Capítulo: II

42 4 0
                                    

    'Antes eu achava normal essa sensação, já que temos muitos clientes nos observando enquanto trabalhamos, mas então por que eu sinto que isso está ficando cada vez mais estranho?'-Penso.

Sinto olhos nas minhas costas novamente, mas quando procuro pelos olhos que tanto me fitam, não os acho de jeito nenhum. É compreensível que haja muitos fregueses durante esse horário de expediente, mas eu nunca tinha sentido algo assim em todos esses anos em que trabalho aqui. Sei que alguém me observa mas não sei quem. Tento ignorar novamente esses pensamentos incômodos. Logo sinto a mesma sensação e me viro rapidamente procurando mas, novamente, não os encontro.

    Tenho minhas suspeitas de quem seja, mas ainda assim, é incomum tal sensação e não tenho cem por cento de certeza que são eles as pessoas que vivem me observando. Suspiro novamente, dessa vez, definitivamente voltando ao trabalho, ignorando tudo à minha volta.

    Ainda me pergunto o porquê daquele apelido especificamente naquele dia. Como ele sabia daquele apelido? Não é possível. É umas das poucas coisas da qual me lembro de minha infância. Não teria como alguém saber.

    Sou tirado dos meus pensamentos por meu dispositivo apitando no bolso do avental, sinalizando que uma mesa está pronta para fazer seu pedido. Em seguida, tiro a poeira das minhas roupas e vou atender os clientes.
Hoje estou trabalhando sozinho na cafeteria pois Chifuyu tem aulas durante a tarde, enquanto eu tive somente na parte da manhã.
Logo chego na mesa 4 e me deparo com o mesmo cara de antes, aquele alto, de cabelos negros e voz aveludada. Então, paro em frente à mesa.

-Boa Tarde, senhor! Já está pronto para pedir?-Digo com um breve sorriso educado no rosto.

-Sim, gostaria de pedir uma dose de um atendente esbelto de cabelos encaracolados com olhos de oceano, por favor?-Responde o mesmo me fitando com seus intensos olhos escuros, mais sedutores que o próprio diabo.

Suspirei levemente em surpresa e vergonha.

'O que será que ele quer comigo?'-Penso atordoado.

Por que um homem tão bonito está dando em cima de um barista como eu? Claro, eu tenho olhos e sei que sou bonito de certa forma mas ainda não entendo. Nesse caso, olhei bem nos seus olhos e respondi:

-Infelizmente não temos isso no cardápio, senhor. Terás que pedir outra coisa"-Rebati com um sorriso sínico desta vez.

Não quero que brinquem com os meus sentimentos novamente. Logo, o moreno me olhou e soltou uma leve risada, seguida de um suspiro.

-Então vou ter que pedir um Latte e um dorayaki para levar-Diz com o mesmo sorriso nos lábios- e que sorriso.

Corei levemente mas me recompus imediatamente, não caio mais nessa!

-Seu pedido já vai vir, senhor-Respondo, novamente, me curvando, saindo rapidamente antes que o mesmo pudesse dizer qualquer outra coisa.

    Será que é ele quem me observa? Não sei o que pensar. Talvez isso seja coisa da minha cabeça. Só porque foi a primeira vez que alguém deu em cima de mim, não quer dizer que ele fique me observando como um Stalker de longe, certo?

-

    'Não consigo parar de pensar em você, Mitchy. Queria tanto que se lembrasse'-penso, suspirando cansado.

Olhos de OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora