatia caiu sobre Sophia. Com qualquer outro homem, em qualquer outra circunstância, ela estaria caminhando lentamente em direção à porta, louca para ir embora. Mas aquele não era outro homem qualquer. Era Gavin Leatherwood, um homem que ela conhecia e respeitava desde que era uma garotinha. Ela apostaria a própria vida que ele era tão sensato quanto um homem poderia ser. Ele estava apenas esgotado pela tristeza por causa da doença do avô. Isso era compreensível, pois Jonathan Leatherwood, ou só Vovô Jonny, era um homem tão bom quanto Deus poderia criar.

Sophia puxou uma cadeira e se sentou do lado de Gavin. Com hesitação, ela tocou no ombro dele, e, quando ele levantou a cabeça e olhou nos olhos dela, ela viu a devastação da mágoa. O coração dela sentiu a dor dele. - Vamos começar pelo começo. O seu avô pensa que você está noivo.

Gavin se endireitou e se virou para ela. Ela tentou ignorar o efeito que a proximidade dele tinha nela. Era como uma força magnética que a atraía para ele. Ela tinha sentido isso na noite anterior, no restaurante, no momento em que o viu.

- Sim. Ele pensa que estou noivo. Com você, Sophia.

- Comigo? Mas como? Por quê? - Ela mal sabia como articular as perguntas que voavam pela sua mente. A parte racional do seu cérebro ordenou que ela simplesmente parasse tudo e fugisse dos apuros em que isso certamente iria se transformar. Mas a outra parte dela, tocada pela visível tristeza de Gavin, exigia que ela ficasse e descobrisse mais. - De onde é que ele tirou essa ideia? - Ela ficou sentada quieta por um momento. - Nós não vimos um ao outro desde que éramos praticamente crianças. Quem é que poderia ter dito a ele algo tão absolutamente maluco?

Gavin a encarou. - Fui eu.

Sophia só conseguia ficar olhando. Ela se sentia como se tivesse entrado no meio de um filme de besteirol e não conseguia sair da trama.

- Primeiro, deixe-me pedir desculpas por lidar com isso de uma forma tão ruim -, disse Gavin. - Comece pelo começo -, exigiu Sophia. Ela olhou o relógio.

- Daqui a uma hora eu tenho uma reunião da qual tenho que participar sem falta, e acho que você tem que ir para a escola. Então vá direto ao ponto.

Gavin respirou fundo e soltou o ar. - O câncer do Vovô foi um golpe muito duro para todos nós, talvez não deveria ter sido por causa da idade dele e tudo, mas foi. Ele é o coração da nossa família, e sempre foi.

Sophia concordou com a cabeça. - Continue.

- Então todos temos feito tudo que podemos para tornar os últimos dias dele conosco tão tranquilos e felizes quanto possível. Na semana passada, nós celebramos os quinze anos da minha sobrinha Tess, foi uma noite maravilhosa e todos estavam felizes, principalmente o Vovô. Eu estava apenas batendo um papo com o Brian e ouvi o Vovô contando à tia Betty que ele só lamentava uma coisa. - Ele fez uma pausa e olhou nos olhos dela. - Você consegue imaginar isso? Ter uma vida tão longa e só lamentar uma coisa?

Te prometo - Gavin Leatherwood Onde histórias criam vida. Descubra agora