Cap 8 - A Carta

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Acredito que pelo menos uma hora tinha se passado quando eu terminei a carta, respirei fundo apoiando a pena na mesa.

Observei as linhas, minha letra um pouco relaxada pela maneira rápida que deixei meus sentimentos se esvairem.

Toda a raiva, toda a culpa e todo amor que eu sentia por ele ali, em um pedaço de papel.

Reli uma última vez a carta apenas para ter certeza que eu havia escrito tudo que queria.

"Ron,

Eu sempre te guardei e ainda te guardo com muito zelo, mas hoje você me partiu em pedacinhos.
Sei que para você aquele beijo possa ter sido só mais um, mas para mim não foi, porque eu queria poder escolher de quen gostar, mas a gente não manda no coração, então quando comecei a sentir aquela pequena ardência em meu peito toda vez que você sorria, toda vez que seus olhos encontravam os meus, toda vez que seus cabelos dançavam ao vento, toda vez que eu te observava distraído, eu ignorei, preferi ignorar porque não quis acreditar que eu estava me apaixonando pelo meu melhor amigo, preferi ignorar porque sei que isso poderia ser delicado, mas foi impossível quando seu corpo estava tão perto do meu, foi impossível quando você me roubou um beijo naquela noite, foi impossível quando te vi sorrir de novo.
E mesmo depois de hoje, mesmo depois de você fazer meu coração sangrar sem se esforçar, eu sei que ainda andaria no fogo por você, meu coração escolheu te amar e eu não posso resistir á isso, mesmo eu sabendo que essa não é a melhor escolha para mim.
Nesse momento eu queria gritar com você, socar o seu peito, mas também queria chorar em seus braços esperando que você me diga que vai ficar tudo bem e, principalmente, eu queria poder te beijar com toda a paixão que eu sinto aqui dentro, queria poder te sentir de novo.
Infelizmente sei que nosso orgulho é grande demais para admitirmos que estamos errados em qualquer situação, sem dizer que sei que meus sentimentos não são retribuídos por ti, eu sempre vou lembrar disso, sempre vou lembrar em como seu tom foi de repulsa apenas por alguém cogitar que nós tínhamos algo.
O que mais dói Ron, é saber que sempre e para sempre eu vou te amar.

[Nome] Clarke."

Meu peito se aparta quando eu termino de ler a carta, dói saber que na verdade ele nunca vai ter conhecimento do que está escrito nessa carta.

Dobro a carta e a coloco em um envelope, no verso está escrito "Ron Weasley", seguro as cartas com as duas mãos e observo vidrada.

Por alguns segundos penso e queimá-la, observo o fogo queimando o pavio da vela e penso em colocar a ponta da carta ali, mas não faço, nem se eu quisesse não daria tempo.

Escuto barulho vindo da escada e escondo logo a carta, enfiando a mesma por dentro do meu short.

Me deparo com um George recém acordado, seu rosro está amassado e seus olhos se abrem com dificuldade.

- Ainda acordada, Clarke? – O garoto aperta meu ombro de maneira carinhosa, enquanto passa por trás de mim.

George abre a geladeira e pega a jarra de água quase vazia.

- É o que parece. – Sorrio para ele e me levanto da cadeira. – Acabei perdendo o sono e desci um pouco pra relaxar.

- Imaginei que fosse você. – Ele sorri depois que colocou a água em seu copo. – Senti o cheiro de baunilha, suas manias nunca mudam.

- O que seria de mim sem minhas manias? – Sorrio e apago uma das velas.

- Com certeza não seria a minha esquisita favorita. – George termina de encher a garrafa de novo e coloca ela na geladeira. – Quer um gole?

As Férias Na Toca - Ron Weasley - ReescritaOnde histórias criam vida. Descubra agora