RIKI saiu de casa após receber o endereço da casa do Kim e avisar que já estava indo buscá-lo, sem dizer a ele que seu transporte seria uma bicicleta — o garoto o mataria, com toda certeza. A casa de Sunoo não era tão longe da sua, apenas três quarteirões; porém o bairro do Kim era de pessoas ricas, o que deixava o japonês apreensivo sobre ser visto ali por alguém da escola.
Estacionou sua bicicleta em frente a casa de número 58 e seguiu até a porta de entrada, onde tocou a campainha e aguardou ser atendido. Mas o que não esperava era que, quem iria abrir a porta para si não seria Sunoo, e sim um homem de aparência mais velha e um pouco mais baixo que si. E ele o encarou de sobrancelhas franzidas, fazendo o Nishimura engolir a seco.
— O que deseja? — o homem perguntou, sua voz era assustadora.
— Aqui não é a casa de Kim Sunoo? — tentou não gaguejar em nenhuma momento, mas ainda sim sua voz saiu pouco trêmula.
— Sim, eu sou o pai dele. — cruzou os braços. — Quem é você?
— Eu..
— Papai! — a voz de Sunoo fora ouvida e o mais velho mudou sua atenção para o filho. — O senhor não estava em reunião no seu escritório?
— Já acabou faz vinte minutos. — respondeu o mais novo. — Quem é esse rapaz?
Riki engoliu a seco.
— É um amigo meu, papai! — caminhou até o maior e grudou em seu braço. — Ele se chama Riki.
— É um prazer, senhor. — sorriu sem jeito e ergueu a mão na direção do homem, que rapidamente apertou com um sorriso.
— Amigo, é?
— Papai! — Sunoo corou intensamente e empurrou o japonês para que saíssem logo. — Volto antes do senhor pegar no sono!
— Não precisa vir cedo! Pode aproveitar com seu amigo! — gritou para o filho antes de fechar a porta.
— Desculpa por..
Sua fala morreu quando viu a bicicleta parada a sua frente.
— Não.
— Sim.
( . . . )
SUNOO desceu da garupa e cruzou os braços vendo o japonês travar a bicicleta, logo os dois já estavam dentro do cinema e foram direto ver os filmes que estavam no catálogo.
— Vamos assistir Crepúsculo! — Sunoo deu a ideia, Riki fez careta.
— Nam! Vamos ver Shazam! — apontou para o herói de papelão que estavam perto.
— Esse filme é horrível!
— Crepúsculo que é ruim.
— Eu já tive que vir na garupa de uma bicicleta até aqui, nós vamos assistir Crepúsculo sim! Ou você prefere uma bicicleta com pneus furados? — cruzou os braços e bateu o pé no chão.
Riki suspirou e saiu de perto do Kim, fora até a cabine onde vendiam ingressos e comprou dois para Crepúsculo, voltando até onde o mais velho estava e entregando um dos ingressos na sua mão.
— Isso! — sorriu largo e deu alguns pulinhos enquanto seguia o maior até a sala de cinema.
Entraram lá e viram que não tinha muitas pessoas, logo optaram por sentar nas poltronas do meio. Haviam comprado pipoca e refrigerante na entrada, então estavam — ou não — satisfeitos. Sunoo não escondia o sorriso de felicidade por ter feito o Nishimura aceitar assistir aquele filme, mas no fundo se sentia mal por ele não estar aproveitando bem.
Uma cena obscena começou no telão, onde os protagonistas estavam em sua lua de mel, fazendo Sunoo ficar mais hipnotizado com o filme, enquanto Riki tentava não olhar muito para a tela e ver aquelas cenas. E durante a distração do Kim, o maior acabou notando melhor como o rapaz estava e sorrindo bobo.
O menor vestia uma calça jeans azul clara, um tênis allstar branco, uma camiseta também branca e com um urso e diversas flores no meio dela, também vestia uma jaqueta azul escuro. Tinha um pouco de maquiagem em seu rosto, notou quão vermelhos e brilhantes seus lábios estavam, surgindo um desejo imenso de beijá-lo. Mas não podia.
No final do filme, Riki o levou para uma sorveteria e ficaram jogando conversa fora. Sunoo pagou a conta já que o japonês havia pago tudo no cinema, e no final eles deram uma volta pela cidade e Sunoo não estava mais se importando de estar em uma bicicleta. Estava abraçado a cintura do Nishimura e sua cabeça apoiada nas costas dele; se sentia seguro.
Chegaram novamente na casa do mais velho, mas o próprio não queria entrar e sim ficar mais tempo com o japonês, o qual também tinha esse mesmo pensamento. Mas não podiam.
— Foi muito bom sair com você, Riki. — disse sorridente.
— Eu também gostei.. e pode me chamar de Niki. — sorriu pequeno. — Só quem me chama de Riki é a minha mãe quando tá brava comigo.
Os dois caíram na gargalhada.
— Tudo bem, Niki. — proferiu o nome do rapaz de forma espontânea, gostando da ideia de poder chamá-lo daquela forma.
Niki olhava para o Kim com as pupilas dilatadas, mas por estar de noite e seus olhos serem em um castanho escuro, Sunoo não poderia notar.
— Bom.. — desviou o olhar do dele. — Eu vou indo, prometi a Misora que chegaria a tempo pra jogar Uno com ela.
— Ah sim.. — o Kim sorriu sem jeito e fitou o chão. — Volta com cuidado, ok? Não fala com estranhos.
— Está bem, mãe. — brincou arrancando uma risada alta do menor. — Boa noite, Sunoo.
— Boa noite, Niki. — se aproximou para selar a bochecha do japonês, vendo o rosto dele queimar. — Até amanhã.
— Até.
Trocaram o último sorriso antes do Nishimura dar a curva com a bicicleta e pedalar pela calçada. E Sunoo ficou ali, o olhando ir embora até que sumisse de sua vista, acabando por sorrir bobo. Entrou dentro de casa após alguns minutos sentindo a brisa lá fora, encontrando seus pais sentados juntos no sofá, ambos esbanjando um sorriso no rosto. O mais novo revirou os olhos e negou com a cabeça.
— Nem pensem!
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What A Man Gotta Do
FanfictionO que um homem tinha que fazer para conquistar outro? Era isso que Nishimura Riki se perguntava todos os dias quando seus olhos batiam em Kim Sunoo, um dos líderes de torcida que mais chamava atenção dentro e fora do colégio.