capítulo 2

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Freen

Olho em meu celular e vejo que ainda era 12:45pm. Suspiro frustada ao pensar que ainda faltava quatro horas para que eu pudesse estar em casa.

Ao contrário do que muitos pensam, não é porque você é considerada nerd que automaticamente você ama ir para a escola e ficar quase oito horas dentro de uma. Eu sou um bom exemplo disso, odeio vir a escola mas tenho uma enorme facilidade em aprender qualquer matéria.

Talvez seja a minha falta de socialização que me faz odiar estar em um lugar repleto de pessoas totalmente diferentes de você? Talvez sim.

Pego minha mochila e saio da sala assim que o sinal para o almoço bate, vou em direção ao meu armário e coloco minha mochila dentro da pequena caixa de metal, pego meu dinheiro, coloco meus fones e coloco uma música para tocar, coloco meu celular no bolso traseiro de minha calça, abaixo a cabeça e vou em direção ao refeitório para comprar um ou dois pedaços de pizza para comer.

Depois de pegar dois pedaços de pizza e uma latinha de refrigerante, me sento na única mesa vazia e coloco meu celular ao lado da bandeja, aumento ainda mais a música e pego o primeiro pedaço de pizza.

Meus olhos percorrem o refeitório e vejo todos os grupos separados. Nerds em uma mesa, pessoas do time que não eram tão populares em outra, pessoas normais em outra, os populares na mesa no meio do refeitório e vejo Rebecca sentada entre Bryan e Bryana. E por fim, a mesa dos invisíveis que no caso somente eu estava nela.

Apoio meus braços na mesa e a tela de meu celular acende mostrando que havia chego uma mensagem.

- Mãe: está comendo? Vi que você apenas bebeu um copo de leite antes de sair.

Solto um pequeno sorriso e dígito com minha mão livre que não estava usando e então desligo a tela do celular novamente. Abro a pequena lata de refrigerante e dou um gole logo em seguida.

Percebo um olhar sobre mim e sinto todo o meu corpo ficar tenso no mesmo instante.

Odiava que alguém me olhasse.

Discretamente procuro quem estava me encarando e vejo duas orbes castanhas me olhando com curiosidade. Mesmo eu tendo a pego me encarando, ela continua me olhando fixamente e isso me deixa ainda mais desconfortável.

Trato de comer um pouco mais rápido assim que sinto que ela para de me olhar quando Hailee diz algo chamando sua atenção e dou um último gole na lata vazia, me levanto e pego meu celular o colocando em meu bolso novamente, jogo a latinha no lixo e coloco a bandeja sobre outras que estavam ao lado do lixo.

Novamente abaixo minha cabeça e vou em direção ao bebedouro mais próximo, me curvo e aperto o botão azul que tinha escrito "gelado" e dou um gole, no segundo eu dou um rápido bochecho na esperança de tirar qualquer resquícios de comida presa em meu aparelho.

- Você fica sozinha? - minha postura se torna tensa no instante que ouço a voz rouca com sotaque britânico ao meu lado e levanto meu olhar vendo Rebecca parada do lado do bebedouro me olhando com curiosidade.

- O que? - pergunto franzindo o cenho e ela cruza os braços.

- Sozinha, sem amigos. - explica e eu dou de ombros.

- Sim e acho melhor você não ficar falando comigo. - aviso começando a andar em passos apressados a deixando sozinha mas ela começa a me seguir.

- Porque?

- Você quer me meter em problemas? - a olho brevemente e paro na frente do meu armário para pegar minha mochila e ir para a sala que eu teria aula.

- Por que eu te meteria em problemas?

- Porque eu passei os últimos três anos tentando ao máximo passar despercebida pelos populares e agora no seu primeiro dia aqui, você já está entrando no grupinho deles e se me virem falando com você... Minha invisibilidade acaba. - explico empurrando a porta para entrar.

- Você anda muito rápido. - finge estar ofegante e a encaro séria, ao ver que não conseguiu me fazer rir ela arruma sua postura e volta leva uma de suas mãos até seu cabelo e o joga para o lado - Oh, você realmente está falando sério... Por que quer ser invisível para eles?

- Se você puder me ignorar e fingir que eu não existo... Irei te agradecer imensamente. - sorrio nervosa indo para o fundo da sala e Rebecca fica na porta me olhando com uma expressão confusa.

- Tudo... Bem? - murmura confusa e vira os calcanhares para sair da sala.

Abaixo novamente minha cabeça na mesa ao ouvir a porta se fechando e aperto meus lábios percebendo o motivo de eu não ter amigos.

- Seu nome é Freen, estou certa? - levanto minha cabeça novamente e vendo com a cabeça para dentro da sala. Me limito a afirmar com a cabeça e ela sorri - Certo, tchau Freen. - acena com um tom divertido e fecha a porta ao tirar a cabeça de dentro da sala.

Pego um chiclete em minha bolsa e o coloco em minha boca mas segundos depois eu me arrependo profundamente por ver que ele era muito mole e iria enroscar no aparelho.

Odeio usar isso.

Me sento em baixo de uma árvore que ficava no meio do gramado perto do estacionamento da escola. Arrumo meus óculos e fico observando as pessoas correndo para pegar seus carros, desde caríssimos a os mais simples.

Vejo Rebecca andar em disparada para uma picape Toro branca. Ela abre a porta traseira e coloca sua mochila lá e fecha a mesma no instante seguinte, Rebecca mexe no cabelo e pega seu celular começando a digitar rápido.

Meus olhos ficam fixos na garota que usava uma calça branca com uns rasgos no joelho, uma blusa na cor preta soltinha que ia até sua cintura. Rebecca tinha algumas pulseiras de pano em seu pulso esquerdo e alguns anéis dourados em sua mão direita. Na mão direita havia apenas um que estava em seu polegar. Ela usava um coturno que estava desamarrado.

Com essa observação, além de chegar a conclusão que Rebecca era linda e que meu grau estava bom pois ela estava a uma distância consideravelmente longe.

Desvio meu olhar ao ver seus olhos pararem sobre os meus e fico encarando qualquer coisa a sua volta, menos ela. Consigo ver vagamente que ela esboça um pequeno sorriso antes de entrar na picape e dar partida.

Assim que ela sai eu vejo o carro de meu pai estacionando a poucos metros a minha frente. Pego minhas coisas e ando rápido até seu carro entrando no banco do motorista.

- Olá papa. - me inclino para beijar sua bochecha e ele sorri.

- Olá querida, como foi a escola? - pergunta saindo de frente da escola e eu suspiro.

- Foi como os outros dias... Chata. - tombo minha cabeça para trás fazendo um pequeno drama enquanto coloco o cinto de  segurança e solto minha mochila nos meus pés.

- Sua mãe precisou ficar no serviço e como sempre, e eu não tenho tempo para cozinhar, então pensei em irmos naquele restaurante mexicano. - sugere depois de rir do meu drama e eu esboço um sorriso.

- Eu não me importo de irmos lá. - falo me ajeitando no banco e meu pai afirma com a cabeça sorrindo - Papa, eu estava pensando... Será que não tem um lugarzinho na oficina para eu trabalhar? - pergunto sugestiva - Estava querendo juntar um dinheiro para comprar meu primeiro carro. - olho para meu pai que tinha uma sobrancelha levantada.

- Quer trabalhar na oficina concertando carros comigo?

- Claro!

- Eu e o meu sócio iremos pensar nessa proposta. - fala e eu sorrio.

𝚂𝚊𝚢 𝚖𝚢 𝚗𝚊𝚖𝚎 Onde histórias criam vida. Descubra agora