Capítulo 4

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— Do que você está falando? — Perguntei, com a voz trêmula.

— Disso, Stella. — Ele me mostrou o celular e eu vi as conversas com o Max.

As mãos dele tremiam de raiva e eu gelei.

As conversas com meu ex cruel. Eu mandei elas para um homem que eu nem conhecia direito.

Um arrepio gélido percorreu minha espinha ao notar que Peter havia descoberto as mensagens que meu ex havia me enviado.

Seus olhos, outrora serenos, agora ardiam com uma ira palpável, uma chama que ameaçava incendiar o ambiente.

— Por que você não cuida da sua vida, hein? Ela é tão desinteressante assim? — Questionei.

Ao me deparar com seu olhar furioso, minhas sobrancelhas se contraíram, uma expressão de irritação e defesa marcando meu rosto.

Contudo, naquele momento, eu sentia uma necessidade urgente de proteger não apenas a mim mesma, mas também a Summer, cuja vida ele mal conhecia.

— Que porra, Stella. — Ele balançou a cabeça e leu as mensagens de novo.

A intensidade da raiva nos olhos do Peter refletia, de certa forma, minha própria indignação diante da intrusão indesejada.

— Cuida da sua vida. — Falei de novo.

— Se você não quisesse que eu me metesse, você não tinha enviado essa merda para mim. — Ele sussurrou, ao ver que algumas crianças encaravam a pequena discussão.

— Foi sem querer. Era para a minha irmã.— Retruquei.

— Por que você deixa isso acontecer? — Ele apontou para a conversa e eu fiquei em silêncio. — Isso é humilhante, porra. Para você e para a sua filha.

Balancei a cabeça e olhei no fundo dos olhos dele.

— Não fala sobre a minha filha. Você não sabe nada sobre ela. — Apontei o dedo para ele. — Ela só queria um pai e eu já me culpo o suficiente por não ter conseguido dar um pai bom para ela. Então, você não tem o direito de me julgar.

Ele ficou em silêncio e me encarou com firmeza.

— Você não sabe o que é engravidar com dezesseis e ser humilhada pelo namorado. Ser vítima de bullying na escola e todos os seus amigos virarem as costas para você. — Sussurrei irritada.

— Não, eu não sei. — O Peter negou com a cabeça.

— Eu tive que me desdobrar para conseguir dar o melhor para a minha filha, que hoje é a maior conquista da minha vida. — Continuei falando. — Levou tempo até eu aceitá-la. Até eu entender que ela não tinha culpa das minhas más escolhas, eu desprezava a gravidez. Eu me desprezava. Eu me machucava. Eu nos odiava.

Confessei e fiquei em silêncio ao perceber que eu estava desabafando com um estranho.

— Você pode falar. — Ele se ofereceu para me ajudar e eu neguei. — Stella.

O Peter chamou o meu nome, quando eu evitei o seu olhar.

— Não fala comigo sobre isso. — Saí de perto dele e fui até o parquinho. — Summer, está na hora de subir e tomar um banho.

Chamei e ela desceu do escorregador, acenando para as outras crianças que estavam brincando com ela.

— Estou toda suja, mamãe. — Ela riu.

Conforme nos afastávamos do parquinho, a mãozinha da Summer ainda segurava na minha, pude sentir não apenas a alegria efervescente dela, mas também a tensão que pairava no ar.

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⏰ Última atualização: Jan 21 ⏰

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