9: tensão.

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— Ei, Jeongin! Tudo bem com você? — Hyunjin andava um pouco na frente de Seungmin.

O clima estava agradável, sem chuvas ou muito sol. As árvores balançavam levemente com o vento, a claridade não era muita e as nuvens no céu não denunciavam chuva para mais tarde. Talvez para os próximos dias.

Ótimo para um piquenique na beira da ponte.

Hyunjin segurava uma sacola com alguns doces e salgadinhos na mão, já Seungmin estava com um pouco de ração para gato. Eles se aproximaram lentamente, mas Jeongin nem sequer os olhou. Acharam estranho, já que nas últimas duas semanas ele sempre os olhava. Era um progresso, afinal.

Repararam, um pouco de longe, que ele estava com a cabeça baixa e as mãos cobrindo os olhos. O movimento de seu tronco indicava que a respiração estava descontrolada. Seungmin e Hyunjin, assim que perceberam, não demoraram a se aproximar dele, claramente preocupados, mas não tocaram um dedo sequer.

A visão era de partir o coração: Jeongin estava com uma camiseta de manga curta e isso evidenciava seus braços, dos quais eram completos por cicatrizes antigas e profundas. Além dessas, haviam alguns cortes recém-feitos, o que só preocupava ainda mais Seungmin e Hyunjin. Suas mãos tremiam tapando os olhos e as gotas que escorriam pelo lado delas denunciavam o choro intenso, que provavelmente já durava longos minutos em que ele passou sozinho ali. Nas pernas, uma bermuda que cobria suas coxas. Merda, haviam cortes até em seus calcanhares.

— J-Jeongin? — foi tudo que Seungmin conseguiu murmurar quando o choque atingiu seu corpo.

Ninguém disse nada depois disso. Estavam com receio de tocarem ele, pois podia se tornar uma situação ainda mais desconfortável para todos presentes. Por cerca de vinte segundos a única coisa a ser ouvida eram os soluços altos e a respiração acelerada de Jeongin, até que ele se virou e desceu da muretinha. Sem sequer pensar, puxou os dois para mais perto e os abraçou, causando ainda mais choque.

Oh, merda, eles não sabiam o que fazer.

Mesmo sem ter muita certeza que podia, Hyunjin o abraçou com força, permitindo que chorasse a vontade em seu peito. Seungmin, após ver isso, fez o mesmo. Estavam meio confusos, mas não podiam negar que uma felicidade começava a brotar em seu interior. Era a primeira vez que Jeongin permitia o toque deles. Primeira vez que Jeongin começava o toque com eles. Isso os confortava, mas também preocupava.

Os três sentaram no chão com Jeongin no meio e cada um segurou uma de suas mãos. O silêncio ainda era meio constrangedor, ninguém sabia o que dizer ou fazer direito.

Passaram-se minutos, o choro havia acabado, mas ele ainda estava com a respiração desregulada e mãos trêmulas. O corpo inteiro estava tensionado, sem um momento sequer para relaxar. Seungmin apertou ainda mais a mão dele enquanto Hyunjin começava um cafuné fraquinho.

— Tá tudo bem, a gente tá aqui com você — Hyunjin tentava manter-se calmo.

Seungmin olhou em volta, então deitou a cabeça no ombro de Jeongin.

— E não vamos te forçar a contar nada.

Talvez o piquenique deva ficar para depois, afinal.

[...]

Duas semanas se passaram, mas ainda não haviam contado seus sentimentos para Jeongin. O momento perfeito não havia chegado ainda, e essa era uma das poucas coisas que os dois concordavam.

Quanto mais se aproximavam da ponte, mais confusos ficavam, afinal, ainda não haviam avistado o corpo de Jeongin ali sentado, com uma coroa de flores na cabeça e a fita amarela amarrada no pulso. Todos os dias estava ali da mesma maneira, não seria esse um dia diferente, não é? Não sabiam se estavam loucos ou se ele realmente não estava sentado ali.

O garoto na ponte. | 3inOnde histórias criam vida. Descubra agora