ᴘʀᴏʟᴏɢᴏ

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Coisas estranhas acontecem com pessoas estranhas, era isso que Aude dizia a si mesma, desde um cachorro correndo atrás de uma criança no parquinho até uma senhora de aparência amável invadir sua casa e tentar te matar

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Coisas estranhas acontecem com pessoas estranhas, era isso que Aude dizia a si mesma, desde um cachorro correndo atrás de uma criança no parquinho até uma senhora de aparência amável invadir sua casa e tentar te matar. Já avistara várias coisas que, quando contadas para os outros, alegavam que você necessitava de ajuda psiquiátrica. Uma vez no supermercado, jurara de pés juntos que viu, através da vitrine de saída, um cão de três cabeças deitado no estacionamento. Todos riram quando a menina documentou a história.

Sua própria mãe cansou de sua imaginação doentia e simplesmente decidiu ir embora, deixando a menina com o irmão mais velho, Beau, no apartamento vizinho. Ela tinha apenas cinco anos. Beau como todo adulto, precisava trabalhar, porém, não tinha quem tomasse conta da pequena menina, então o homem recorreu à senhora que morava no fim da rua, quase do lado do seu escritório. — São apenas algumas horas, eu prometo trazer chimichangas do restaurante do senhor Olivaras para senhora. — garantiu o pai da garota — Apenas não a deixe brincar sozinha no quintal, por favor.

O pedido do homem foi em vão, logo que ele saiu da casa. A velha senhora Jones acabou pegando no sono na poltrona da sala de estar, então a pequena Aude viu nisso uma oportunidade de escapulir para brincar com os gatos no jardim dos fundos. Ela se esquivou pela portinhola da cozinha, estava um dia tão bonito, nem percebeu quando o monstro chegou. Em um momento, ela estava brincando com os pequenos felinos e, no outro, estava sendo levada às pressas ao pronto-socorro mais perto.

A sorte da pequena Aude era que a janela do escritório de Beau era de frente para o jardim da velha senhora Jones, então o pai da garota percebeu quando ela se esgueirou sorrateiramente pelo jardim. Quando voltaram do hospital, o diagnóstico tinha sido deduzido como perda de 80% da audição esquerda. O médico culpou os gatos, disse que eles poderiam ter se assustado com a menina e atacado a mesma. O pai, por outro lado, sabia que não tinha sido um simples gato, mas ninguém acreditaria nele se saísse por aí falando que o que tinha deixado a filha parcialmente surda, teria sido uma mulher com asas de couro e garras. Ele é quem seria taxado de maluco!

A partir daquele dia ele tomou um cuidado extra com a menina, pediu uma licença no trabalho para trabalhar de casa, assim poderia ficar com todos os olhos em cima da garota, instalou câmeras em todos os cômodos, grades nas janelas, comprará livros e briquendos para a menina se divertir dentro da casa, saia com ela apenas para passeios e consultas medicas.

Mas como todas as crianças, Aude não era diferente, houve uma hora que a menina precisou ser matriculada na escola, porém o telefone tocava muitas vezes, não que ela fosse uma criança difícil, mas tinha o temperamento forte, então arrumava brigas facilmente, assim fora expulsa de seis escolas num raio de 30 quilômetros de casa.

Com as inúmeras encrencas da menina, veio também os relatórios da psicologa, TDAH — transtorno de déficit de atenção e hiperatividade — mas uma diferença na vida de Aude, o pai então decidiu que contratar professores particulares para a menina era a melhor opção, assim 

foram seis professores embora aos berros.

O tempo foi relativo para a menina, assim se passaram vários anos, apenas ela e o pai, todos os momentos mágicos vividos, as lembranças sempre vividas na cabeça da menina, as histórias contadas, os arsenais dentro de casa, o pai estudando os monstros que atacavam a filha e como se proteger. Aude estava bem dentro do possível, bom assim se achava.

A noite do dia 23 de setembro chegou, junto de uma frente fria, estava em uma das épocas que devia estar mais calor na cidade, o tempo estava realmente maluco, o pai preparava um bolo de chocolate para o aniversário de 12 anos da menina, ela pintava um quadro na tela que ganhara do pai no natal passado, não tinha como aquele dia ser ruim, oh como ela estava enganada!

Foi durante a noite, quase no fim do dia, que um homem de estatura grande tocou a campainha do apartamento, dissera ao pai da menina que estava com muito frio e fome. Aude desconfiou assim que o homem apareceu. Ninguém estaria na rua a um horário desses, o pai, por outro lado, deixou o senhor entrar.

Ela sabia que tinha algo de errado com o homem, ela nem sequer tremia para uma pessoa que disse estar com tanto frio, foi em um momento de relance que Aude enxergou o sorriso afiado do homem, ele era um dos monstros que tanto aparecerá nos seus sonhos.

Deslizando cuidadosamente até o escritório do pai, puxou o tapete que cobria a escotilha no chão, puxou a caixa, bronze celestial, seu pai havia estudado durante anos para preparar essas armas, dissera a menina que só usasse em momentos que achasse de extrema urgência, aquilo era de urgência, não era?

Ela estava terminando de guardar a caixa de volta ao lugar quando escutou o primeiro grito, depois disso parecia que as coisas estavam sendo quebradas por toda sala, ela saiu correndo do escritório, a cena era de embrulhar o estomago, o homem agora tinha dentes afiados e garras, escorria sangue por suas mãos, o corpo do pai da garota havia sido arremessado em um canto qualquer da sala, horrorizada com a cena, a garota segurou o punhal com tanta força e correu em direção o monstro, não se sabia de onde tinha tirado tamanha coragem e força, mas ela saltou em direção ao pescoço do monstro, ela mirou o punhal na lateral do pescoço e enfincou ali a arma, o ser se desfez em poeira.

A menina chorou por horas sem parar, até pensou em ligar para a emergência, mas o que diria a eles, que seu pai foi atacado por um monstro que queria matar a ela? Ninguém acreditaria, ainda mais com seu histórico de briguenta, poderiam muito bem-dizer que ela teve um surto psicótico e matou o próprio pai, o melhor que Aude pensou em fazer foi fugir, pegou uma mochila media que o pai guardava no armário da dispensa, encheu de lanternas, comida, água e algumas trocas de roupa, foi até o arsenal do pai e pegou de lá, um punhal, uma adaga e uma navalha. Andou em direção ao guarda-roupa do pai, pegou de lá um colar que era de sua mãe biológica, um relógio que o pai usava todos os dias, e uma jaqueta de couro que ficava enorme na menina, mas ele amava tanto aquela jaqueta.

Depois daquele dia, Aude jurou se vingar do causador de toda aquela dor, nem que isso custasse sua vida.

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© GHOTICLAW, 2024

𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ↬ 𝐋𝐔𝐊𝐄 𝐂𝐀𝐒𝐓𝐄𝐋𝐋𝐀𝐍 Onde histórias criam vida. Descubra agora