CAPÍTULO 31

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4 DIAS PARA O NATAL

DIMITRI

Com a árvore enfim enfeitada, Joane colocou um filme de Natal para que Abbie possa assistir e se distrair, e sem muita surpresa, Max foi se deitar ao lado dela, o rabo balançando indicando que está feliz com o carinho que tem recebido

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Com a árvore enfim enfeitada, Joane colocou um filme de Natal para que Abbie possa assistir e se distrair, e sem muita surpresa, Max foi se deitar ao lado dela, o rabo balançando indicando que está feliz com o carinho que tem recebido. O que me espanta, é que o pato foi colocado embaixo da árvore de Natal, eu jurava que Abbie iria querer dar ao Max assim que chegasse, mas pelo visto me enganei, e ela quer entregar durante a troca de presentes.

Enquanto isso, todos se reúnem ao redor da ilha, Joane não está aceitando ajuda, garantindo que já está quase tudo pronto e só precisa ficar de olho no chester que está no forno.

— O que acham de abrirmos um vinho, enquanto aguardamos? — Todos concordamos com a sugestão. — Vou buscar um então na adega.

Lembrando da última vez, uma ideia me vem à mente.

— Harold, deixa que busco.

— Agradeço Dimitri. Rose, minha querida, ajude ele.

Olha só, nem precisei pedir, e terei a companhia dela. Não se tem como negar que Harold e Joane parecem estar fazendo de tudo para me juntar com a netinha deles.

— Está bem, vovô.

Sabendo que Rose tem um certo medo do porão, abro a porta e vou na frente, acendendo a luz e esperando por ela no final da escada. Apesar dela não ter se desequilibrado dessa vez, assim que ela está no último degrau, a puxo para meus braços, tomando seus lábios em um beijo. Como não podemos demorar, nos afastamos e vamos escolher o vinho, pegando uma garrafa de vinho Moscatel rosé e outra de Malbec tinto.

Ao chegar perto da escada, nos olhamos por um momento, e tomamos um susto com a porta batendo

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Ao chegar perto da escada, nos olhamos por um momento, e tomamos um susto com a porta batendo. Noto que ter a porta fechada deixa logo Rose inquieta, que subiu rápido para abrir a porta. Desconfio que o problema não é só com porão, e sim não gostar de lugares fechados.

— Dimitri, a porta não que abrir. — Sua voz demonstra o medo.

— Linda, desce para que eu veja se consigo abrir.

Rose desceu a escada e entreguei as garrafas para ela, subindo em seguida para olhar a porta, que está mesmo travada, por mais que eu tente e force, não consigo abrir. Ao que parece, quando bateu acabou trancando, e sendo assim, só por fora para conseguir.

— Rose, vamos ter que esperar alguém vir atrás de nós, a porta travou quando bateu e não tem como abrir aqui de dentro.

Como não tenho resposta, me viro e a vejo encostada na parede com os olhos fechados, sua respiração está forte, o que não é um bom sinal, e para piorar, noto que ela segurando a garrafa bem firme, e desse jeito vai acabar quebrando.
Preocupado com ela, desço e peguei as garrafas de sua mão, a deixando em um móvel que tem ali, então a puxei para meus braços.

— Rose, o que houve?

Ela não responde, só me abraça com força e está tremendo muito. Com certeza é uma crise de pânico.

— Calma linda, estou aqui, só respira devagar junto comigo.

Vou fazendo carinho em suas costas e mantendo minha respiração controlada para ela acompanhar. Aos poucos vou sentindo que ela está se acalmando, com o dedo levanto o seu rosto para poder olhar em seus olhos.

— Está se sentindo melhor?

— Estou sim, seu apoio e carinho me ajudou a me acalmar.

— Que bom. Pelo que pude perceber, o problema é bem maior do que apenas não gostar de porão, estou certo?

— Sim, porão já é ruim, mas com a porta fechada, eu tenho verdadeiro pavor, fico sufocada.

A crise que ela teve deixou isso bem à mostra, e a razão tem que ser algum trauma em seu passado.

— Aconteceu alguma coisa com você, que te deixou traumatizada?

— Sim, quando era pequena.

— Se quiser me contar, estou aqui por você.

— Quero sim. — A soltei um pouco e nos sentamos no degrau da escada.

— Vai no seu tempo, linda.

Ela respira fundo e seguro sua mão, seja o que for que aconteceu, a machucou muito.

— Foi quando eu tinha 8 anos que aconteceu, pouco tempo do divórcio dos meus pais ser finalizado. Naquele dia, por ser domingo, minha mãe estava em casa, mas como já era de costume, havia se trancado em seu escritório para trabalhar e deixou ordens claras para ninguém atrapalhar, e isso valia para mim.

— Você já sofria em não ter seu pai em casa, e ela ainda te tratava assim.

— Sempre tratou, o divórcio deles só fez piorar esse comportamento dela. Então depois que minha babá e a empregada saíram, se não me engano foram no mercado, eu fiquei meio que sozinha, e pouco depois começou a chover forte com muito vento, as janelas batiam com força, e assustada comecei a fechar todas, não queria a casa molhada por receio da minha mãe me culpar pela bagunça.

