Caio Luccas e Karina Melo.
Dois corpos, uma história.
A história de Caio é muito parecida com a de muitos crias de periferia, onde ele cresce em um cenário do crime, rodeado pelo tráfico, pelas drogas e pelo medo das autoridades. No entanto, um dia...
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⁰⁸·⁰⁴·²⁰²³ ᴿⁱᵒ ᵈᵉ ᴶᵃⁿᵉⁱʳᵒ
Se eu falar que dei uma entrevista 'cês acreditam? Nem eu acreditaria.
Acabei de ser entrevistado por uma moça da Globo.
São duas da tarde, 'tô esperando porque o próximo a se apresentar vai ser eu. Tá rolando um festival de rap e trap e eu fui chamado. Uma grana alta pra fazer o show de hoje.
'Cê é louco, sabe aquele momento da sua vida que você não acredita que é aquilo mesmo que tá acontecendo? 'Tô nessa aí.
Tem simplesmente trinta mil pessoas aqui pra me assistirem nesse lugar. Eu 'tô num camarote, vendo outros cantando. Agora é o Lennon que tá na voz, o cara é um ídolo, papo reto.
— Em trinta minutos o show dele acaba e você entra. — Alguém da produção me avisa.
— Jaé. — Assinto sem tirar os olhos do palco.
A galera entrando na vibe de cada música dele, nas românticas, nas animadas, isso me enche os olhos, fico louco.
Tiro o celular do bolso filmando, querendo mostrar pro meu pai depois.
Se passam uns minutos e quando me dou conta já está quase na minha hora então saio de fininho andando até o meu camarim.
Minha equipe naquela agitação e nervosismo por pura concentração, eu tiro uma água do freezer e bebo pra dar uma molhada na garganta.
— Ae DJ, quando tu ver que eu vou falar, pode tirar o autotune sem medo. Mó' estranho falar com a voz igual de um robô. — Peço pra ele que dá risada assentindo.
— Certo chefe. — Diz.
"Chefe" não cola bem pra mim mais, porque acaba me lembrando dos aviãozinho, de todo mundo lá do movimento, tá ligado?
É, fico até sem graça, papo.
Olho pro relógio digital no meu pulso vendo os segundos se passarem.
— L7 saiu já, agora é intervalo de dez minutos pra galera dar uma respirada. — O Léo avisa.
— Vamo' no camarim dar um salve nele, pode? — Pergunto e ele assente, falando pro Ct ir comigo.
Saímos do meu espaço e na mesma hora ele tá vindo pelo corredor.
— E aí, Caio! Fala tu meu bom, como é que é? — Ele chega me cumprimentando assim que me vê.
— Caraca eu não vou me acostumar com isso nunca, papo reto! — Fico animadão logo. — Satisfação, L7, tu é um ídolo pra mim, sei nem o que falar. Parabéns pelo show, tu é o brabo!
— Ah, fala isso não pô! Que isso, eu que fico feliz, tua história é exemplo pra muitos, papo dez! — Ele diz. — Tu que vai cantar agora né? Vou pro palco contigo, tá podendo?