— Sua mãe seria capaz de te culpar?

— Na época eu sentia que tudo era minha culpa, e pensava que por isso ela não me queria por perto, e como não entendia bem a questão da traição, achava que por minha causa o meu pai tinha ido embora.

— Sinto muito, mas você sabe que não teve culpa, não é?

— Sei sim, eu era só uma criança que desejava ser amada pelos pais. Enfim, voltando ao que aconteceu, eu desci no porão para fechar a janela que tinha lá, sabia que estava aberta porque mais cedo estive brincando com a babá. Quando desci, a porta bateu igual aqui hoje, mas na hora não dei importância e fui fechar a janela, até me molhei um pouco antes de conseguir. Mas quando fui sair a porta não abria, e foi quando comecei a me desesperar, eu batia na porta gritando por ajuda, chamava minha mãe o mais alto que podia.

— Então sua mãe estava trancada trabalhando e nem sequer conseguiu te ouvir gritar?

— Queria mil vezes que o motivo fosse esse para ela não ir até mim, mas a verdade é que ela não se importou.

— Como assim, Rose?

— Eu passei horas trancada naquele porão, foi a pior chuva que teve naquele ano, era tantos raios e trovões, que chegava a tremer o porão enquanto iluminava o lugar inteiro. Estava bem assustada e me escondi atrás de um sofá velho, usando uma manta velha para me cobrir, eu tremia não só de medo, mas de frio por conta da roupa molhada. Fiquei ali chorando e torcendo para que minha mãe sentisse a minha falta e viesse me procurar.

Vendo suas lágrimas ao dizer isso, não hesitei em puxá-la para meu colo e lhe abraçar, procurando dar alguma sensação de proteção.

— Quanto tempo você ficou presa naquele porão?

— Não sei ao certo, mas foram algumas horas, acabei dormindo depois de tanto chorar. Quando minha babá chegou em casa, ela se mostrou preocupada em ter ficado muito tempo fora e só não voltou antes por causa da chuva. Minha mãe disse que não tinha problema e que eu estava dormindo em meu quarto, então elas foram cuidar de outros afazeres.

— Sua mãe nem sequer deu conta do seu sumiço, e ainda tranquilizou a babá?

— Sim, só fui encontrada um tempo depois, quando a minha babá foi descer para pegar as roupas que tinha deixado na máquina lavando, ela não conseguiu abrir a porta e pediu ajuda do nosso motorista. Nem ouvi a porta abrindo, ela contou que eu estava encolhida e até um pouco azul, então ele me pegou e levou para o quarto, onde minha babá me colocou na banheira bem quente.

— Ela cuidou bem de você, e a sua mãe, o que falou?

— Só fui ver ela bem depois, contei o que aconteceu e minha mãe falou que não era nada demais, e que eu devia parar de ficar fazendo drama por pouca coisa. E quando perguntei se ela não tinha me ouvido chamar, Janine disse que ouviu sim, mas não iria largar o trabalho super importante dela para ficar dando atenção às minhas brincadeiras, que só fiz aquilo para chamar atenção e não iria ser recompensa por isso.

Francamente nem sei o que dizer a Rose, então apenas abraço ela com mais força.Não é para menos que ela tenha medo de porão, e ficou daquele modo quando não conseguimos abrir a porta. Rose é mesmo uma mulher incrível, o tanto que sofreu ao ser negligenciada por seus pais, e ainda assim, é tão doce e carinhosa.

— Sei que já sou adulta e não tenho motivos para ter medo, e é uma bobagem ficar assim, pois estou segura aqui assim como estava naquele dia na minha casa, mas não consigo evitar.

— Não existe nada de bobagem no seu medo. E quando ficou presa, não estava segura, era uma criança sozinha e assustada presa em um lugar que por si só já causa medo em crianças, pior ainda com um temporal.

— Obrigada por entender, ao menos hoje não estou sozinha, tenho você aqui comigo.

— Tem sim, minha linda. Não precisa ter medo, estou aqui ao seu lado e não vou te soltar até que essa porta seja aberta.

O sorriso em seu rosto, mesmo que não tão aberto quanto estou acostumado, e aqueles que vi hoje mais cedo, me faz ficar melhor por dar algum apoio para ela. Talvez seja hora de dar a Rose novas lembranças de um porão, então lhe ajeito melhor em meu colo e levanto seu rosto, me aproximando devagar para beijá-la. Nosso beijo começa calmo, mas aos poucos, vamos intensificando. Ao me afastar em busca de ar, desço beijando seu pescoço, e o gemido que ela dá, mexe demais comigo.

— Rose e Dimitri, vocês estão aí? — A voz de Harold interrompe nosso momento, até havia me esquecido de onde estamos.

— Estamos sim, a porta bateu e travou.

— Certo. — Escuto a porta sendo forçada, mas sem abrir. — Irei chamar os rapazes para tentar abrir, não iremos demorar.

Não querendo que nos vejam em uma situação comprometedora, ajudei Rose a se levantar e faço o mesmo, seus olhos descem direto para minha virilha.

— Linda, assim você não vai me ajudar.

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